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Rede D'Or paga R$ 194,3 milhões em lucros aos investidores hoje

Hospital da rede D"Or São Luiz  - Divulgação
Hospital da rede D'Or São Luiz Imagem: Divulgação

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/04/2022 04h00

Nesta terça-feira (12), os acionistas da Rede D'Or São Luiz (RDOR3) receberão R$ 194,3 milhões referentes à distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP). Para cada ação será pago o valor bruto de R$ 0,10 e sobre a remuneração haverá a incidência de Imposto de Renda (IR). Tem direito ao pagamento quem comprou os papéis até 31 de março.

Segundo levantamento da plataforma Economatica feito a pedido do UOL, em 2021 a Rede D'Or foi a empresa do setor de saúde com o maior volume distribuído aos acionistas, entre dividendos e JCP.

Com tamanha distribuição de lucros, vale investir na rede de hospitais e maternidades? Quais são as perspectivas de ganhos aos investidores? Veja as respostas abaixo, segundo analistas.

Distribuição dos lucros

Assim como os dividendos, os juros sobre o capital próprio (JCP) são um tipo de remuneração distribuída aos acionistas, sócios ou cotistas de uma empresa listada na Bolsa de Valores.

A diferença está nas regras contábeis. Os JCP são considerados como despesa da empresa. Já os dividendos são calculados sobre o lucro líquido, por isso a cifra não é tributada duas vezes —ou seja, trata-se de uma fonte de renda isenta de Imposto de Renda (IR) para quem investe.

Nos JCP, no entanto, os acionistas são responsáveis por pagar o tributo sobre o valor recebido. A alíquota é de 15% e a taxa é recolhida na fonte.

A distribuição dos JCP da Rede D'Or, referente ao primeiro trimestre de 2022, acontece semanas depois de a companhia anunciar um acordo com a SulAmérica (em 23 de fevereiro), em aproximadamente R$ 13 bilhões. Todo o negócio acontecerá por troca de ações.

Será a maior aquisição desde que a Rede D'Or abriu capital na B3, em maio de 2021, quando fez uma oferta inicial de ações de R$ 11,5 bilhões.

Expectativa positiva para os acionistas

Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research, se diz otimista em relação ao futuro das duas empresas. A combinação de negócios, declara ele, vai acelerar o crescimento tanto da Rede D'Or quanto da SulAmérica.

As duas marcas manterão suas operações independentes, mas será possível buscar sinergias entre os dois negócios — um com atuação no segmento hospitalar e outro em planos de saúde.

Apesar de juntas, a Rede D'Or continuará a atender outros planos de saúde; e a SulAmérica, por sua vez, terá contratos com redes hospitalares pertencentes a outros sócios. "A expansão será mais rápida, porque os dois negócios podem crescer onde uma operação já tem atuação forte e outra nem tanto", afirma Ragazi.

Além disso, acrescenta o analista da Nord, espera-se que haja uma redução de custos de transação entre as duas empresas e mais escala para a compra de insumos — algo apontado como um diferencial grande para quem atua no setor.

Perfis financeiros são complementares

Mas o principal, segundo Ragazi, está na combinação do perfil financeiro dos dois negócios. A SulAmérica tem caixa líquido e a Rede D'Or conta com um endividamento líquido que não é elevado.

Quando as duas companhias estiverem juntas, para o analista, o endividamento vai ser menor e haverá espaço para que ele aumente, o que viabilizará a aceleração do crescimento das empresas.

O especialista diz que os acionistas da rede podem trabalhar com a expectativa de distribuição de lucro excepcional no curto prazo, por conta dessa otimização da estrutural de capital.

Quando olho para uma tendência de longo prazo, o que se vê é a aceleração do crescimento e o aumento da rentabilidade. Consequentemente, os lucros vão crescer mais. Eu diria que sim, definitivamente vale a pena investir nas ações da Rede D'Or, ainda que hoje a empresa esteja com resultados impactados pela pandemia.
Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research

Em relatório da XP Investimentos divulgado logo após a divulgação dos resultados do quarto trimestre da Rede D'Or, Rafael Barros e Larissa Perez declaram que os efeitos relacionados à pandemia perderam peso no desempenho da companhia. Por outro lado, os analistas afirmam que a alta alavancagem da empresa, aliada à alta das taxas de juros, aumentam as despesas financeiras líquidas.

Ainda assim, a XP mantém a expectativa positiva em relação aos papéis da Rede D'Or, com perspectivas de crescimento.

Especialista recomenda cautela

Segundo Valéria Vieira, head de renda variável da RB Investimentos, como o anúncio do acordo entre Rede D'Or e SulAmérica ainda é recente, é precipitado apontar quais serão os prós e contras do negócio para os acionistas.

A junção dos negócios pode trazer uma sinergia para ambas as empresas, tanto que as ações de ambas valorizaram no dia do anúncio. Mas não está claro como será a sinergia e se haverá exclusividade da Rede D'Or nos planos de saúde. Reduzimos a exposição na carteira da RB, mas ainda vale a pena ter em carteira já que é uma empresa líder no setor.
Valéria Vieira, head de renda variável da RB Investimentos

Na análise do Safra, se o negócio entre a rede de hospitais e a SulAmérica for aprovado pelos órgãos reguladores, trará à Rede D'Or mais força no setor de saúde, já que permitirá sua atuação em quase todos os segmentos.

Ampliação das fontes de receita

No ano passado, a recuperação já se traduziu em números atraentes. O lucro cresceu 265%. Desde o seu IPO (Initial Public Offering ou "oferta pública inicial"), em dezembro de 2020, foram feitas 17 aquisições — o que acrescentou ao portfólio 2.200 leitos (hoje são 10.618).

Além do volume, o analista da Nord Research cita o valor pago por leito — em média, abaixo de R$ 2 milhões. A cifra é inferior aos R$ 3 milhões esperados pelo mercado.

Outro indicativo de que a Rede D'Or deve seguir como algo interessante aos investidores é o seu processo de expansão. A marca avançou em direção a outros quatro estados desde que abriu capital, e atualmente o negócio tem uma receita combinada de R$ 40 bilhões.

Hoje a Rede D'Or tem pela frente não só a possibilidade de expansão por meio dos hospitais já existentes, como também o reforço que pretende dar na área de oncologia e de análises laboratoriais. Essa estratégia ganha corpo à medida que a empresa sabe que poderá contar com a carteira de clientes da SulAmérica, garantindo a demanda.

Como diz o analista da Nord Research, apesar de a empresa ser bem posicionada em sua área de atuação, a escala faz muita diferença, principalmente se estiver acompanhada de fôlego financeiro para continuar a crescer de forma inorgânica.

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