Golpe de pirâmide cripto é alvo de operação da PF; veja como se proteger
Um grupo suspeito de organizar um golpe de pirâmide financeira está sendo investigado pela Polícia Federal, que já prendeu diversas pessoas.
Milhares de vítimas podem ter sido afetadas. Elas foram atraídas por ganhos diários altos, e ainda receberiam uma remuneração por indicação. Essas são duas características de golpes no esquema de pirâmide. Veja abaixo como identificar esses goples e o que fazer se for vítima.
O que aconteceu
A PF deflagrou ontem, 18, mais um passo a operação Kripto. Os policiais cumpriram dois mandados de busca e apreensão nas cidades de Araranguá e Passo de Torres, ambas em SC. Nos últimos dias, nove pessoas foram presas pela PF. A investigação começou em 2021.
O golpe prometia pagar até 2,5% ao dia. Esse era o rendimento prometido a quem depositasse ao menos US$ 50 na criptomoeda Tether (USDT), por meio da falsa corretora Genesis.net, segundo o Portal do Bitcoin. Também havia pagamentos por indicação - essa é uma característica de esquemas de pirâmide.
Como identificar golpes de pirâmide
Os esquemas de pirâmide dependem da entrada de novas vítimas para pagar quem está no topo. A pirâmide pode ou não envolver algum produto para venda.
Golpes com criptomoedas também estão se tornando mais comuns. Mas isso pode acontecer com qualquer tipo de investimento.
O que define uma pirâmide é a remuneração. Nesse tipo de fraude, a única forma de recebermos o dinheiro de volta é quando outros colocam dinheiro no mesmo investimento.
É como se a entidade investida fosse "oca". Ela recebe dinheiro dos novos investidores em uma ponta e pagando os investidores mais antigos na outra, diz Ana Thereza Aguiar, advogada e sócia da área de Bancário, Meios de Pagamento e Fintechs do FAS Advogados.
O que fazer se for vítima
Bloqueie suas contas e apps de bancos. Assim que perceber que caiu em um golpe, o recomendado é realizar o bloqueio dos seus serviços financeiros. Por exemplo, faça a retirada de todos os recursos de uma conta de investimento que possa estar comprometida.
Depois, faça um Boletim de Ocorrência (BO). Registre na Polícia o que aconteceu para que ela possa tomar as medidas cabíveis e localizar a instituição fraudulenta. É melhor notificar a empresa financeira já com o boletim em mãos, segundo Cezar Telles Filho, advogado associado do escritório Oliveira Advocacia.
É importante também entrar em contato com um advogado de confiança. Ele pode te orientar sobre os caminhos possíveis para tentar reaver seu dinheiro.
Não tente reaver o dinheiro por conta própria. A instrução da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é seguir o devido processo legal. Denunciar a fraude e não tentar achar outros meios de resolver por conta própria, diz Telles Filho.
Onde denunciar o golpe
Veja se a empresa tem registro. Se a empresa realiza alguma atividade regulada pela Comissão de Valor Mobiliários (CVM) ou pratica uma atividade que recai sob competência da autarquia, a denúncia é por meio da Superintendência de Orientação aos Investidores (SOI). Caso a empresa seja uma instituição financeira, também pode ser denunciada ao Banco Central.
Bolsa tem mecanismo para recuperar dinheiro. Se houver uma corretora envolvida e a fraude tenha sido na Bolsa de Valores, o investidor deve acionar o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP) da BSM Supervisão de Mercado, instituição de autorregulação.
Veja se erro foi causado pelos profissionais. O MRP assegura o ressarcimento de até R$ 120 mil aos investidores comprovadamente lesados por erros ou omissões de participantes dos mercados administrados pela B3, segundo a advogada e sócia da área de Bancário, Meios de Pagamento e Fintechs do FAS Advogados, Ana Thereza Aguiar.
Outra opção é recorrer ao Ministério Público. Para isso, basta entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cidadão. Mas a advogada diz que seria em último caso, o recomendado é passar antes pela CVM ou Banco Central.
Criptomoedas são a exceção
As corretoras de criptomoedas ainda não precisam ser registradas. Não há uma central para se verificar se a corretora de fato existe, o que torna o investimento mais propício para golpes.
O Banco Central vai passar a regulamentar corretoras de criptomoedas. Essas empresas devem ser obrigadas a ter registro e a fornecer informações sobre seu funcionamento. Isso pode aumentar a transparência e a segurança desse tipo de investimento.
Mas pode demorar. Decreto entrou em vigor no dia 20 de junho, mas regulamentação pode levar pelo menos seis meses. O BC vai definir as regras do setor e haverá uma consulta pública.
Entre na Justiça. Mesmo que ainda não tenha nenhuma norma nesse sentido, é recomendável denunciar a empresa ao regulador. Independente de a companhia ter registro e de sua atividade ser ou não passível de fiscalização pela CVM ou pelo Banco Central, as vias da Justiça cível e penal são caminhos para o investidor reagir ao golpe, afirma ela.
Com informações das matérias "BC vai regulamentar criptomoedas: o que muda para os investidores" e "O que fazer e onde denunciar se você for vítima de golpe de investimento".
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