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José Paulo Kupfer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Recuo em janeiro é pontual e inflação deve ter nova alta forte em fevereiro

09/02/2022 13h07

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A inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), cedeu, em janeiro, em comparação com dezembro, recuando de uma alta de 0,73%, no último mês de 2021, para 0,54%, na entrada de 2022, dentro das expectativas. Mas, ainda que em ritmo menor, trata-se da maior alta para o mês em seis anos. Fevereiro, de acordo com as projeções de especialistas, promete uma paulada, com elevação no mês próxima de 1%.

Esse quadro permite observar que a inflação mostra resistência, ainda que exiba recuo mês a mês, nos últimos três meses. Essa resistência se reflete não só no fato de que oito dos nove grupos de bens e serviços abrangidos pelo IPCA registraram alta em janeiro, mas também na subida do IPCA acumulado em 12 meses, que só deverá recuar, segundo as previsões, a partir de meados do primeiro semestre.

Em janeiro, a inflação em 12 meses, vindo de 10,06% em dezembro, avançou para 10,38%. Se confirmadas as estimativas, irá a 10,44% em fevereiro. A queda no acumulado em 12 meses pode começar a ocorrer em março, recuando dos dois dígitos a partir de maio. Mas quedas mais intensas do índice só mesmo a partir do segundo semestre.

A previsão atual entre os especialistas é de que a inflação fechará 2022 nas vizinhanças de 6%. Se confirmada, será o segundo ano consecutivo acima do teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, que é de 5%, com centro em alta 3,5% em 2022.

Além dos fatores climáticos típicos do período, afetando preços de frutas e outros alimentos, a marcha dos preços em janeiro mostra reflexos da pandemia na atividade econômica. Mostra ainda influência de movimentos determinados por fatores externos, caso das cotações internacionais de commodities, principalmente nos mercados de petróleo e alimentos.

Depois de "artigos de residência" - eletroeletrônico domésticos, móveis e TV, som e informática -, refletindo altas em bens industriais, por problemas de custo, com a falta de suprimentos, alimentação em casa foi o item que mais subiu em janeiro. Como tem maior peso no IPCA, "alimentação" respondeu por quase metade da alta do mês.

O vaivém da movimentação de pessoas, de acordo com as ondas de contágios e internações das variantes do coronavírus, continua influenciando determinados grupos de preços. É o caso da alimentação fora de casa, uma categoria típica do grupo de serviços, que desacelerou forte de dezembro, quando subiu 0,93% no mês, para janeiro, com alta de 0,25%.

Contudo, os recuos nas variações de preços de combustíveis e energia elétrica em janeiro são tidos como pontuais pelos especialistas. Novas altas já devem ser observadas em fevereiro nesses itens, mas o maior impacto deve vir do grupo "educação".

Como lembra o economista Fabio Romão, um dos mais experientes especialistas brasileiros no acompanhamento da inflação, altas de inflação em fevereiro, puxadas pelo grupo "educação", são típicas do mês. Mas, adverte Romão, desta vez, o impacto tende a ser mais forte. Isso porque muitos dos preços no grupo são indexados, como o caso da remuneração dos professores, cujo reajuste terá relação com a inflação de 10% em 2021.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL