Brasil tem mais trabalhadores no comércio e menos em serviços domésticos

O Brasil fechou 2024 com a taxa média de desemprego mais baixa da história. O desempenho positivo, no entanto, esconde cenários diferentes entre as atividades profissionais. Enquanto o mercado de trabalho aparece estimulado pelo comércio e a construção, o número de profissionais recuou no campo e entre os trabalhadores domésticos.

O que aconteceu

Número de profissionais ocupados aumentou em oito das dez áreas analisadas. Com 19.666 profissionais, o comércio e a reparação de veículos é responsável por 17,9% dos trabalhadores brasileiros. Entre 2023 e 2024, 109 mil funcionários passaram a integrar as atividades.

Construção (+5,6%) e de transporte, armazenagem e correio (+5,2%) têm maiores altas percentuais. Os avanços correspondem, respectivamente, ao aumento de 414 mil e 296 mil profissionais nos dois segmentos.

Cenário não foi acompanhado pelas atividades realizadas no campo. Os profissionais de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura encerraram 2024 com 186 mil trabalhadores a menos, na comparação com o saldo do ano anterior. O valor equivale a uma redução de 2,3%, para 7,8 milhões de profissionais.

Grupamento de serviços domésticos também reduz número de trabalhadores. O número de 5,97 milhões de profissionais que realizam a atividade é 1,79% (109 mil pessoas) menor do que o apurado ao fim de 2023. Os números são da Pnad Contínua, revelada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Comparação com o terceiro trimestre traz números diferentes. Com queda ainda mais significativa, o trabalho no campo perdeu 196 mil trabalhadores entre setembro e dezembro. No mesmo período, os serviços domésticos ganharam 38 mil novos funcionários.

Salários

Único recuo salarial entre os setores em 2024 foi observado no campo. A remuneração média estimada dos profissionais de atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura caiu 0,35% no ano passado, de R$ 2.021 para R$ 2.014.

Entre os ganhos nominais, os serviços domésticos tiveram menor aumento. O avanço de R$ 50 nos salários pagos na atividade, de R$ 1.202 para R$ 1.252, representa um aumento de 4,16%. Apesar da variação positiva, o valor representa uma queda real (já descontada a inflação de 4,71%) de 0,53%.

Continua após a publicidade

Profissionais de transporte, armazenagem e correio lideraram as altas. Com elevação salarial de 7,17%, o segmento viu as remunerações aumentarem em R$ 212, de R$ 2,956 para R$ 3.168. Na sequência, aparece o ramo de outros serviços, com alta de 6,39%, de R$ 2.411 para R$ 2.565.

Dois setores de atividade têm salário médio acima de R$ 4.000. O montante é superado pelos trabalhadores das áreas de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (R$ 4.758) e da administração pública, defesa e seguridade social (R$ 4.528). As atividades tiveram evoluções salariais de, respectivamente, 5,3% (R$ 238) e 1,52% (R$ 68) no ano passado.

Remuneração real habitual dos brasileiros aumentou para R$ 3.225. Entre todos os segmentos, a estimativa representa um aumento de 3,7% em 2024, valor equivalente a R$ 115, na comparação com o ano de 2023. A média súpera 2014 (R$ 3.120) é aparece como a maior de toda a série histórica da Pnad, coletada desde 2012.

São dois anos seguidos de crescimento do rendimento, após recuos em 2021 e 2022. A expansão do rendimento em 2024 abrangeu trabalhadores formais e informais, o que contribui significativamente para o crescimento da massa de rendimento.
Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.