Indústria deixa de cair, e ajuda a projetar tombo menos pior da economia
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Os números do desempenho da economia, em junho, e os mais relevantes de maio, começam agora a sair do forno. Eles estão confirmando que o fundo do poço da grande crise econômica causada pelo colapso da produção e das vendas com a Covid-19 ficou para trás, com as quedas mais acentuadas de abril.
Mas parâmetros de medição foram tão alterados que a os esforços para projetar o que pode vir pela frente exige cautelas e cuidados redobrados. A expansão de 7%, observada no conjunto da indústria, entre abril e maio, conta uma história de "recuperação" que ainda precisa vir entre aspas. Em linha com as projeções, a alta é a maior desde junho de 2018, mas ficou longe de eliminar o recuo de 26%, acumulado em março e abril, consequência da paralisação das atividades do setor com a pandemia.
Um exemplo capaz de resumir a situação pode ser encontrado na trajetória da produção de veículos, o carro chefe (sem trocadilho) do setor industrial, cujos números de maio foram divulgados nesta quinta-feira (2), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O volume produzido em maio foi quase 245% maior do que em abril, mas representa uma queda forte, de 74,5%, na comparação com o que foi expedido pelas fábricas em maio de 2019.
O caso dos veículos é bem típico dos impactos iniciais na atividade econômica do inédito e violento choque simultâneo de oferta e de demanda. A produção praticamente parou e quase nada saiu das linhas de montagem entre a segunda quinzena de março e o mês de abril. No acumulado de 2020, até maio, a produção recuou 50%, quando comparada com os números acumulados dos primeiros cinco meses de 2019.
Com os novos números da indústria, analistas estão projetando uma nova e mais acentuada expansão em junho, em torno de 10% sobre maio. Se a previsão se confirmar, o volume produzido ainda estará cerca de 10% abaixo do volume de produção registrado em junho de 2019.
É trajetória semelhante à encontrada na pesquisa mensal PMI, sobre a indústria brasileira, realizada pela consultoria global IHS Markit, conhecida mundialmente como "Índice Gerentes de Compras", que afere os níveis de novos pedidos e produção setoriais. Pela primeira desde fevereiro, o índice superou 50 pontos, considerado o ponto neutro, em que o setor não se encontra nem em retração, nem em expansão. Expressou recuperação da atividade, em relação ao índice de 38,3 pontos, registrado em maio, refletindo, basicamente, o retorno das fábricas à produção que havia sido paralisada.
De todo modo e de uma maneira geral, as tendências mais recentes convergem para previsões um pouco menos negativas do que as anteriores. O horizonte ainda aponta para quedas importantes, mas já agora em grau ligeiramente menor do que antes era vislumbrado.
Para o segundo trimestre, por exemplo, uma contração de 10% sobre o período janeiro-março, antes avaliado como piso da queda, agora já está sendo visto como teto. Apesar das incertezas com relação a uma reabertura mais consistente da economia, no segundo semestre, e depois de uma piora forte nas projeções de organismos multilaterais como FMI e Banco Mundial, acima de 8%, a retração prevista para 2020 tem sido revista para números menos piores do que esse.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.