Quer ter franquia dos Correios? Faturamento anual pode chegar a R$ 1 milhão
Já imaginou ter uma franquia dos Correios? O processo não é igual a de uma rede de franquias tradicional, na qual você compra uma unidade da marca. Nos Correios, o processo é diferente. A habilitação de uma Loja de Correios Franqueada (LCF) é feita por meio de processo licitatório. Atualmente, há três editais de licitação abertos para o novo modelo de franquia postal da estatal.
O faturamento médio por ano da LCF pode chegar a R$ 1 milhão, com lucro médio anual de R$ 205 mil. Isso acontecerá, segundo a estatal, no sétimo ano do contrato.
Os Correios figuram entre as 50 maiores redes de franquias do país, conforme o ranking da ABF (Associação Brasileira de Franchising), divulgado em fevereiro. Está na 20ª posição.
Editais para novas lojas
Os Correios lançaram em fevereiro três editais de licitação para as LCFs. Estão sendo licitadas quatro lojas em Brasília, uma loja em Maringá (PR) e uma loja em Porto Alegre (RS). Os interessados devem encaminhar propostas até o dia 22 de abril, às 9h.
O investimento inicial vai de R$ 371,2 mil (loja tipo 1, com 140 m²) a R$ 503,9 mil (loja tipo 2, com 200 m²). O valor, que já inclui a taxa de franquia, pode variar segundo as características do mercado local (locação/aquisição de imóvel, obras, materiais, mobiliários, etc.).
O franqueado precisa pagar royalties por mês: 5% sobre o faturamento bruto. O valor refere-se ao uso da marca e serviços prestados pelos Correios e pelo direito de explorá-la comercialmente. Também é cobrada uma taxa mensal de fundo de propaganda: 2% do faturamento bruto.
O contrato do franqueado com a estatal é de dez anos, podendo ser renovado por igual período.
As lojas franqueadas podem ter um portfólio robusto de serviços. Inclui encomendas expressas (como Sedex e Sedex 10), serviços internacionais (como telegrama internacional e Sedex Mundi), de mensageria (como cartas e impresso) e de conveniência (como recebimento de contas e embalagens).
O portfólio de soluções desse modelo é personalizado, com a opção de adesão ou não a alguns produtos e serviços, segundo a estatal. As lojas também podem ter serviços de coleta, oferecendo um pacote de soluções logísticas completas para atender pessoas físicas e jurídicas.
Faturamento anual pode chegar a R$ 1 milhão
Os Correios selecionam áreas de interesse a partir de estudos de mercado. O objetivo é garantir lucratividade e sucesso da franquia. No entanto, segundo a estatal, o faturamento e o lucro da loja dependem do desempenho do franqueado para atuar no mercado postal, sobretudo, no atendimento dos serviços de encomenda.
Há uma expectativa média de volume de objetos a serem comercializados, assim que a maturidade da loja for alcançada. Isso poderá gerar faturamento médio anual de R$ 670 mil (loja tipo 1) e de R$ 1 milhão (loja tipo 2), com lucro médio anual de cerca de R$ 130 mil e R$ 205 mil, respectivamente. Segundo a estatal, os estudos preveem que o amadurecimento do modelo será alcançado no sétimo ano do contrato, estabilizando o volume de objetos até alcançar os dez anos.
De acordo com a estatal, este novo modelo faz parte do processo de modernização da rede de atendimento, com novo layout e vagas de estacionamento. As lojas são instaladas em regiões urbanas de médio e grande porte —cidades que tenham a partir de 50 mil de habitantes.
95% do faturamento vem de clientes empresariais
Franqueado dos Correios desde 1999, Maurilio Gavazzoni, 59, diz que 95% do faturamento da sua unidade vem de pessoas jurídicas. O faturamento não foi revelado.
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Quero receber"Eu sou um franqueado bem ativo, que não fica na agência esperando clientes. Vou atrás das grandes empresas para oferecer nossos serviços de coleta e postagem de encomendas", afirma. A sua unidade está localizada no bairro Xaxim, em Curitiba (PR). Além de pessoas jurídicas, a franquia atende de 60 a 80 pessoas físicas por dia. A unidade tem 19 funcionários.
A única ressalva dele é a demora nas decisões. "Por ser uma estatal, as decisões e os lançamentos de novos serviços e produtos são muito demorados, e isso atrapalha um pouco a nossa rotina do dia a dia", diz.
Para Adriana Campos Jorge, 40, dona de uma Loja de Correios Franqueada, os clientes pessoa jurídica ainda representam 30% do seu faturamento mensal. "Mas a meta é chegar a pelo menos 80%", afirma. Aberta há sete meses, a loja franqueada fica na avenida Ragueb Chohfi, na zona leste de São Paulo. A loja tem sete funcionários.
A gente está sempre na luta em busca de empresas, para ter um volume maior de operações dentro da loja. Desde dezembro, isso vem melhorando.
Adriana Campos Jorge
Correios têm mais de 10 mil unidades
Atualmente, os Correios possuem 10.660 unidades de atendimento em todo o país. Deste total, 5.945 são lojas próprias e 953 franqueadas e 3.762 pontos de atendimento comunitário (convênios com prefeituras). Há também 69 pontos de coleta em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte (MG).
Os pontos de coleta são estabelecimentos comerciais autorizados pelos Correios para receber e retirar encomendas dentro do país. Eles são habilitados por meio de credenciamento. No início de fevereiro, foram publicados novos editais para credenciamento de lojistas em mais de 34 municípios. O interessado precisa preencher um formulário. O investimento é de até R$ 2.600.
Outro novo modelo é o Correios Modular, também habilitado por processo licitatório. É um canal de atendimento que funciona em comércios que compartilham sua estrutura física e de pessoal para comercializar serviços postais (Sedex, cartas, etc.).
Há 14 editais abertos para a contratação de 32 unidades em diversos estados. O investimento inicial varia entre R$ 580 e R$ 11 mil (tipo 1, imóvel de 40 m² e com área de apoio de 5 m²) e entre R$ 650 e R$ 17 mil (tipo 2, imóvel de 40 m² e com área de apoio de 7 m²). Veja os editais aqui.
Marca forte é ponto positivo
Os Correios são uma marca forte, com capilaridade em todo o país. "Atender localidades remotas favorece as lojas franqueadas neste nicho de mercado, já que isso é um alto custo para outras operadoras de logística", afirma Ruy Barros, consultor de negócios do Sebrae-SP.
A estatal tem serviços exclusivos além de encomendas e cartas, como mensagens, marketing direto, Sedex e PAC, entre outros. "O mercado está com alta demanda para encomendas devido ao aumento do e-commerce", diz.
O contrato com vigência de dez anos e atuar em regiões urbanas de médio e grande porte favorecem um retorno mais rápido ao franqueado.
Lojas com um layout mais moderno e vagas para estacionamento são um diferencial competitivo. Em 2023, os Correios anunciaram R$ 350 milhões em investimentos na construção e modernização de centros operacionais e reforma de agências. "Há também a promessa do governo de não mais privatizar o sistema", diz.
Pontos que precisam ser considerados são o investimento inicial alto e o perfil do franqueado. "Ele precisa ser proativo para os negócios, prospectando clientes corporativos, por exemplo. Não pode ficar parado esperando aparecer as oportunidades. Tem que ser muito competitivo no mercado", afirma.
Os Correios precisam se modernizar junto ao ecossistema de logística e digitalização. "Isso é uma promessa que consta da Circular de Oferta da Franquia para as novas lojas franqueadas", diz Barros.
"Vale lembrar também que os Correios perderam mercado nas entregas do comércio eletrônico, passando de 80% em 2010 para 45% em 2020. Isso gera um ponto de atenção para esse investimento", afirma.
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