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Mesmo sendo um dos '5 frágeis', analistas descartam crise do dólar no país

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

29/01/2014 12h45

Índia, Turquia e agora África do Sul aumentaram suas taxas de juros na tentativa de conter a forte desvalorização de suas moedas. O Brasil também vem sofrendo com a desvalorização do real.

O Brasil foi colocado pela imprensa internacional como um dos "cinco frágeis", termo usado pelo banco Morgan Stanley para identificar os países que sofreriam mais com a mudança da política econômica e o fim dos estímulos nos EUA. O grupo engloba Brasil, África do Sul, Índia, Indonésia e Turquia.

Haveria risco de uma crise cambial de fortes proporções no país?

Três especialistas consultados pelo UOL avaliam que não. O professor de economia Evaldo Alves, da FGV-Eaesp, que prevê a possibilidade de um aumento da taxa de câmbio para R$ 2,80 neste ano, afirma que isso não é uma crise, mas uma "mudança de parâmetro cambial".

"O que ocorre é que muitos estavam desprevenidos, não acreditavam que os Estados Unidos fossem cumprir a promessa de parar de injetar dinheiro na economia. Agora que isso se concretizou, o dólar vai se valorizar, não tem jeito. Os mercados têm de se ajustar."

Brasil tem dez vezes mais reservas do que Argentina e Turquia

Para o professor de Finanças da Fiap Marcos Crivelaro, o Brasil tem a vantagem de ter reservas financeiras internacionais bastante elevadas, além de uma dívida externa pequena. "O Brasil tem 10 vezes mais reservas do que a Argentina e a Turquia", diz. Segundo ele,  o Brasil tem US$ 375,5 bilhões em reservas, enquanto a Argentina tem US$ 29,5 bilhões e a Turquia, US$ 40 bilhões.

"Além disso, o Brasil continua tendo entradas regulares de dólares, e temos a perspectiva da Copa do Mundo, que deverá trazer ainda mais dólares para o Brasil. Ou seja, há fatores que amenizam."

Real não deve se desvalorizar demais, acredita analista

Para Rodrigo Hudson, diretor da Cotar Câmbio, o Brasil sofre os efeitos do movimento "flight to quality", quando os investidores abandonam os investimentos mais arriscados em países emergentes e voltam a guardar seu dinheiro nos Estados Unidos. "Isso foi causado pela retirada dos estímulos à economia norte-americana e reforçado pelo mau desempenho do PIB brasileiro e pelos recentes acontecimentos na Argentina e demais emergentes", diz.

Mas Hudson não acredita numa valorização do dólar tão grande como a vista no ano passado, que ultrapassou a casa dos 15%. "Neste ano, o dólar deve se valorizar, mas a um ritmo bem menor. Teremos a Copa do Mundo e as eleições. Mas uma coisa é certa. O dólar não volta ao nível de R$ 2,20."