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Carlos Juliano Barros

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Trabalheira: Quanto ganha um jogador profissional de videogame?

30/03/2023 04h00

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"Eu sou tipo o Julius — eu tenho vários trabalhos!"

Primeira mulher a disputar a divisão de elite do FIFA, o mais popular dos jogos de futebol para videogame, Stephanie Santos compara sua vida profissional à do cômico personagem da série "Todo Mundo Odeia o Chris", famoso por se equilibrar em diversos empregos.

Além de se dedicar à carreira de "pro player", como são conhecidos os jogadores de videogame que ganham a vida disputando torneios pelo mundo, Stephanie faz dupla jornada como "streamer", transmitindo e disputando partidas de FIFA em tempo real, pela internet (ouça a entrevista no arquivo acima a partir de 09:58).

Pro players e streamers estão entre os mais bem sucedidos profissionais de um mercado de trabalho que não para de crescer: o da indústria de videogames. Para ter uma dimensão da pujança desse segmento da economia digital, a consultoria especializada Newzoo estima que o faturamento das empresas do setor em 2023 supere os US$ 200 bilhões.

A relação entre essas duas ocupações tão características destes tempos marcados pelo avanço da tecnologia é o tema do segundo episódio da nova temporada do podcast Trabalheira, disponível no arquivo acima.

Produzido pelo Repórter Brasil e distribuído pelo UOL, o programa tem como missão debater as principais interfaces entre o mercado de trabalho e o mundo digital. Em sua primeira temporada, o Trabalheira foi eleito um dos destaques do ano pelo Spotify no Brasil.

Afinal, quanto ganha um profissional do videogame?

Atual campeão mundial de Valorant, um conhecido jogo do gênero "first-person shooter" (atirador em primeira pessoa, numa tradução livre), o argentino Matias Delipetro se mudou anos atrás para o Brasil para morar com a namorada e repaginar a carreira de pro player. Hoje, ele tem contrato com a Loud — uma das maiores equipes de e-sports do país.

Questionado sobre quanto ganha um pro player como ele próprio, Delipetro afirma que é difícil cravar uma cifra precisa, porque há diferenças entre os tipos de jogo, por exemplo. No entanto, ele arrisca uma estimativa.

"Em dólar, a média está de 3 mil, 4 mil para cima (entre R$ 16 mil e R$ 21 mil)", afirma. Mas, assim como no caso de atletas profissionais de futebol ou basquete, Delipetro ressalva que outras fontes de renda podem superar a remuneração mensal prevista no contrato firmado entre um pro player e seu time.

"O jogador pode ter um stream, pode fazer live, e ganhar mais ainda do que no salário. Ao mesmo tempo, ele pode ter parcerias com algumas marcas de headset (fone de ouvido), de mouse, de teclado", completa (a partir de 08:53).

Sindicato de streamers

Em 2021, um vazamento de dados da Twitch, a plataforma da Amazon que é o principal palco para os streamers em todo o mundo, viralizou nas redes sociais.

De acordo com as informações que vieram a público, 135 streamers brasileiros de grande porte, em sua maioria ligados ao universo dos videogames, faturaram conjuntamente US$ 22 milhões ao longo de um ano.

Mas esses valores nem de longe representam a realidade da maior parte dos produtores de conteúdo digital ao vivo. Tanto é assim que um curioso movimento se formou em agosto de 2021: um sindicato de streamers.

Basicamente, a articulação contestava a política de assinaturas da Twitch. Os fãs pagavam um valor cheio à plataforma que, por sua vez, repassava menos de um terço do total aos streamers.

Segundo Matheus Tavares, um dos idealizadores do movimento, a iniciativa não conseguiu sensibilizar a empresa. Por essa razão, os streamers tiveram de apelar à criatividade para driblar os termos de uso da Twitch e turbinar seus ganhos.

"O Pix salvou muitos streamers menores, né? Então, a gente agora não depende totalmente da plataforma, depende mais dos colaboradores [que, em vez de pagarem pelas assinaturas à Twitch, depositam diretamente na conta dos streamers]", explica Tavares (a partir de 16:52).

O podcast

A nova temporada do "Trabalheira" vai contar com cinco episódios, publicados sempre às quintas-feiras, neste espaço.

O programa é roteirizado e apresentado por este colunista em parceria com a jornalista Ana Aranha, da Repórter Brasil.

Você pode ouvir este e outros episódios do Trabalheira no UOL, no Youtube, no Spotify, na Apple Podcasts e em todas as plataformas de podcast.