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Busca por imagens exóticas do Brasil amplia espaço para bancos de fotos

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

17/12/2014 06h00

A procura por rostos, paisagens e costumes brasileiros em imagens exóticas para anúncios, livros e veículos de comunicação está ampliando o mercado de bancos de imagens nacionais. Há espaço tanto para empresas novas, como a CrayonStock, que entrou em operação em março de 2014, e outras mais antigas, como a Pulsar Imagens, criada em 1991, e o SambaPhoto, lançado em 2001.

As empresas apostam em tipos de fotos, nichos de público e modelos de negócio diferentes. A Pulsar Imagens foca em fotos que documentem a realidade brasileira, segundo a fundadora Laura Lourenço, 59. “Retratamos o cangaceiro, o gaúcho, o índio em seus contextos. Retratamos um Brasil muito específico, não só o Cristo Redentor”, afirma.

A empresa conta com um grupo de 40 fotógrafos profissionais em todas as regiões do país, que enviam material diversificado regularmente. O valor da foto pago por agências de publicidade, editoras, sites, entre outros, varia de acordo com a utilização, tempo, território e mídias em que será utilizada.

O preço inicial é R$ 90, com uso restrito a produtos editoriais online. Não há limite de valor, pois depende da extensão do uso, segundo Lourenço.

Este modelo de negócio é conhecido como direito controlado, pois o uso da foto está atrelado às condições contratuais. Os fotógrafos recebem uma comissão de 45% do valor de venda da foto, deduzidos os impostos. Com um acervo de cerca de 200 mil fotos, tem cerca de 500 mil downloads por mês. O faturamento não foi divulgado.

O SambaPhoto, fundado em 2001, busca trabalhos autorais de fotógrafos profissionais. Entre as imagens disponíveis, há vencedoras de prêmios e que estão em exposição em galerias de arte, por exemplo. Por isso, seleciona a dedo seus novos fotógrafos, considerando a qualidade do trabalho e o volume que ele pode entregar. A empresa pede um lote inicial de 400 fotos.

Há cerca de 100 mil imagens no portfólio e 200 clientes ativos, sendo que 80% são agências de publicidade, segundo a fundadora, Juliane Bezerra, 45. O faturamento não foi divulgado. 

O site trabalha com dois modelos de negócio: "royalty free", em que o preço das imagens varia de R$ 200 a R$ 3.000, de acordo com o tamanho do arquivo, e direito controlado, em que o valor depende da utilização. O preço médio, segundo Bezerra, é de R$ 800, e permite que a foto seja utilizada por um mês em anúncios de uma página em jornais regionais.  

Nos dois casos, o fotógrafo recebe uma comissão que varia de 30% a 40% do valor de venda da imagem. "Como são fotos autorais, não consigo cobrar um preço muito baixo. Mas o cliente que nos procura sabe que encontrará um material diferenciado e está disposto a pagar por ele", afirma Bezerra.

Na CrayonStock, que aceita imagens feitas por fotógrafos amadores, o modelo também é de "royalty free". Há opções de assinatura a partir de R$ 97 mensais (até 150 fotos por mês) a R$ 557 (até 25 fotos por dia), no modelo "royalty free", que não especifica o uso da imagem.

Modelo de negócio depende da estratégia do empresário

Segundo Célio Placer, professor de planejamento estratégico da FIA, a demanda por fotos tipicamente brasileiras é crescente em todo o mundo, pois o país tem ganhado representatividade no cenário internacional. E uma forma de alcançar mercado além das fronteiras é se aliar a outras empresas.

“É interessante buscar parcerias com grandes grupos de mídia, por exemplo, identificar suas necessidades e desenvolver produtos focados nelas”, afirma.

As empresárias percebem o interesse internacional crescente, tanto que a Pulsar Imagens possui um escritório em Londres desde o final de 2013 e participa de feiras na Europa para ficar conhecida, e o SambaPhoto possui uma parceria com o site americano GettyImages para venda de suas fotos.