Cotado para assumir Vale e BC, Mantega descarta volta para cargos públicos
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (2006-2015) descartou a possibilidade de retornar à vida pública caso seja convidado pelo presidente Lula. Em entrevista à revista Veja, o economista cotado para assumir a presidência da Vale ou do BC (Banco Central) relatou ter "uma vida nova" como consultor. "Trabalhar no governo me trouxe muita dor de cabeça. Enfrentei processos que me causaram prejuízos financeiros, tive de pagar muitos advogados", disse.
O que aconteceu
Guido Mantega negou a intenção de voltar a ocupar cargos públicos. O ex-ministro da Fazenda foi mencionado nos últimos meses como futuro presidente da Vale ou do BC. Ele, no entanto, negou a possibilidade de aceitar tais cargos e manifestou descontentamento com as reações negativas ao nome dele.
Achar que o ministro da Fazenda mais longevo do Brasil, ex-presidente do BNDES e professor de administração na FGV por 20 anos não teria qualificação para administrar uma empresa como essa é um absurdo. De todo modo, não estou interessado nessas posições.
Guido Mantega, em entrevista à Veja
Gestão de Mantega à frente da Fazenda é considerada caótica. Na entrevista à Veja, ele nega que tenha errado ao desonerar a folha de pagamento de 17 setores da economia e avalia que o governo Dilma "não quebrou" o Brasil. "Quando eu era ministro, a dívida pública caiu. Todo mundo fala que houve uma farra fiscal, mas isso não é verdade", pontuou.
Ex-ministro disse estar feliz com a atuação como consultor. No setor privado, ele recorda que trabalhar em cargos públicos "trouxe muita dor de cabeça" e processos que causaram prejuízo financeiro a ele. "Tive de pagar muitos advogados", conta Mantega, que chegou a ser vaiado por populares em restaurantes.
Foram tempos difíceis para mim, mas felizmente não tem mais nada disso. Aquilo foi uma perseguição da Lava Jato, que transformou todos nós em supostos corruptos. Também sofri um desgaste familiar muito grande. Mas superei essa fase. Hoje tenho uma vida nova.
Guido Mantega, em entrevista à Veja
Mantega vê "excesso de juros no Brasil. Ao avaliar as críticas feitas por Lula ao atual chefe do BC, Roberto Campos Neto, o ex-ministro avalia que o presidente teve simplesmente uma "reação de indignação". "Não me parece que manter os juros elevados foi uma decisão técnica", disse ele.
O Banco Central estava no caminho certo, de redução da Selic, mas mudou a direção da política monetária. Foi um movimento abrupto, que ameaça o bom desempenho da economia brasileira.
Guido Mantega, em entrevista à Veja
Ele também criticou a proposta de transformar o BC em uma empesa. Em posição alinhada com o do governo federal, Mantega destacou que a independência operacional da instituição, modelo atual da autarquia "é o que interessa" para perseguir as metas de inflação. "Não acho adequado transformar o Banco Central numa empresa", observou.
Questionado, ele negou a existência de pedaladas fiscais durante o governo de Dilma Rousseff. "A Dilma sofreu impeachment aparentemente por esse motivo, mas depois a acusação passou a ser a de que ela descumpriu os limites de gastos estabelecidos pelo Congresso sem ter autorização para isso", avaliou na entrevista á Veja.
Deixe seu comentário