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Com novos donos e serviço para chefs, velho mercado de doce cresce 11 vezes

Leandro Harbeli

Do UOL, em São Paulo

23/03/2015 06h00

Os manuais de empreendedorismo ensinam que comprar um negócio em funcionamento não é tarefa para principiantes. Mas os jovens irmãos Alessandra e Cadu Heilberg, então com 24 e 25 anos, mesmo sem experiência, compraram em 2010 o Bondinho, tradicional mercado de doces no bairro da Pompeia, zona oeste de São Paulo. Em quatro anos, segundo eles, as vendas cresceram 11 vezes.

À época da aquisição, cujo valor não é revelado, o total das vendas da empresa girava em torno de R$ 1 milhão anuais. Em 2014, o faturamento bateu a casa dos R$ 11 milhões, segundo os empresários. O lucro não foi informado.

Para realizar a proeza, a falta de experiência foi compensada com os anos de dedicação aos estudos. Ele é formado em administração com uma pós-graduação em empreendedorismo. Ela é formada em administração hoteleira e em gastronomia, tendo ainda uma pós-graduação em confeitaria na The French Pastry School de Chicago (EUA). 

Juntos, tiveram base para modernizar o negócio surgido em 1974. O distribuidor de chocolates, produtos de confeitaria, embalagens e acessórios para festas era ainda administrado pelos seus fundadores quando foi vendido. Cansados, queriam se aposentar. “O Bondinho tinha um nome forte no mercado, mas apresentava sérios problemas, principalmente falta de mercadorias”, declara Cadu.

Novos donos criaram atendimento especializado a chefs

Diversificar os produtos, importando itens sofisticados, como cacau de várias partes do mundo, foi uma das estratégias encontradas para reerguer o tradicional ponto doceiro.

Com mais de 7.000 itens à venda (80% acima do que antes da aquisição), hoje o Bondinho apresenta ainda dois importantes diferenciais: a oferta de cursos culinários profissionalizantes e o atendimento especializado a chefs de confeitarias, restaurantes, bares e hotéis, fornecendo chocolate, cacau e outros insumos finos.

Com participação crescente, a demanda profissional levou ao atendimento personalizado a empresas, com equipe treinada exclusivamente para a tarefa. O departamento responde hoje por 30% do faturamento. Os outros 70% vêm das vendas no varejo.

Os irmãos agora se preparam para lançar uma marca própria de chocolates e confeitos. Atualmente, o Bondinho conta com representantes em 15 Estados brasileiros e uma estrutura de 500 metros quadrados construídos, onde trabalham 50 funcionários. A empresa também atua com e-commerce, oferecendo em sua loja online mais de 2.000 itens.

Comprar negócio já aberto exige pesquisa financeira

Apesar de haver casos de sucesso, especialistas fazem ressalvas quanto a comprar um negócio em funcionamento, o chamado "running business". “É preciso ter em mente que praticamente toda empresa à venda não está com a saúde 100%. Salvo raras exceções, ninguém vende a galinha dos ovos de ouro”, afirma Reinaldo Messias, consultor do Sebrae-SP.   

A recomendação é, antes da aquisição, levantar todo o histórico da empresa, incluindo fluxo de caixa, eventuais irregularidades junto à prefeitura, processos trabalhistas e outros problemas que podem parar na Justiça. Segundo ele, é importante ter experiência no ramo em que se quer atuar. 

O risco costuma ser maior no caso dos micronegócios, como salões de beleza e bares, por causa da falta de informações, segundo o consultor, pois nem sempre essas empresas emitem nota fiscal ou fazem os controles financeiro e fiscal. “Nessas situações, fica difícil avaliar o movimento financeiro”, diz Messias.

Ele alerta que negócios à venda foram, muitas vezes, vítimas de erros do próprio dono. “Desconfie de tudo, contrate um contabilista e verifique como anda o negócio, se ele se paga. Um bom advogado também é importante. Esse tipo de transação só vale a pena se o futuro dono conhecer muito bem o cenário em que quer atuar”, declara o consultor. 

Onde encontrar:

www.bondinhochoc.com.br