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Ações da Petrobras na Bolsa de NY caem mais de 4% após fala de Bolsonaro

Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo
Imagem: Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/10/2021 18h50

As ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York (os chamados ADRs, American Depositary Receipts) chegaram a despencar 4,36% após fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante transmissão semanal realizada nas redes sociais, nesta quinta-feira (28).

Na live, Bolsonaro defendeu que a Petrobras tem um "viés social" e que, por isso, não tem que ser uma empresa que dá um lucro muito alto, "como tem dado". Ele também voltou a criticar a política de preços dos combustíveis adotada pela estatal, reforçando que tem buscado meios de mudá-la. (Assista ao vídeo abaixo)

A declaração repercutiu mal entre os investidores e, por volta das 17h42, no after market (oportunidade de negociação após o fechamento do pregão regular) da Bolsa americana, os papéis da companhia caíam mais de 4%, a US$ 10,10. Às 19h, a Petrobras divulgou o balanço do terceiro trimestre, com lucro de R$ 31,1 bilhões. Com o resultado, o lucro acumulado pela empresa em 2021 já soma R$ 75,1 bilhões.

Em entrevista à RedeTV!, realizada na noite de ontem, Bolsonaro afirmou que já pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um estudo sobre a possível privatização da Petrobras, mas disse que o processo não é simples porque depende de aprovação do Congresso a um eventual projeto enviado pelo governo federal.

Segundo ele, é preciso acabar com o monopólio da petroleira para reduzir o preço dos combustíveis. O presidente reconheceu que no passado era contra as privatizações, mas disse que agora mudou de opinião e que pediu a Guedes um estudo sobre a possível venda da petroleira estatal.

Cada vez mais, Bolsonaro tem sido pressionado pela alta constante dos combustíveis, que acumulam alta real (acima da inflação) de mais de 30%. Enquanto isso a empresa reverteu anos de prejuízo em uma sequência de lucros que são distribuídos aos seus acionistas —dentre eles, o governo federal.

A disparada no preço dos combustíveis é um dos fatores que mais pesam na inflação, que já passou de 10% nos últimos 12 meses.

A Petrobras é uma empresa de economia mista: tem ações negociadas na Bolsa, mas o controle majoritário das ações com direito a voto fica com o governo federal, que dita os rumos da empresa.