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Vendeu o carro e congelou comida mexicana para salvar o negócio dos pais

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/01/2018 04h00

A Nacho Loco, de Vinhedo (SP), começou com um bufê de tacos e burritos para festas. Salvou-se da falência virando uma empresa que vende comida mexicana congelada em supermercados como Carrefour, Extra e Pão de Açúcar. Em 2017, faturou R$ 8 milhões. O lucro não foi revelado. 

A empresa começou em 2007 com investimento de cerca de R$ 35 mil, como uma atividade complementar do casal Sérgio Freitas, que era professor universitário, e da advogada Filomena Reis.

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Nos tempos iniciais, como bufê de comida e decoração mexicanas para festas, o faturamento girava em torno dos R$ 30 mil mensais. Depois, a empresa começou a crescer ao entrar no ramo de eventos corporativos, principalmente de construtoras para lançamento de imóveis. Montou uma cozinha industrial no final de 2010 e, em 2011, o faturamento deu um salto, chegando a cerca de R$ 150 mil mensais.

Porém, entre 2013 e 2014, com o início da decadência do mercado imobiliário, os negócios passaram a ir mal, segundo João Freitas, 28, filho do casal fundador.

O faturamento não era suficiente para manter a estrutura que foi montada. As dívidas foram se acumulando e havia o risco de a empresa quebrar. Em meados de 2015, pedi demissão do meu emprego para assumir o negócio e implantar o projeto de vendas em supermercados

João Freitas, sócio da Nacho Loco

Freitas é formado em marketing e tinha experiência anterior no varejo, por isso teve a ideia de mudar de ramo. “Voltei a morar com meus pais e vendi meu carro para juntar dinheiro para as embalagens”, diz.

Burritos, tacos, quesadillas e mais

Os produtos da Nacho Loco são: burritos (carne com queijo, costelinha barbecue, frango com requeijão, queijo com brócolis na manteiga), tacos (carne ou frango), quesadillas (nacho burger, nacho cheddar, frango desfiado com barbecue), chili beans e burritos doces (doce de leite, maçã, banana com creme de avelã). Os preços variam de R$ 14 a R$ 20.

Para ganhar espaço, a empresa investiu em "visual merchandsing" (embalagens bonitas e boa exposição no ponto de venda), além de promover degustações. Atualmente, os produtos estão disponíveis em mais de 1.100 pontos de venda em 17 Estados. Em 2016, deixou de fazer eventos.

Recentemente, parte da empresa foi vendida para um fundo de private equity para levantar capital para a mudança de fábrica, que deverá passar de 250 m² para 2.000 m² em março. O valor da transação não é divulgado, mas Freitas diz que continua com a maior parte e com o comando da empresa.

A expectativa para 2018 é faturar R$ 15 milhões e ultrapassar os 2.000 pontos de venda. Também há planos de exportação para os EUA, por meio de um parceiro comercial em Miami, segundo Freitas.

Desafio é a logística dos congelados

Os empresários souberam observar o cenário e tomaram a decisão de mudar os rumos do negócio a tempo, segundo Adriano Campos, consultor do Sebrae-SP. “Muitas vezes, os empreendedores são emotivos em relação à empresa e têm dificuldade de desapego de uma estratégia que deu certo durante um tempo, mas não se adapta mais ao momento do mercado”, afirma.

Ele diz a empresa acertou ao investir em "visual merchandising" e trabalhou bem a imagem do produto. Os desafios, segundo ele, são manter a qualidade com a ampliação da linha de produção e a complicada logística dos produtos congelados.

“Além do cuidado no transporte, eles precisam ter certeza de que o supermercado vai manter o produto corretamente acondicionado. Se descongelar, mesmo que parcialmente, e a embalagem molhar ou alterar o sabor, o cliente pode ter uma má experiência e deixar de comprar na próxima vez”, declara.

Onde encontrar:

Nacho Loco: www.nacholoco.com.br

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