Motorola volta a investir no mercado premium: 'Tínhamos uma lacuna'

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A Motorola comemora 95 anos em setembro e busca, além de fortalecer a presença entre os aparelhos celulares intermediários, voltar à disputa no mercado premium.

Uma das iniciativas recentes foi o lançamento dos modelos Razr 40 e Razr 40 ultra, com a cantora Gloria Groove interpretando a música "Oops!...I Did it Again", sucesso dos anos 2000, em campanha criada pela agência Euphoria Creative.

Para entender mais sobre o movimento recente da marca e boom dos aparelhos dobráveis, o UOL Mídia e Marketing conversa com Juliana Mott, head de marketing da Motorola. Confira:

Os celulares dobráveis estão em alta entre os lançamentos recentes. Eles são os novos queridinhos do consumidor?

Sim. É um objeto de desejo. Nesse nosso último lançamento, viemos com um top de linha e com outro, com a tela menor, mas que responde as principais funções de usabilidade para o consumidor.

Esse movimento permite preços mais baixos e, com isso, vemos que o mercado desse formato tem crescido muito (Nota da redação: o mais barato chega a custar R$ 2.999, em alguns planos com as operadoras; o topo de linha sai por R$ 7.999). A gente começa a dar mais acessibilidade e isso tem muito do DNA de Motorola: democratizar tecnologia,

É óbvio que há o aspecto técnico, de câmera, processador e duração da bateria, mas a cor e design também tem sido direcionamentos de compra.

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O Razr 40 foi lançado em junho, chegou às lojas em julho e, com dados de 2 meses, tivemos um retorno positivo. O foco do marketing da companhia, hoje, é agarrarmos esse share de mercado, com tiers (estratégia de preços) mais altos.

De quanto em quanto tempo as pessoas trocavam seus aparelhos? Isso se tornou mais recorrente?

Juliana Mott, head de marketing da Motorola Brasil
Juliana Mott, head de marketing da Motorola Brasil Imagem: Divulgação

Sim. O mercado se tornou muito mais dinâmico. Antigamente, você tinha os lançamentos da Apple em setembro, os nossos e da Samsung em fevereiro, março com LG. Eram poucos lançamentos no ano, e muito mais marcados.

Quando o Buniac assumiu (Nota da redação: o brasileiro Sergio Buniac assumiu a presidência global da Motorola em março de 2018), aconteceu todo o turnaround da empresa como negócio e começamos a lançar produtos sem datas fixas.

Hoje, temos lançamento de produto o ano inteiro. A Samsung também está um pouco nessa batida.

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O que vimos em termos de ciclo de vida? Antes, eram mais ou menos 18 meses para o consumidor trocar de aparelho. Hoje, já está passando de 15 para 12 meses. Essa troca está sendo mais rápida.

Um fator para essa mudança foi a pandemia. Agora, as pessoas precisam de mais processador, de mais memória, porque deixou de ser um aparelho da rede social e começou a ser trabalho também. Isso exige mais do produto.

O calendário de lançamento se tornou mais flutuante. Como isso muda o trabalho do marketing? Como já pensar no futuro antes mesmo de lançar um novo produto?

Já trabalhei em outras categorias, onde a gente tinha, por exemplo, planejamento e desenvolvimento de produto de um ano, de dois anos. Mas o mercado de tecnologia, principalmente de smartphones, é muito dinâmico, é muito nervoso. É uma corrida, né? Para você ser o primeiro a lançar, a estar na frente, precisa ter essa entrega efetiva para o consumidor.

O mercado é nervosinho, mas, nesse sentido, é viciante. Agora já estamos bem acostumados a trabalhar com essa flutuação do mercado. Para fazer tudo isso acontecer, a gente precisa de uma dinâmica muito organizada.

Quais são os features que o consumidor tem procurado mais? Câmera, memória ou facilidade de manuseio?

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A gente ainda vê o fator câmera. Mas o que tem crescido muito é a usabilidade, a facilidade em usar o aparelho. Temos trabalhado muito na questão de inteligência artificial, de ser o menor número possível de cliques, o mais intuitivo possível para as pessoas.

A gente também tem investido muito no design e nas cores. Em 2022, fizemos uma parceria com a Pantone, um cobranding onde lançamos a cor do ano. Estamos usando não só a cor do ano, mas também toda a curadoria que eles fazem.

A gente já vê essa parte de cor e design como direcionamento de compra. Trazemos essa aspiração, personalidade, essa coisa mais do premium, vamos dizer assim, para a Motorola.

Essa mudança de percepção de marca, como um todo, é uma maratona. Precisa de uma campanha bacana, um produto legal, uma experiência boa. Estamos começando a fechar esse quebra-cabeça. Nosso trabalho, agora, é dar visibilidade para isso.

A Motorola investido no premium, num mercado disputado com Apple e Samsung. Como criar desejo no consumidor?

Gloria Groove foi estrela recente de campanha da Motorola
Gloria Groove foi estrela recente de campanha da Motorola Imagem: Divulgação
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Samsung e Motorola, juntos, fazem basicamente 80% do mercado (Nota da redação: A Motorola fechou com 31% de participação nas vendas de celulares em julho, segundo dados da GFK obtidos pela reportagem).

Na verdade, com o Moto G, a gente inaugurou um segmento intermediário - e, dentro dele, a gente tem um share extremamente alto.

A partir daí, olhamos para onde poderíamos crescer como marca. Há algum tempo, tínhamos o Moto X, o Moto Z, que faziam parte desse segmento mais premium. Por questões de estratégia de empresa, acabamos deixando esse portfólio de lado. Ali, então, tínhamos uma lacuna para o consumidor.

Esse retorno não acontece da noite para o dia, mas estamos conseguindo realizar esse movimento, agora com o (modelo) Razr. Nosso trabalho, agora, é falar de nostalgia, mas também alcançar o público da geração Z.

É preciso resgatar a Motorola para aquele consumidor lá de trás, mas também me apresentar com uma marca de atitude, com DNA de credibilidade e inovação.

É um movimento muito ousado da marca - mas, ao mesmo tempo, é o que se espera da Motorola. Isso é o que faz a marca ficar viva.

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