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Ibovespa fecha em queda e confirma segundo mês de baixa

31/03/2023 17h08

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, em meio a movimentos de realização de lucros após cinco altas seguidas, tendo Lojas Renner entre as maiores quedas, com analistas do Citi enxergando um cenário desfavorável para a varejista, enquanto Cogna foi destaque positivo após "upgrade" do JPMorgan.

Investidores também continuaram avaliando as linhas gerais do novo arcabouço fiscal do país apresentado pelo governo na véspera, com certa desconfiança em relação às metas propostas, mas também com avaliações de que o plano reduz riscos para a trajetória da dívida.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,77%, a 101.882,2 pontos, após subir 5,9% nas cinco sessões anteriores. Na semana, ainda mostrou um desempenho positivo de 3,09%, mas no mês registrou queda de 2,91% --o segundo seguido no vermelho. No ano, perde 7,16%.

O volume financeiro nesta sexta-feira somou 26,3 bilhões de reais.

Para Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, após uma reação mais positiva ao anúncio do arcabouço na véspera, análises de que a proposta não é tão boa assim apoiavam a correção negativa, principalmente após uma sequência de cinco de pregões de alta.

"Muitos comentários foram de que o plano não foi tão bom assim como se esperava", acrescentou.

A proposta para o novo arcabouço inclui uma trava para impedir que os gastos cresçam mais do que a arrecadação, mas contará também com um limite mínimo para a evolução das despesas e metas flexíveis para o resultado primário. Também prevê resultado primário zero em 2024 e superávits em 2025 e 2026.

"Nossa avaliação é que as metas de resultado primário demandam aumento de receitas para serem atingidas", afirmou o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, chefiado por Fernando Honorato Barbosa, em relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.

"De toda forma, o arcabouço reduz o risco de uma trajetória não convergente da dívida pública nos próximos anos e pode contribuir para uma maior harmonização entre a política fiscal e a política monetária", acrescentou.

Para o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, a regra de limite do crescimento das despesas em 70% do avanço da receita teoricamente é uma medida positiva, mas o arcabouço é permissivo em relação ao aumento de gastos e abre espaço para que o governo amplie gradativamente a arrecadação.

"É um fato que vemos com grande preocupação", afirmou em nota. "Inicialmente, parece um plano um tanto otimista e ousado, principalmente se considerarmos a deterioração do cenário macroeconômico atual", acrescentou.

Além das dúvidas sobre a nova regra, que ainda precisa passar pelo Congresso Nacional, março termina com dados da B3 mostrando ainda saída de estrangeiros da bolsa paulista. Até o dia 28, o saldo estava negativo em 2,566 bilhões de reais. Em fevereiro as vendas também superaram as compras.

No exterior, Wall Street teve uma sessão positiva, após dados mostrarem que a inflação norte-americana desacelerou em fevereiro, apoiando as esperanças de uma abordagem de política monetária mais branda por parte do Federal Reserve. O S&P 500 fechou em alta de 1,44%.

DESTAQUES

- LOJAS RENNER ON recuou 6,07%, a 16,57 reais, com o analistas do Citi cortando o preço-alvo das ações de 30 para 22 reais e citando que a unidade de crédito Realize luta com taxas de inadimplências mais altas desde o segundo trimestre do ano passado, enquanto o cenário macro e as condições climáticas também não estão ajudando. No setor, GRUPO SOMA ON perdeu 7%.

- B3 ON caiu 4,17%, a 10,35 reais, com analistas do UBS BB cortando a recomendação das ações para "neutra" e reduzindo o preço-alvo para 12,50 reais, de 15 reais anteriormente, enxergando um ambiente mais difícil para ações com a Selic mais alta por mais tempo, incertezas relacionadas ao cenário macro/fiscal e atividade fraca no mercado de capitais.

- COGNA ON avançou 2,75%, a 1,87 reais, favorecida por relatório de analistas do JPMorgan, que elevaram a recomendação do papel para "neutra", citando que o "turnaround" em seu negócio de educação superior terminou, que retomou o crescimento da receita no segundo semestre de 2022 e que deve continuar a expandir em 2023, enquanto o ciclo de recebíveis foi normalizado.

- VIBRA ON encerrou em alta de 1,55%, a 14,41 reais, em dia de leilão para a privatização da Companhia de Distribuição de Gás do Espírito Santo (ES GÁS) nesta sexta-feira, vencido pela Energisa com oferta de 1,423 bilhão de reais. O Estado do Espírito Santo detinha 51% do capital votante, e a Vibra, 49%. ENERGISA UNIT subiu 0,63%.

- VALE ON fechou com variação negativa de 1,87%, a 80,29 reais, apesar de nova alta dos futuros do minério de ferro na China. A Justiça Federal em Belo Horizonte decidiu que a Vale e a BHP devem realizar depósito judicial de 10,3 bilhões de reais, em processo relacionado com o rompimento de barragem em Mariana (MG) em 2015. As companhias informaram não terem sido ainda notificadas.

- PETROBRAS PN caiu 2,17%, a 23,45 reais, apesar da alta do petróleo no exterior. O ministro Dias Toffoli, do STF, pediu vista e suspendeu o julgamento sobre decisão liminar que reduziu as travas para nomeações de políticos em empresas estatais. Assim, a liminar segue valendo. O caso pode ter repercussão na eleição, pela Petrobras, de conselheiros prevista para 27 de abril.

- ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 0,49%, a 24,74 reais, mas BRADESCO PN cedeu 1,57%, a 13,17 reais.

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