Insatisfação com economia leva a queda na popularidade de Bolsonaro, diz pesquisa XP
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Uma mudança de percepção quanto aos rumos da economia levou a uma queda na aprovação do presidente Jair Bolsonaro para o menor patamar já registrado desde o início do governo, de acordo com pesquisa XP/Ipespe nesta sexta-feira.
A avaliação ótima/boa do governo caiu de 34% para 30% na comparação com a pesquisa anterior, de 20 de fevereiro, enquanto a avaliação ruim/péssima ficou estável em 36% e a regular passou de 29% para 31%.
A avaliação positiva caiu para o menor patamar registrado pela pesquisa desde o início do governo, índice também registrado em setembro de 2019.
A maior alteração, no entanto, aconteceu em relação à política econômica do governo. Há um mês, 47% dos entrevistados consideravam que o governo estava no caminho certo nessa área, enquanto 40% acreditavam que a política econômica estava errada.
Agora, a avaliação se inverteu: 48% acreditam que o caminho da equipe econômica está errado, enquanto 38% avaliam que está no caminho certo.
"A alteração na popularidade coincide com uma inversão na percepção sobre a condução da política econômica", diz a pesquisa.
Também aumentou a percepção de que o governo Bolsonaro é o maior responsável pela situação econômica atual. Em março, 17% acreditam que este governo é o responsável pela situação, enquanto em fevereiro eram 15%. Outros 14% atribuem a fatores externos -- eram 13%.
Ao contrário do Executivo, a avaliação do Congresso, que chegou a apenas 9% de ótima/boa em janeiro, alcançou 13% neste mês. Já a avaliação de ruim/péssima continuou em 44%.
CORONAVÍRUS
A pesquisa trata ainda do impacto do coronavírus na vida dos brasileiros. De fevereiro para março, o medo da epidemia aumentou 20 pontos percentuais. Agora, 70% dos entrevistas dizem ter pouco ou muito medo da epidemia, sendo que 34% dizem ter muito medo.
A avaliação geral do governo no combate ao coronavírus é aprovada por 40% dos entrevistados, mas é o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, quem puxa para cima essa avaliação: 56% de avaliação ótima/boa.
Já a atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, é vista como ótima/boa por 32%. A maioria dos entrevistados, 34%, vê como regular, e 23% como ruim/péssima.
A grande maioria dos entrevistados (92%) acredita que a epidemia terá impacto negativo na economia, mas apenas 24% concordam com o discurso do ministro de que as reformas tributária e administrativa são as ferramentas para combater o efeito na economia. Mais de 60% defendem medidas para estimular o crescimento.
A pesquisa também mostra a discordância dos entrevistados com outros pontos que vem sendo defendidos pelo governo e pelo presidente. Em relação ao aumento do dólar, que passou a barreira dos 5 reais, 61% consideram que impacta negativamente a vida dos brasileiros.
Sobre a manifestação do dia 15 deste mês, que foi incentivada e defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, 64% discordam da sua realização. E 56% dos entrevistados disseram confiar nas urnas eletrônicas para apuração das eleições.
Recentemente, durante sua viagem a Miami, disse ter provas --não apresentadas-- de que houve fraude nas urnas em 2018 e que poderia ter vencido as eleições no primeiro turno. Depois, questionado sobre as provas, respondeu: "Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro."
A pesquisa foi feita entre os dias 16 e 18 deste mês, com mil entrevistas por telefone. A margem de erro é 3,2 pontos percentuais.
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