Analistas preveem dólar em até R$ 2,80 para 2014; entenda razões da alta
A deterioração das contas públicas, o mau desempenho do PIB e a perspectiva de retirada dos estímulos da economia norte-americana colaboraram para que o dólar subisse 15,1% em 2013, com possibilidade de alta contínua para 2014, chegando aos níveis de R$ 2,40, podendo atingir até R$ 2,80, avaliam especialistas.
Até maio de 2013, o dólar se manteve oscilando entre níveis de R$ 1,94 e R$ 2,04. Segundo Carlos Eduardo Ferreira de Lima, da CMA Econofin, os pilares centrais que sustentaram a elevação da moeda a partir desse mês começaram a surgir quando autoridades do Banco Central Europeu sinalizaram uma possível intervenção na economia.
Outro fator de depreciação do real foi a perspectiva de redução de estímulos na economia norte-americana, que se concretizou em dezembro.
O Fed, o banco central americano, por conta da grave crise que abalou o país desde 2008, começou a recomprar títulos públicos e outros ativos para estimular a economia do país, aumentando a oferta de dólares em circulação.
Com a melhora da economia norte-americana, o Fed decidiu reduzir essa política, o que diminui os dólares disponíveis no mercado.
Fuga do risco
Isso, aliado à possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos faz com que os investidores abandonem investimentos (e países) mais arriscados e guardem seu dinheiro nos Estados Unidos, num movimento conhecido como 'flight to quality'.
Essa pressão fez com que a cotação da moeda norte-americana atingisse, em 21/08/2013, R$ 2,451, o maior nível desde 9 de dezembro de 2008, no auge da crise global. Durante todo o ano, o Brasil foi a 5ª moeda com maior desvalorização, atrás de Argentina, Indonésia, África do Sul e Japão.
Esses fatores, a preocupação com a inflação e o endividamento das empresas brasileiras levaram o Banco Central brasileiro (BC) a fazer leilões de venda de dólares diariamente até o fim de 2013, em uma tentativa de segurar a alta da moeda norte-americana.
Em 23 de agosto, um dia depois de anunciada a operação diária de leilões, o dólar recuou para R$ 2,353, uma queda de 3,23%, a maior em quase dois anos. É a maior intervenção desse tipo desde o auge da crise internacional, em 2008.
Após a decisão do Fed de reduzir os estímulos à economia norte-americana, o Banco Central brasileiro decidiu estender seu programa de intervenções no mercado de câmbio, mas com alguns ajustes, como a redução da quantidade de contratos de dólares oferecidas no mercado futuro. O BC afirmou que as intervenções vão continuar pelo menos até 30 de junho.
Perspectivas para 2014
Para o professor Otto Nagami, do Insper, se tudo correr bem, o dólar deve oscilar entre R$ 2,40 e R$ 2,42 em 2014, mas com possibilidade de chegar a R$ 2,80 se ocorrer algo muito estressante no mercado, já que 2014 é ano de eleição presidencial.
Para ele, como a situação do balanço de pagamentos do país é muito ruim -o saldo em transações correntes negativo em US$ 60,4 bilhões mostra que o pais não está tendo uma capacidade de geração de reserva cambial-, o alívio deve vir da alta dos juros que atrai, ainda que momentaneamente, investimentos estrangeiros especulativos, que buscam apenas lucros imediatos.
Para ele, os dólares dos turistas estrangeiros que virão ver a Copa do Mundo também devem trazer algum alívio para o real.
Para poder reverter essa situação de dependência de capitais estrangeiros, na opinião do professor, o Brasil teria que dar uma competitividade maior ao setor exportador e incentivar os investimentos do setor privado.
Nem horríveis, nem maravilhosas
Para Evaldo Alves, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp), as perspectivas para o dólar em 2014 "não são horríveis, mas também não são maravilhosas".
Segundo ele, o Brasil terá de competir com outros países que estão se mostrando mais eficientes e flexíveis no comércio exterior, como os países membros da Aliança do Pacífico, bloco formado em junho de 2012 por nações da América Latina.
"O Brasil não está aproveitando como devia esta oportunidade enorme que é a crise na Europa e a recuperação dos Estados Unidos", diz.
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