Veja evolução de mais de 50 anos do Boeing 747 (jumbo), que se aposentará
O Boeing 747 é um dos aviões comerciais mais famosos e icônicos do mundo. É um dos poucos modelos que até mesmo um leigo consegue identificar quando surge no aeroporto. A sua corcova na parte dianteira do avião é uma marca inconfundível. Mas a história do Boeing 747 está chegando ao fim.
Apresentado pela primeira vez em 1969, o jumbo, como o modelo ficou conhecido popularmente, deverá ter sua produção encerrada em 2022. O anúncio foi feito no final de julho pela Boeing. Em carta aberta enviada aos funcionários, a empresa norte-americana afirmou que a decisão foi tomada com base na "dinâmica e nas perspectivas do mercado atual".
A aposentadoria do Boeing 747 já vinha sendo uma tendência em diversas companhias aéreas do mundo nos últimos anos. A pandemia do novo coronavírus acelerou esse processo, já que as companhias aéreas têm preferido aviões mais econômicos.
A holandesa KLM é a mais recente companhia aérea do mundo a encerrar os voos com o jumbo. No domingo (25), o último Boeing 747-400 da empresa pousou no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã. O objetivo era completar 50 anos de operação com o modelo, o que aconteceria ema 31 de janeiro de 2021. A crise atual, no entanto, acelerou a aposentadoria.
Nesses mais de 50 anos de história do 747, o jumbo passou por grandes transformações. Confira a seguir algumas versões e a evolução do modelo ao longo da história.
747-100
A primeira versão do jumbo teve 168 unidades produzidas, incluindo o protótipo de testes. A norte-americana Pan Am foi a primeira companhia aérea do mundo a voar com o novo avião. Inicialmente, o 747 tinha uma "corcunda" pequena. A intenção era de que o espaço servisse para acomodar a cabine de comando dos pilotos e lounge-bar para os passageiros.
Aos poucos, no entanto, as companhias aéreas passaram a utilizar o espaço para poltronas dos passageiros, especialmente da primeira classe. O 747-100 tinha configuração padrão para 366 passageiros divididos em três classes de cabine e autonomia para 8.560 quilômetros.
Foram feitas algumas variantes da versão 100. A SR (Short Range, ou curto alcance) foi a principal delas, criada a pedido da companhia aérea japonesa JAL para atender rotas domésticas no país de grande densidade de passageiros. Os tanques de combustível foram reduzidos para aumentar o espaço para malas. Essa variante tinha capacidade para até 550 passageiros em classe única.
747SP (Special Performance)
Trata-se de uma versão reduzida do jumbo, com quase 14 metros a menos de comprimento que o 747-100. O objetivo era reduzir o tamanho do avião para poder aumentar sua autonomia. Com isso, o 747SP passou a ter alcance para 10,8 mil quilômetros, mas a capacidade de passageiros foi reduzida para 276 lugares. Foi um pedido da Pan Am e da Iran Air e permitiu a abertura da rota entre Teerã (Irã) e Nova York (EUA), o voo mais longo do mundo naquela época.
747-200
Para equilibrar alcance e capacidade de passageiros, a Boeing lançou em 1971 o 747-200. A nova versão podia voar mais de 12 mil quilômetros com a configuração padrão para 366 passageiros. O segundo andar também foi ampliado, e a maioria dos aviões dessa versão contava com dez janelas de cada lado no andar superior. As mudanças agradaram as companhias aéreas, que fizeram cerca de 400 encomendas do modelo.
O 747-200 tinha também versões cargueiras, com o nariz do avião abrindo para cima, além de uma porta lateral para o carregamento de grandes cargas.
747-300
Na nova versão lançada na década de 1980, a principal diferença foi o aumento do tamanho do piso superior do jumbo, que passou a ter 7,11 metros de comprimento. Com isso, foram instaladas 18 janelas e uma porta de saída de emergência em cada lado do segundo andar do avião. Além disso, o 747-300 ainda recebeu algumas pequenas melhorias aerodinâmicas, que permitiram aumentar a velocidade de cruzeiro de Mach .84 para Mach .85. A versão 300 tinha capacidade para 400 passageiros na configuração padrão e alcance de 11,7 mil quilômetros.
747-400
A nova versão foi anunciada em 1985, mas só entrou em operação em 1989. O 747-400 teve grandes mudanças. A principal delas estava dentro da cabine de comando dos pilotos. A introdução de sistemas mais modernos e telas multifuncionais integradas aos computadores de bordo eliminaram a presença de um engenheiro de voo a bordo. Assim, a tripulação técnica do 747-400 era composta por apenas dois pilotos.
A nova versão também passou por diversas outras mudanças para melhorar o desempenho e a eficiência, como o uso de novos materiais na fuselagem e nas asas e a introdução de winglets nas pontas da asa para reduzir o arrasto do avião e economizar combustível. Tudo isso era completado pelos novos e mais eficientes motores.
Apesar do estouro no orçamento para o desenvolvimento, a nova versão foi um sucesso para a Boeing. O 747-400 teve quase 700 unidades produzidas em suas diversas variantes. O avião pode levar 416 passageiros e tem autonomia para 14,2 mil quilômetros na versão de alcance estendido.
747-8
A última versão do jumbo foi anunciada pela Boeing em 2005 com o objetivo de adotar modernas tecnologias que começavam a ser implementadas nos novos aviões da fabricante norte-americana, com o 787 Dreamliner. A nova versão aumentava também em tamanho (5,6 metros de comprimento maior que a versão anterior), o que permitia um maior número de passageiros e, principalmente, mais carga a bordo.
Apesar de todos os avanços, o 747 já passava a enfrentar duramente a concorrência dos grandes aviões bimotores, que consumiam bem menos combustível em relação aos quatro motores do jumbo. Isso fez com que o 747-8 tivesse vendas bem abaixo do esperado. Foram apenas 47 unidades na versão de passageiros e 107 para a versão cargueira.
Em menos de dois anos, o último avião do modelo deve sair da fábrica da Boeing, encerrando uma história de mais de 50 anos do avião mais famoso do mundo.
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