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Teatro Oficina retorna com o ritual de "Bacantes"

15/12/2011 08h57

SÃO PAULO - O espetáculo que fecha a participação brasileira no festival "Europalia" deste ano, em Liège, na Bélgica, é "Bacantes", do Teatro Oficina Uzyna Uzona, de Zé Celso Martinez Corrêa. Antes de partir, o Oficina apresenta o espetáculo nesta semana em sua sede, no bairro paulistano do Bixiga. Após uma temporada de excursão por diversas capitais brasileiras, em que apresentou "Dionisíacas em Viagem" e "Macumba Antropofágica", a trupe de Zé Celso promete uma versão incrementada de um de seus espetáculos mais conhecidos. As apresentações são definidas como ensaio aberto, porque o diretor pode interromper a interpretação para dar instruções aos atores.

Além de Liège, em 14 e 15 de janeiro, a trupe de Zé Celso tem temporada marcada para Lisboa, de 20 a 22 de janeiro, no Teatro Municipal São Luiz. Em postagem de terça-feira em seu blog, o diretor se queixa de uma tentativa da direção do Théâtre de la Place, em Liège, de cancelar o espetáculo, exatamente um mês antes da apresentação e com os ingressos já vendidos. Segundo Zé Celso, o diretor do teatro, Serge Rangon, escreveu à direção do festival, alegando "falta de tempo". O líder do Teatro Oficina respondeu com versos em que manifesta sua intenção de manter os planos.

"Nesses dois processos", segundo a apresentação do diretor, a peça "se reinventou em cantos e simbolismos, provando que a antropofagia ensina, como no mito de Dionizyo, que não se pode perder o rebolado nem nos momentos de crise". "Bacantes" se propõe a "digerir tudo o que foi comido". O espetáculo foi apresentado pela última vez em janeiro, em Fortaleza.

Criado em 1995, "Bacantes" é um marco na história do Teatro Oficina. A configuração atual do espaço paulistano foi desenvolvida para abrigar justamente essa peça, em que entram em cena 52 atores, "munidos de câmeras, música ao vivo, DJs, VJ, luzes coloridas dançantes, cenário móvel e figurino litúrgico". O conjunto, calcado sobre "a poética xamânica das culturas arcaicas brasileiras, misturando ritmo, rituais, música e política", se traduz em "uma nova forma de pensar o mundo" que Zé Celso define como "tragycomediorgya".

Com cinco horas de duração, "Bacantes" se compõe de 25 cantos e cinco episódios. Adaptação da tragédia de Eurípides, o último dos três grandes trágicos cujas obras chegaram até nós, o espetáculo narra a chegada do deus Dionisyo (interpretado por Marcelo Drummond) à Grécia. Dionisyo é filho de Zeus (Hector Othon) com a mortal Semelle (Anna Guilhermina). Chegando à mítica cidade de Tebas (recriada como TebaSP na montagem do Oficina), o deus não é reconhecido como tal pelo rei Penteu (Fred Steffen). Segue-se o embate entre Penteu e as bacantes, sacerdotisas de Dionisyo.

O Teatro Oficina é um dos grupos teatrais mais importantes e mais antigos do Brasil. Na ativa desde 1958 e profissional desde 1961, a companhia de Zé Celso assinou montagens históricas como "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, em 1967, "Galileu Galilei", de Bertolt Brecht, em 1968, e Ham-let, de William Shakespeare, em 1993. Mais recentemente, destaca-se a integral de "Os Sertões", de Euclides da Cunha, realizada entre 2002 e 2006. (Diego Viana/Valor Econômico)

"Bacantes"

Quando: 17 e 18/12, às 19h

Quanto: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia) e R$ 10 (moradores do Bixiga, mediante comprovação de residência). Desconto de 50% para artistas e para clientes do cartão Petrobras e acompanhante; venda pelo e-mail ingressos@teatroficina.com.br ou na bilheteria do Teatro Oficina (no dia, a partir das 17h)

Onde: Teatro Oficina - rua Jaceguai, 520, Bixiga, SP, tel: (11) 3106-2818; capacidade: 350 pessoas; indicação etária: 16 anos; duração: 5h (com dois intervalos)