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Arrecadação federal cai 0,58% em março, a R$ 109,854 bi, diz Receita

Por Marcela Ayres

24/04/2019 10h34Atualizada em 24/04/2019 11h22

BRASÍLIA (Reuters) - A arrecadação do governo federal teve queda real de 0,58% em março sobre igual mês de 2018, a R$ 109,854 bilhões, divulgou a Receita Federal nesta quarta-feira, em mais um dado que corrobora a fraqueza da retomada econômica.

O dado veio pior que a expectativa de R$ 117,237 bilhões, apontada por analistas em pesquisa da Reuters.

Em apresentação entregue junto com os números, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia ressaltou que o nível de atividade econômica tem afetado negativamente a arrecadação federal.

"O resultado da arrecadação em março veio abaixo da expectativa mediana de mercado, compensando resultado do mês anterior", trouxe o texto.

"Sondagem sobre Nova Previdência confirma percepção de que o setor privado está em compasso de espera", acrescentou.

Mais cedo nesta quarta-feira, o governo também divulgou que houve fechamento líquido de 43.196 vagas formais de emprego em março, num resultado negativo que contrariou expectativas e foi puxado pela fraqueza no comércio.

Detalhamento

Em março, a arrecadação foi afetada principalmente pelas quedas de 9,43% no Imposto de Renda Retido na Fonte sobre Rendimentos de Capital (-R$ 346 milhões) e de 10,74% sobre Rendimentos de Residentes no Exterior (-R$ 308 milhões).

Segundo a Receita, a arrecadação com Cide-Combustíveis também contribuiu para a performance no vermelho, com recuo de 48,09% sobre março do ano passado, numa diminuição de R$ 203 milhões.

A receita previdenciária teve retração de 0,43% na mesma base, num decréscimo de R$ 143 milhões.

Nos três primeiros meses do ano, a arrecadação cresceu 1,09% sobre igual etapa de 2018, em termos reais, a R$ 385,341 bilhões. Na série corrigida pela inflação, este é o melhor resultado para o período desde 2014 (R$ 393,383 bilhões).

Governo reduziu previsão para o PIB

No relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado no fim de março, o governo anunciou um contingenciamento de quase R$ 30 bilhões nas despesas para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano, após revisar para baixo as receitas contabilizadas para 2019, esperando menos royalties de petróleo e uma arrecadação mais tímida em função da lenta retomada econômica.

O governo diminuiu a expansão projetada para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano a 2,2%, mas o mercado vem continuamente apontando um cenário pior. A última perspectiva dos economistas consultados no boletim Focus, compilado pelo Banco Central, é de um crescimento econômico de apenas 1,71%.

A meta de déficit primário neste ano é de R$ 139 bilhões para o governo central, mas membros da equipe econômica têm repetido que trabalharão para entregar um resultado melhor.

Para tanto, esperam contar com o ingresso extraordinário de recursos, como com o leilão de excedente da área petrolífera da cessão onerosa, para o qual já foi definido um bônus de assinatura de R$ 106,561 bilhões.