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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Comprar um imóvel foi a pior decisão que tomei. Por que fiz isso de novo?

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Imagem: Reprodução

20/09/2021 04h00

A compra do imóvel próprio faz parte do sonho da maioria dos brasileiros. Esse momento sempre foi tido como um grande marco na vida de uma família, e não são raros os casos de pessoas que se endividam por anos e anos só para terem uma casa para chamar de sua. Comigo não foi diferente.

Com 24 anos, tinha acabado de ficar noiva e decidi comprar meu primeiro imóvel. Visitei o apartamento modelo, pois estava em construção, e dois dias após assinei os papéis de compra. Na época, acreditei mesmo que aquela era a melhor opção para mim e não poderia jamais me arrepender de tal escolha. Ledo engano.

Passaram-se cinco anos da mudança e já não aguentava mais o prédio, os vizinhos, o ambiente. Nada mais estava adequado. Porém, isso não era o pior. O mais grave foi a dívida que fiz para conseguir comprar o imóvel.

Dívida alta

Quando adquiri o imóvel, um apartamento bem pequeno, não tinha nada de dinheiro guardado e precisei financiar 80% do valor do imóvel por 30 anos, o que acabou comprometendo minha renda mensal em mais de 30%.

Como não tinha grana nem para dar a entrada dos 20% faltantes, precisei pegar um empréstimo. Tinha uma dívida alta e de longo prazo no valor de R$ 200 mil e outra dívida de curto prazo no valor de R$ 25 mil.

Em poucos anos, percebi que aquele local já não era mais adequado para mim, pois ficou pequeno demais para minhas necessidades de home office e moradia.

Queria sair de lá o quanto antes e para isso me dediquei muito para conseguir quitar essa dívida o quanto antes. Usava o dinheiro de 13º, férias, bonificações e qualquer valor extra que entrasse para a quitação daquele imóvel. Deu certo e em cinco anos consegui quitar tudo.

Lição aprendida

Foi uma dura lição, pois passei cinco anos sem conseguir fazer nada, como comprar roupas legais, fazer viagens ou até mesmo um gasto um pouco maior em um restaurante devido a essa dívida que levava uma boa parte dos meus ganhos.

Isso acarretou vários outros problemas e dívidas que me deixaram no vermelho. No meu primeiro ano pagando o imóvel, no auge dos meus 24 anos, já tinha contraído uma dívida de mais de R$ 80 mil, o que nos dias atuais seria o equivalente a R$ 140 mil.

Depois de toda essa experiência, o que ficou foi um trauma muito grande de comprar um novo imóvel e ocorrer tudo isso novamente: dívidas, desespero, juntar dinheiro, abrir mão de coisas triviais.

Prometi a mim mesma que a próxima casa seria alugada, com tudo que eu queria e com o tempo, depois de juntar dinheiro, compraria mesmo uma casa na qual eu quisesse ficar por muitos anos.

Aprendizados

Em 2020, mordi a língua. Minha avó faleceu, e a casa dela acabou indo para inventário, e o espólio não sabia se venderiam, manteriam fechada ou alugariam a casa.

Depois de muita conversa e programação, acabei comprando a casa. Estou reformando-a, praticamente do zero, e terá tudo o que eu sempre quis em uma casa.

Pelo lado financeiro, foi uma péssima decisão. Poderia tranquilamente alugar uma casa muito confortável e gastaria muito menos do que o que estou gastando com a reforma.

Porém, o que aprendi é que nem todas as decisões são racionais nem precisam ser. Algumas vezes o que fala mais alto é a parte emocional.

O futuro

Essa decisão específica tem muita ligação sentimental e com minhas ideias para o futuro. Isso não quer dizer que foi uma escolha inconsequente, pois houve muita preparação, planejamento e pesquisa.

Jamais teria tomado essa decisão se não tivesse minha reserva de emergência, meus investimentos e minha empresa faturando bem. Por isso me permiti fazer essa compra e curtir cada escolha para a nova casa.

Quando se tem controle do dinheiro e se planeja de uma maneira correta seu futuro, qualquer decisão que tome fica mais fácil, e mesmo que faça alguma loucura, ela se torna muito tranquila.

O dinheiro existe para que possamos aproveitar a vida e realizar nossos sonhos. O que não podemos é querer realizar os sonhos custe o que custar e justificar como uma decisão emocional.

Razão e emoção sempre têm que andar juntas, senão, infelizmente, a chance de seus sonhos se tornarem pesadelos é bem grande.