Apagão cibernético afeta mercado: Bolsa e dólar têm dia de sobe e desce

Mesmo com a Bolsa de Valores de São Paulo não sendo diretamente afetada, o apagão cibernético que teve consequências no mundo todo causou um sobe e desce no pregão desta sexta-feira (19). Em alguns momentos, a Bolsa operou em leve alta, que foram intercalados com instantes de baixa. No final, o Ibovespa terminou o dia quase no zero a zero, com baixa de 0,02%, a 127.625,84 a pontos, conforme dados preliminares.

O dólar, que ficou o dia todo em baixa, virou e foi para o negativo no final da tarde, fechando o dia em queda de 0,30% a R$ 5,604.

O que está acontecendo?

Não fosse o apagão, o dia tinha tudo para ser positivo. O anúncio do congelamento de R$ 15 bilhões no orçamento federal deste ano para cumprir o arcabouço fiscal deixou os investidores mais tranquilos.

Mas o apagão provocado por uma falha global no sistema da Microsoft estragou a festa. Operadores do mercado financeiro do Oriente ao Ocidente foram afetados, ficaram sem sistema e funcionários de bancos, incluindo JPMorgan e Bank of America, acabaram sendo dispensados mais cedo, nos Estados Unidos e Europa.

Sem dúvida o dia de hoje não seguiu qualquer racionalidade. O apagão tomou conta e no decorrer do dia quando se percebeu que não se tem conhecimento da extensão dos danos o mercado foi mudando a sua tendência que era de queda e passou a ter essa alta
Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio

A alta do dólar ocorreu no mundo todo, segundo Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank. "A notícia do contingenciamento de despesas não foi suficiente para conter essa alta do dólar na maior parte dos países emergentes", diz ela. A alta, segundo ela, também foi motivada pelas incertezas em relação às eleições americanas.

Aqui, o governo federal havia anunciado o congelamento de R$ 15 bilhões no orçamento para este ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divulgou na noite de quinta-feira (18) o bloqueio de R$ 11,2 bilhões no orçamento de 2024. Além disso, haverá também o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.

Isso tinha tudo para dar uma acalmada nos mercados. É o que diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "Havia uma desconfiança de que o governo não tinha compromisso com o arcabouço fiscal", diz ele.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi convencido sobre a necessidade de conter gastos do governo. Foi o que disseram os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, fazendo uma alusão à entrevista que ele deu à TV Record na terça-feira, que provocou incertezas no mercado.

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A decisão foi acertada, porém tardia. Essa é a opinião de André Sandri, AVG Capital e fundador do Educa$, instituição sem fins lucrativos de educação financeira. "Surpreendeu pela magnitude, mostrando que o governo está tentando ajustar as contas públicas. No entanto, me pergunto se isso será suficiente para cumprir o arcabouço fiscal. Esse congelamento é um bom começo, mas por si só pode não resolver nossos problemas fiscais."

Mas teve o apagão...

A Microsoft diz que a falha, que gerou o problema, já foi corrigida. Mas aplicativos e ainda têm problemas, assim como os de bancos e do mercado financeiro. Entre os bancos atingidos no Brasil estão Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Next, o Neon, o Nubank e o Pan, além das corretoras XP e Rico.

Toda empresa hoje é uma empresa de tecnologia, segundo Paulo Henrique Andrade, presidente do IturanMob e especialista em tecnologia. Por isso, muitas foram afetadas.

No Brasil, o estrago só não foi pior porque o país não é um dos principais mercados do sistema da empresa norte-americana de cibersegurança CrowdStrike, que utiliza o Windows, da Microsoft. A atualização do CrowdStrike gerou todo o problema. Isso também deixa claro que todas devem investir em cibersegurança, afirma José Cláudio Securato, doutor em economia e presidente da Saint Paul Escola de Negócios.

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