Guedes diz que "buraco negro fiscal" impede investimento e deixa país fadado a baixa expansão
RIO DE JANEIRO, 15 Mai (Reuters) - A reforma da Previdência abrirá espaço para o Brasil ter crescimento sustentado entre dez e 15 anos, disse à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, para quem, sem as mudanças nessa área, o país está fadado a um baixo nível de expansão.
"O buraco negro fiscal impede investimentos. Com a nova Previdência abrimos espaço para dez a 15 anos de retomada do crescimento", afirmou o ministro. Desde 2011, o Brasil cresce em média 0,6% ao ano.
À Reuters, o ministro garantiu que, se a nova Previdência for aprovada dentro dos parâmetros propostos que preveem uma economia de mais de R$ 1 trilhão em dez anos, o Brasil entrará em um ciclo econômico virtuoso.
"Com a nova Previdência teremos equilíbrio fiscal, retomada de investimentos privados, poupança externa, juros mais baixos", afirmou o ministro, segundo o qual a nova Previdência "aumenta poupança interna, acelera crescimento e criação de empregos".
Na véspera, Guedes havia sinalizado que a projeção do governo para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano foi reduzida para 1,5%.
Crescimento da economia patina
Na manhã desta quarta-feira, o Banco Central divulgou que o IBC-Br, espécie de sinalizador do PIB, caiu 0,28% em março na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado. O resultado foi pior do que a expectativa de queda de 0,2% em pesquisa da Reuters.
Os dados oficiais do PIB serão reportados pelo IBGE no próximo dia 30, mas indicadores antecedentes já apontam enfraquecimento da atividade econômica, com o Banco Central considerando a possibilidade de contração do PIB nos três primeiros meses do ano.
"O Brasil hoje é prisioneiro da armadilha do baixo crescimento", disse Guedes à Reuters. "Sem a nova Previdência ficaremos mal", acrescentou.
O ministro se disse "confiante" na aprovação da PEC que muda a regras das aposentadorias e aposta no apoio que vem recebendo dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
"Maia e Alcolumbre são excelentes lideranças no Congresso e estou confiante", disse, citando os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Governo espera aprovação no 2º semestre
A expectativa do governo é que a reforma seja aprovada no segundo semestre, mas até lá há muitos desafios no horizonte. Por causa da fraqueza adicional da economia, o governo anunciará no fim deste mês novo contigenciamento de recursos, que deve ficar perto de R$ 10 bilhões.
O Executivo ainda tenta no Congresso a aprovação de um crédito adicional para pagar despesas correntes sem infringir a chamada regra de ouro --que proíbe a emissão de dívida para o pagamento de despesas correntes, como salários e aposentadorias.
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