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Coronavírus e protestos pressionam exportações da Petrobras no 1º tri

Petroleiros protestam do lado de fora da sede da Petrobras no Rio de Janeiro -
Petroleiros protestam do lado de fora da sede da Petrobras no Rio de Janeiro

Marta Nogueira e Gram Slattery

Da Reuters, no Rio de Janeiro

20/02/2020 12h55

A Petrobras tem sentido impactos do coronavírus nos preços de venda do seu petróleo no primeiro trimestre do ano, em meio a uma redução dos valores globais, enquanto a empresa aponta para o período uma possível diminuição das exportações diante de paradas programadas de produção, disse nesta quinta-feira a diretora-executiva de Refino e Gás Natural.

A petroleira, no entanto, não sentiu efeitos na demanda por seu produto, já que "todas as cargas que estavam previstas estão embarcando normalmente", pontuou Anelise Lara, ao participar de teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados da empresa no ano passado.

Os preços do petróleo no mercado internacional recuaram neste ano, por expectativas de redução da demanda por petróleo, depois que a China, principal mercado externo da Petrobras, limitou o transporte de pessoas para evitar a propagação do novo coronavírus, que teve origem no país.

"É claro que esse impacto que teve no mercado chinês, isso acaba impactando... No primeiro trimestre de 2020, a gente já está vendo desconto em relação ao Brent, mas a gente vai precisar, ao longo do ano, calibrar", disse Lara, pontuando que o preço dos derivados também foram pressionados.

Atualmente, a China é o destino de cerca de 65% do petróleo vendido pela Petrobras, segundo a executiva. No entanto, a diretora ponderou que os mercados europeu e americano também estão recebendo bem o petróleo da companhia, pela qualidade do produto, com baixo teor de enxofre.

Lara ressaltou, no entanto, declaração anterior do diretor-executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto de Oliveira, de que está prevista uma maior concentração de paradas programadas para manutenção de plataformas no primeiro semestre, com impacto na produção.

"Vamos ter algumas paradas de manutenção de plataformas, reduz a produção e, como a gente precisa para o refino, provavelmente, vamos reduzir um pouco a exportação neste primeiro trimestre", disse Lara.

No caso do combustível náutico, conhecido como bunker, Lara pontuou que a empresa observou no último trimestre de 2019, antes da crise do coronavírus, uma melhora no preço de realização, devido a novas normas globais que exigem um produto com menor teor de enxofre que passaram a valer neste ano.

"Com a crise do coronavírus, onde houve um impacto muito grande nos transportes em geral, e no transporte marítimo também, a gente percebeu uma perda (no preço de realização) do bunker em relação ao que a gente estava realizando em dezembro por exemplo", disse Lara.

"Nós chegamos a ter preços de Cingapura para o bunker na faixa do óleo combustível, o que nunca aconteceu na história."

No entanto, ela frisou que passando essa fase de impactos do coronavírus, a empresa espera uma retomada do preço de realização do bunker para 2020.

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Durante a teleconferência, Oliveira adiantou que a produção de petróleo de janeiro ficou semelhante aos níveis registrados em dezembro, mas que os efeitos das paradas de plataformas programadas para o ano já começaram a ser sentidos neste mês.

Segundo ele, no entanto, a meta de extração de petróleo para o ano está mantida em 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), podendo variar 2,5% para cima ou para baixo. O custo de extração total previsto para 2020 deverá ficar em 8 dólares/boe.

O diretor também comentou os trabalhos da empresa programados para a área de Búzios, onde a empresa aumentou seus direitos em leilão da cessão onerosa realizado no ano passado.

Segundo ele, no primeiro semestre do ano, a Petrobras irá focar na realização do plano de desenvolvimento de Búzios, juntamente com seus sócios. Já no segundo semestre a empresa deverá trabalhar para fechar um acordo de coparticipação com as sócias na áreas por investimentos já realizados no passado, previsto em contrato.