Dólar cai para R$ 5,898 e Bolsa recua 1,61% com juro mais alto

O dólar comercial tem forte queda ante o real e a Bolsa de Valores de São Paulo recua nesta amanhã após o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidir na noite de quarta-feira (11) aumentar a taxa básica de juros da economia em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A medida surpreendeu a maior parte dos analistas, que esperava uma alta de 0,75 ponto.

Um dos efeitos da alta de juros é atrair investidores do exterior para as aplicações de renda fixa no Brasil, o que contribui para baixar a cotação da moeda americana. Também ajuda a derrubar o dólar nesta quinta (12) a notícia de que o BC vai fazer uma intervenção no mercado de câmbio no meio da manhã, com dois leilões de venda da moeda.

Para a Bolsa, a elevação dos juros é uma má notícia, já que incentiva os investidores a abandonar as ações por alternativas de menor risco. Empresas que dependem do consumo interno sofrem mais.

O que está acontecendo no mercado

Por volta das 10h40, o dólar comercial caía 1,18%, vendido a R$ 5,898, segundo dados do Valor Data. A cotação comercial, utilizada nas transações entre empresas, é referência para todas as outras cotações no país.

No mesmo horário, o dólar turismo tinha queda de 1,78%, vendido a R$ 6,1192. A divisa havia terminado a quarta (11) vendida a R$ 6,23, em baixa de 0,97%.

O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa brasileira, recuava 1,54%, para 127.596 pontos. Na véspera, tinha avançado 1,01%.

As ações que se destacavam na queda da Bolsa desta quinta (12) eram de empresas especialmente prejudicadas pelo aumento da Selic. O papel da própria Bolsa B3 (B3SA3) caía 1,92%, para R$ 10,19, diante da perspectiva de redução de negociações. O do Magalu (MGLU3) perdia 5,32%, a R$ 8,72, devido ao temor de que as vendas a prazo — ferramenta muito importante para os varejistas de móveis e eletrodomésticos — diminuam.

Com a decisão da véspera, o Copom colocou a taxa Selic no nível mais elevado desde novembro de 2023. Ainda indicou que, se for necessário para conter as previsões e a própria inflação, o BC pode realizar mais dois aumentos de 1 p.p. nas suas próximas duas reuniões, em janeiro e março, levando a taxa para 14,25% ao ano. Os especialistas de diversas instituições financeiras já estão projetando que o BC poderia chegar a subir a Selic para 15% ao ano no primeiro semestre do ano que vem.

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Movimento do câmbio

O aumento dos juros sobre a taxa de câmbio atrai investimentos de fora do país para produtos de renda fixa, como títulos públicos. Ao fazer essas aplicações, os investidores precisam trocar dólares por reais, o que acaba reduzindo as cotações.

Boa parte da queda do dólar nesta quinta (12) é uma antecipação desse movimento. Investidores locais estão desmontando operações de compras futuras que haviam feito para apostar que a moeda americana continuaria se apreciando contra a brasileira, já que agora existe um motivo concreto para as cotações caírem nos próximos meses. Além disso, com medo de mais baixas, exportadores que têm dólares provenientes de vendas externas correm para se desfazer das divisas.

Outro motivo para a baixa nesta manhã é a mensagem de credibilidade que o Copom mandou com a alta mais agressiva dos juros. Com o encerramento, neste mês, do mandato de Roberto Campos Neto na liderança do BC, havia uma dúvida, em uma parcela do mercado, sobre quão firme poderia ser seu sucessor, Gabriel Galípolo, na gestão da política monetária — que é a estratégia de administração dos juros. Como Galípolo foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é favorável a políticas de estímulo ao consumo, alguns analistas achavam que o novo presidente do BC poderia ser mais leniente com a Selic. Ao avisar que o novo mandato começa com uma alta de de juros de 2 p.p., o Copom pretende dirimir essas dúvidas: Galípolo já faz parte do comitê de participou da decisão unânime que decidiu pelo aumento mais forte dos juros.

Ainda na noite de quarta (11), o BC anunciou uma intervenção no mercado de câmbio para impedir maiores altas da moeda americana. Desde meados de setembro, o dólar teve apreciação de 10% ante o real. Na própria quarta (11), recuou 1,3%, vendido a R$ 5,968. Foi a primeira vez em duas semanas em que a moeda ficou abaixo de R$ 6.

A modalidade de intervenção que o BC vai usar é o chamado "leilão de linha". Participam dele somente instituições financeiras credenciadas (de forma geral, grandes bancos), que usam esse dinheiro para suprir a demanda do mercado em geral. As divisas oferecidas são provenientes das reservas nacionais, atualmente em cerca de R$ 360 bilhões. Esse leilão funciona, na realidade, como um empréstimo, porque tem compromisso de recompra pelo BC em uma data futura: as instituições precisam revender os dólares que pegaram para o próprio BC pela taxa de câmbio futura. Mas, no intervalo em que estão circulando no mercado, as moedas ajudam a conter a cotação — é a lei da oferta e da procura em ação.

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O leilão terá duas fases, entre 10h e 11h da manhã. Cada etapa terá oferta de até US$ 2 bilhões — ou seja, o valor total pode chegar a US$ 4 bilhões. A primeira tem recompra agendada para 4 de fevereiro de 2025, e a segunda, para 2 de abril de 2025. A última intervenção do BC tinha acontecido em 13 de novembro, também com um leilão de linha, com a venda de US$ 4 bilhões.

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