Lojas apostam em calcinha retrô para atender de cliente madura a fetichista
Sensuais e românticas, as lingeries retrô recuperam as formas comportadas e tecidos sofisticados das pin-ups dos anos 1940 e 1950. As peças são procuradas por um público heterogêneo, que inclui mulheres maduras, jovens e fetichistas, e viraram um nicho no mercado de moda íntima.
Em 2010, a engenheira Beatriz Stresser, 51, decidiu investir na tendência retrô criando um site para vender corseletes, calcinhas de cintura alta, sutiãs estruturados e cintas-ligas. Um ano depois, a Laloïe Corseterie virou loja física em um shopping de Curitiba.
A diversidade do público é uma das razões para o sucesso das vendas, afirma Stresser. Entre as compradoras, há jovens, idosas e adolescentes, que compram para o dia a dia e datas especiais, como o casamento.
"Não há um padrão de faixa etária nem de poder de compra. Tem pessoas que economizam para conseguir comprar a peça dos sonhos”, comenta Stresser, que tem no seu estoque peças de até R$ 1.000, como um corselete importado de linho. A loja vende cerca de 600 peças íntimas por mês, a maior parte entre R$ 50 e R$ 100, diz a empresária.
A moda, que se fortaleceu há cerca de quatro anos, também interessou a Eliete Farias, 52. Dona de uma confecção que até 2010 fazia lingerie de algodão em Palhoça (SC), em 2011 ela criou uma coleção especial. Hoje, a Fetiches e Poemas faz apenas peças à moda antiga e vende no atacado e no varejo.
Para agradar o novo público, Farias conta que pesquisou tecidos e desenhos. “Passei a usar ‘tecido de moda’, e investir na modelagem, que é o que garante o conforto.” Sua coleção inclui luvas, cinta-liga, calcinha e sutiã a preços que variam entre R$ 30 e R$ 80.
Fora a venda online no varejo, sua confecção atende a uma média de quatro lojistas por mês com pedidos que chegam a R$ 3.000.
Retrô não é moda, é nicho de mercado
“Tudo indica que não é uma moda passageira, mas é um nicho, com produtos de maior valor agregado. Normalmente, vendem-se menos peças, mas com uma margem de lucro maior”, analisa Marcelo Sinelli, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
A diversidade do público conta pontos a favor da manutenção do mercado. “De repente, a menina de 20 e poucos anos pode consumir por modismo, mas a mulher que é mais velha seguirá procurando conforto e feminilidade”, diz Andressa Lock, coordenadora dos cursos de moda do Senac Florianópolis (SC).
Em 2013, o casal Vanessa Cristina de Vasconcelos e Rodrigo de Vasconcelos, de Itirapina (SP), apostou nisso e investiu cerca de R$ 60 mil para criar uma loja virtual especializada nessa tendência, a YesRetrô vende roupas e objetos.
Há quatro meses, decidiram lançar uma linha de lingerie. As roupas íntimas já representam 10% do faturamento --que não foi informado. “Os tecidos são comprados em lojas do ramo em Americana (SP). O cuidado em primeiro lugar é com a qualidade. Em relação a estampas e cores, procuramos o que remeta ao antigo”, diz Vasconcelos.
Qualidade de roupa e modelagem são diferenciais
O sucesso nesse nicho de mercado depende do uso de bons tecidos e da modelagem adequada ao público.
“Definir bem o consumidor que se pretende atender é primordial, uma vez que as escolhas de tecidos, estilos e modelagens mudam muito de perfil para perfil”, aconselha Ursula Carvalho, especialista em moda do Senac-RJ. Ela reforça que o empresário deve estar atento às novas matérias-primas, maquinários e técnicas de confecção.
Segundo Andressa Lock, do Senac de Florianópolis (SC), quem quiser costurar as próprias peças precisa investir, no mínimo, R$ 30 mil em maquinário. “A grande maioria terceiriza a costura porque reduz muito o custo”, diz ela.
Onde encontrar:
Fetiches e Poemas: www.elo7.com.br/4005d
Laloïe Corseterie: www.facebook.com/laloiecorseterie
YesRetrô: www.yesretro.com.br
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