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Eles faturam R$ 5 mi para xeretar até Facebook de devedor que se esconde

Os sócios da Localize, da esquerda para direita: Aldo Moscardini, Lucas Gouvêa, Flávio Goeldner e Marcelo Quintas - Divulgação
Os sócios da Localize, da esquerda para direita: Aldo Moscardini, Lucas Gouvêa, Flávio Goeldner e Marcelo Quintas Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/04/2017 04h00

Jornalistas, advogados e especialistas cartorários investigam a vida pessoal de um empresário devedor, para encontrar evidências de que ele tem bens como pessoa física para pagar as dívidas da sua pessoa jurídica. Este é o serviço que faz a Localize, empresa de São Paulo, que faturou R$ 5 milhões em 2016.

Para isso, a equipe bisbilhota fotos de família nas redes sociais, como Facebook, procura telefones e endereços cadastrados como sendo de empresas do investigado e busca documentos em cartórios.

O serviço de investigação e recuperação de ativos é contratado, principalmente, por bancos que emprestam dinheiro para empresas e têm medo de perder as garantias oferecidas no caso de dificuldades financeiras do credor.

"Há no país uma cultura muito enraizada de querer se safar do compromisso financeiro. De 2008 para cá, muitos escritórios de advocacia passaram a fazer blindagem patrimonial (para seus clientes), que é quando a pessoa jurídica quebra, mas a pessoa física, não. Só que blindar patrimônio é fraude ao credor", diz Marcelo Quintas, diretor comercial e sócio da Localize.

Algumas artimanhas usadas para essa blindagem são a transferência de bens para parentes, uso de "laranjas" e contas em paraísos fiscais, entre outros.

Faz relatório para ajudar em acordo ou processo

Depois de fazer a investigação, que leva, em média 60 dias, a empresa elabora um relatório com as evidências coletadas e as orientações para que o cliente entre na Justiça ou tente um acordo mais favorável.

"Tudo o que fazemos é legal, a partir de informações públicas. Só que é necessário ter inteligência e estratégia para procurar nos lugares certos", diz Rafael Nogueira, sócio e CEO da empresa.

O serviço é caro, a partir de R$ 40 mil, fora os custos que o cliente terá com advogado para seguir com o processo. Por isso, é mais procurado em casos de dívidas altas, acima de R$ 3 milhões, geralmente.

Os empresários dizem que a empresa cresceu no último ano devido a investigações da Polícia Federal, como a Lava Jato, que podem determinar bloqueio de bens dos investigados. A Localize foi contratada por bancos que emprestam dinheiro para as empresas investigadas. O faturamento aumentou 20% ano passado, e o número de casos investigados, 40%.

É preciso cuidado e treinamento para agir dentro da lei

Para Ana Luiza Santos Santana, consultora do Sebrae-SP, o negócio é promissor, pois tem pouca concorrência. "Este tipo de serviço de investigação particular é muito usado nos EUA, por exemplo, e ajuda muito."

Por outro lado, é algo que exige estrutura e treinamento dos profissionais. "Precisa ter, obrigatoriamente, uma assistência jurídica para garantir que as investigações sejam feitas dentro da legalidade e, assim, evitar danos, como um processo por danos morais por ter invadido a privacidade de alguém", declara.

Onde encontrar:

Localize: www.localize.com.br