3R foca na operação após comprar US$2 bi em ativos da Petrobras, diz CEO
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Com a assinatura de compra do polo Potiguar, da Petrobras, anunciada na véspera, a brasileira 3R Petroleum se consagra como uma das principais operadoras independentes de campos de petróleo do país, com potencial para ultrapassar gigantes como Shell e TotalEnergies até 2023.
A perspectiva é que a companhia, criada em 2014, alcance a operação de um total de 46,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d) no primeiro trimestre do próximo ano, quando prevê ter concluído a compra e assumido a operação do Polo Potiguar e de outros ativos.
A previsão foi feita pela empresa a partir da certificação de reservas dos ativos da 3R e da produção média de Potiguar em 2021.
O volume considera os campos operados pela empresa, independentemente do percentual de sua participação no contrato. A título de comparação, a francesa TotalEnergies operava em novembro de 2021 44,1 mil boe/d e a Shell 25,7 mil boe/d, segundo dados da reguladora ANP --a produção dessas empresas no país, como concessionárias, considerando suas participações em ativos de óleo e gás, é maior, superando 400 mil boe/dia, no caso da Shell.
Em entrevista à Reuters, o presidente da 3R, Ricardo Savini, afirmou que a empresa está agora satisfeita com o portfólio construído, após adquirir um total de 2,143 bilhões de dólares em ativos que eram da Petrobras desde 2018, e planeja agora focar na operação dos campos.
"Abrimos a companhia para isso, para estarmos presentes quando a Petrobras decidisse vender... por sorte e competência estávamos muito bem preparados.. Estamos felizes com o portfólio que montamos e a cereja do bolo é Potiguar", disse Savini.
A companhia adquiriu participação e operação de um total de nove polos de campos de petróleo maduros que eram da Petrobras, contendo 58 concessões de óleo e gás, dos quais 414 milhões de dólares já foram pagos.
Parte dos valores são desembolsados na assinatura dos contratos e outros montantes dependem do cumprimento de condicionantes, como a própria conclusão do negócio.
A estatal Petrobras colocou em curso nos últimos anos um amplo processo de desinvestimentos de ativos, enquanto concentra seus esforços nos gigantes campos do pré-sal. O movimento permitiu a competição e o fortalecimento de petroleiras menores, que prometem agora revitalizar áreas antigas e buscar a expansão da vida útil desses ativos.
Até o momento, a 3R concluiu a compra dos polos Macau, Rio Ventura, Areia Branca & Sanhaçu. A expectativa é concluir ainda a compra dos polos Fazenda Belém, Pescada, Recôncavo, Peroá e Papa-Terra até julho deste ano. Já Potiguar, a previsão é primeiro trimestre do ano que vem.
"Não planejamos novas aquisições nesse momento, o foco agora será em operar", disse Savini.
PRÓXIMOS PASSOS
Para 2022, a 3R planeja investir cerca de 100 milhões de dólares em ativos já sob sua operação. Dentre os trabalhos previstos, a empresa planeja reativação e intervenções em poços, além de novas perfurações, segundo o diretor financeiro da petroleira, Rodrigo Pizarro.
A empresa está atualmente realizando uma licitação para sondas de perfuração, na qual deverá contratar duas. A perspectiva, segundo os executivos, é que sejam perfurados poços em Macau e Areia Branca neste ano, e provavelmente em Rio Ventura. Eles não deram mais detalhes.
Savini pontuou que a empresa também trabalha na apresentação de novos planos de desenvolvimento para suas concessões e planeja solicitar à reguladora do setor ANP a redução de alíquotas de royalties para seus ativos, conforme novas regulamentações que têm como objetivo fomentar investimentos e ampliar a vida útil de campos maduros.
A companhia também planeja concluir neste ano um plano ESG, consolidando iniciativas ambientais e sociais já em curso e estabelecendo metas concretas de redução de emissões, dentre outras questões.
Dentre outros planos, a empresa avalia ainda projetos de geração térmica a gás para terceiros, também como forma de trabalhar com o chamado combustível da transição energética.
NOVAS POSSIBILIDADES
Pizarro ressaltou que, com o Polo Potiguar, a 3R terá aproximadamente 77% de sua produção ancorada em terra ou em águas rasas, que permite um custo de extração mais baixo e flexibilidade para mobilizar planos de perfuração e intervenções com mais rapidez.
O executivo ressaltou ainda que a compra de Potiguar coloca a 3R em posição privilegiada, com novas oportunidades de negócios, incluindo a comercialização de combustíveis.
"Analisando o preço de Potiguar, parte importante do valor que está sendo pago é pela infraestrutura que não existe em outro polo", afirmou.
O acordo com a Petrobras prevê a venda de 22 campos em produção e a transferência de toda a infraestrutura e sistemas de dutos que suportam a operação.
Está incluído ainda o Ativo Industrial de Guamaré, que engloba unidades de processamento de gás natural, a refinaria de Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré, com ampla capacidade de estocagem e sistemas que permitem a exportação e importação de óleo e derivados.
(Por Marta Nogueira)
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