Focus: mercado eleva previsão de inflação e vê Selic em 14% ao ano em 2025
Após a inflação de novembro superar as expectativas, os analistas do mercado financeiro consultados pelo BC (Banco Central) elevaram, pela terceira semana seguida, a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), A atualização apresentada pelo Relatório Focus projeta que IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) vai encerrar 2024 em 4,89%, variação acima do teto da meta. Como consequência, aparecem mais altas as projeções para as taxas de juros em 2025 e 2026.
Como deve ser a inflação
Analistas preveem inflação em 4,89% neste ano. A variação estimada corresponde à terceira alta consecutiva das previsões para o IPCA. Há uma semana, a aposta era de alta do índice em 4,84%. Há quatro, a projeção sinalizava para uma alta de 4,64%.
Projeção mostra o índice oficial acima do teto da meta. O intervalo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que o IPCA deve terminar este ano em 3%. O valor tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, entre 1,5% e 4,5%.
Inflação esperada para o mês dezembro é de 0,58%. Se confirmado, o percentual a ser divulgado em janeiro de 2025 vai resultar em um ganho de força na comparação a variação de 0,39% do índice em novembro. Para que o IPCA não fure o teto da meta, é necessário que o índice oficial de preços fique abaixo de 0,2% em dezembro.
Expectativas para o IPCA de 2025 e 2027 aumentam. Para o próximo ano, as previsões sobem há nove semanas consecutivas e figuram em 4,6%. Já para 2027, as expectativas sinalizam para o IPCA em 3,66%. A projeção para 2026 permanece em 4%.
Analistas projetam dólar cotado a R$ 5,99 na virada do ano. A nova expectativa surge diante da escalada recente da moeda norte-americana, ocasionada por ruídos sobre as contas públicas e o fortalecimento global da divisa após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Há quatro semanas, era esperado que o dólar encerasse dezembro negociado e R$ 5,60.
Projeção para os preços administrados recua. Segundo a previsão do mercado financeiro, o índice, que incluí o preço dos combustíveis, planos de saúde e energia elétrica, deve aumentar 4,62% neste ano, variação 0,07 ponto percentual inferior à estimada na semana passada (4,69%).
Como devem ficar os juros
Mercado prevê taxa Selic mais alta ao final de 2025 e 2026. As previsões mostram que a taxa básica de juros deve saltar 1,75 ponto percentual no próximo ano, dos atuais 12,25% ao ano para 14% ao ano. Agora, a expectativa é de menor intensidade das quedas em 2026, com a taxa Selic estimada em 11,25%.
Copom (Comitê de Política Monetária) projeta Selic em 14,25% ao ano em março. Ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano, na semana passada, os diretores do BC sinalizaram para mais duas altas semelhantes dos juros nos dois primeiros encontros de 2025.
Reunião foi a última comandada por Roberto Campos Neto. A partir de janeiro, a cadeira de presidente do Banco Central será assumida por Gabriel Galípolo. Em declarações recentes, ele tem sinalizado para a manutenção da política monetária contracionista, com "juros mais altos por mais tempo".
A Selic é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Com o avanço dos preços em meio ao aquecimento da economia, a elevação dos juros é utilizada como alternativa para limitar o consumo e inibir, consequentemente, segurar a alta do IPCA.
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