Graciliano Rocha

Graciliano Rocha

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

China e dividendo baixo emperram valor da ação da Vale em 2025, segundo BTG

Em relatório publicado depois da saída da Cosan na semana passada, analistas do BTG Pactual afirmam que o fluxo de caixa pressionado, os dividendos abaixo das expectativas e a perspectiva incerta para a economia chinesa são os principais entraves para uma valorização mais consistente das ações da Vale.

A recomendação do banco segue neutra, com preço-alvo de R$ 65, enquanto as ações são negociadas na faixa de R$ 52,60.

A decisão da Cosan - conglomerado do bilionário Rubens Ometto - de vender sua participação na mineradora poderia alimentar preocupações adicionais aos investidores, interpretada como um sinal de falta de confiança no potencial da empresa no curto prazo. O BTG, no entanto, avalia que a saída da holding está mais relacionada à necessidade de redução de alavancagem do que a problemas estruturais na Vale.

"Claramente, um insider com uma cadeira no conselho de administração vendendo nunca é percebido como uma boa notícia, particularmente porque o investidor está reconhecendo perdas consideráveis no investimento", afirma o relatório do BTG, assinado por Leonardo Correa, Marcelo Arazi e Bruno Henriques.

"No entanto, vemos o movimento como sendo mais motivado pela necessidade de abordar os altos índices de alavancagem da holding em meio a um contexto de aumento das taxas de juros, em vez de algo específico sobre a Vale", explica a área de pesquisa do banco.

Na semana passada, o UOL revelou que o prejuízo da Cosan com a venda de ações da Vale pode chegar a um valor próximo a R$ 5 bilhões.

Os analistas do BTG destacam que a pressão sobre os fluxos de caixa em 2025 deve limitar a atratividade dos dividendos, estimados entre 6% e 8%, um nível inferior ao de papéis de outras empresas conhecidas como boas pagadoras de proventos, como a Petrobras.

O alto nível de investimentos e compromissos financeiros tem impacto. A empresa prevê desembolsos de caixa da ordem de US$ 3,7 bilhões neste ano, enquanto o capital de manutenção deve consumir cerca de US$ 6,5 bilhões. Esse cenário gera receios entre investidores mais voltados para retornos de curto prazo, que preferem companhias com maior previsibilidade de geração de caixa.

Apesar dos desafios, o BTG acredita que há perspectivas de melhora para a Vale no médio prazo, à medida que a empresa conclui a renegociação da concessão ferroviária e avança na resolução de passivos com a Samarco. No entanto, o relatório ressalta que o cenário ainda é de cautela, com a necessidade de uma reavaliação futura dos fundamentos do mercado de commodities antes de qualquer mudança de recomendação.

Continua após a publicidade

No cenário internacional, diz o relatório, a desaceleração da economia chinesa continua a representar um risco significativo.

Além disso, a contínua crise no setor imobiliário chinês e as incertezas sobre pacotes de estímulo governamental adicionam volatilidade ao mercado. O início de novas construções na China continua caindo, levando a uma expectativa de queda de 1% a 3% na produção de aço bruto em 2025.

A China está enfrentando um ambiente deflacionário, com títulos de longo prazo sendo negociados abaixo dos níveis do Japão.

Segundo os analistas do BTG, o mercado parece estar precificando problemas significativos para a economia chinesa, com os formuladores de políticas aparentemente "atrás da curva" e o setor imobiliário enfrentando desafios.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.