Guedes há um ano: 'Furar teto para ganhar eleição é irresponsabilidade'
Em outubro do ano passado, quando já se discutia o financiamento do novo programa social do governo Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que furar o teto de gastos para ganhar eleições é "uma irresponsabilidade com as futuras gerações". Na época, o governo dizia que o programa se chamaria Renda Cidadã.
Na última semana, porém, Guedes passou a defendeu furar o teto de gastos para pagar R$ 400 no Auxílio Brasil, como acabou sendo batizado o programa que substituirá o Bolsa Família. Bolsonaro determinou que o valor subirá para R$ 400 até o final de 2022, ano que o presidente tentará a reeleição.
A regra constitucional do teto determina que o gasto máximo que o governo pode ter é equivalente ao Orçamento do ano anterior, corrigido apenas pela inflação. Incluído na Constituição em dezembro de 2016, durante o governo Michel Temer (MDB), o teto está em vigor desde 2017 e deve durar 20 anos.
Na semana passada, o governo já conseguiu incluir a mudança no teto de gastos na PEC (Proposta de Emenda Constitucional) dos Precatórios e aprovar a proposta na comissão especial da Câmara. Com isso, o governo terá R$ 83 bilhões a mais para gastar.
Há pouco mais de um ano, Guedes dizia que uma coisa é furar o teto com o "objetivo de salvar vidas" e que se o Brasil sofresse uma segunda onda da pandemia do coronavírus, "aí sim seria o caso de furar o teto".
De lá para cá, de fato veio uma segunda onda de covid-19, e o governo se viu obrigado a retomar, a partir de abril, o pagamento do auxílio emergencial, que havia terminado em dezembro.
Com o avanço da vacinação, porém, a pandemia arrefeceu no Brasil, tendência que deve continuar em 2022.
No domingo (24), ao lado de Bolsonaro, Guedes disse não estar feliz por furar o texto, "mas não adianta tirar 10 em fiscal e zero em assistência social. Tem que ter responsabilidade social".
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