Katherine Rivas

Katherine Rivas

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

9 bancos estão baratos na Bolsa: como ganhar um salário mínimo todo mês?

O setor de bancos é conhecido por ser um dos mais resilientes da Bolsa de valores e preferido de muitos investidores que buscam viver de dividendos. Diante de ótimos resultados apresentados por alguns no 2° trimestre, será que ainda é possível encontrar bancos que estejam baratos e sejam boas oportunidades?

Levantamento de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, para a coluna revela que no setor bancário ainda tem nove bancos baratos.

Quais são os bancos baratos na Bolsa

Para saber se as companhias estavam caras ou baratas, Sobreira utilizou o múltiplo Preço sobre Lucro (P/L). Esse indicador que mostra o quanto o mercado está disposto a pagar pelo lucro de uma empresa. Se o P/L médio dos últimos cinco anos é maior do que o projetado para os próximos 12 meses, a companhia pode ser considerada barata, já que tem potencial de gerar valor. Veja abaixo os bancos baratos:

Qual foi o P/L médio dos últimos cinco anos e qual é o P/L projetado para os próximos 12 meses:

  • Banco ABC (ABCB4): 6,74; 4,24
  • Banco do Brasil (BBAS3): 5,72; 3,92
  • Banestes (BEES3): 8,56; 4,83
  • Banco Mercantil (BMEB4): 11,63; 6,73
  • Banco BMG (BMGB4): 7; 5,71
  • Banco BTG (BPAC11): 48,39; 27,39
  • Itaú (ITUB4): 11,98; 8,29
  • Banco Pine (PINE4): 11,42; 3,67
  • Santander (SANB11): 16,79; 15,12

Como ter renda de um salário mínimo com estes bancos?

Mas, afinal, quanto seria necessário investir nos bancos listados na bolsa para ter renda mensal de um salário mínimo (R$ 1.412) com dividendos deles? No Banco do Brasil (BBAS3) seria necessário um patrimônio de R$ 205.382 para conquistar este objetivo.

Sobreira considerou para o cálculo a mediana de dividend yield (retorno em dividendos) dos últimos cinco anos destas instituições. Veja abaixo:

Qual foi o DY mediano nos últimos cinco anos

Continua após a publicidade
  • Banco BMG (BMGB4): 11,49%
  • Banco do Brasil (BBAS3): 8,25%
  • Banestes (BEES3): 6,88%
  • Banco ABC (ABCB4): 6,42%
  • Santander (SANB11): 6,26%
  • Banco Pine (PINE4): 5,92%
  • Banco Mercantil (BMEB4): 5,72%
  • Itaú (ITUB4): 4,12%
  • Banco BTG (BPAC11): 2,07%

Patrimônio necessário para ter renda mensal de R$ 1.412 com dividendos

  • Banco BMG (BMGB4): R$ 147.467
  • Banco do Brasil (BBAS3): R$ 205.382
  • Banestes (BEES3): R$ 246.279
  • Banco ABC (ABCB4): R$ 263.925
  • Santander (SANB11): R$ 270.671
  • Banco Pine (PINE4): R$ 286.216
  • Banco Mercantil (BMEB4): R$ 296.224
  • Itaú (ITUB4): R$ 411.262
  • Banco BTG (BPAC11): R$ 818.551

Baratinhos e eficientes

Entre os bancos baratos mais recomendados pelos analistas para compor uma carteira de dividendos de longo prazo se encontram: Banco do Brasil (BBAS3), Banco ABC (ABCB4) e Banco Itaú (ITUB4).

Banco do Brasil: perene e descontado

O Banco do Brasil possui uma carteira de crédito diversificada com destaque para crédito consignado e crédito rural, no qual a instituição é líder de mercado no Brasil. Segundo Milton Rabelo, analista da VG Research, 50% do crédito rural oferecido no país vem do Banco do Brasil, com mais de 2,5 milhões de clientes nesse mercado.

Continua após a publicidade

A forte participação no segmento de agronegócio é estratégica, dado que é o setor que mais cresce no país e puxa a economia brasileira, observa Gabriel Duarte, analista da Ticker Research. Além disso, o fato de o Banco do Brasil trabalhar muito com servidores públicos, que acabam utilizando o crédito consignado, traz um risco menor do que o crédito para o varejo tradicional. "É uma instituição que tem uma carteira de crédito mais resiliente do que outros bancos", afirma Duarte.

O banco estatal também possui vantagens fortes quando o quesito é remuneração dos acionistas. Rabelo lembra que o Banco do Brasil elevou neste ano o seu payout (parcela dos lucros destinada ao pagamento de proventos) de 40% para 45%, o que o fortaleceu como um bom pagador de dividendos.

Além disso, o banco combina uma remuneração adequada (com dividend yield superior a 8%), oito pagamentos por ano, presença em setor estratégico da economia, executivos competentes e resultados sólidos, afirma Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista. "Fizemos diversos estudos sobre empresas que pagam dividendos de forma sustentável e o Banco do Brasil é atualmente a melhor companhia neste quesito", comenta.

O desconto das ações também pode ser um benefício, diante do risco político. Segundo Rabelo, os papéis BBAS3 estariam exageradamente descontados, negociando a múltiplos de 5 vezes preço sobre lucro (P/L) e 0,91 preço sobre valor patrimonial (P/VP).

Veja nesta coluna uma análise completa sobre o Banco do Brasil.

Banco ABC: foco nas empresas

Diferente dos seus pares, o banco ABC trabalha apenas com crédito para empresas, médias e de grande porte (entre R$ 30 e R$ 300 milhões de faturamento). Uma das vantagens de trabalhar com grandes empresas é que a inadimplência é baixa, em consequência o crescimento da rentabilidade também é limitado, aponta Duarte, da Ticker. O motivo é que grandes empresas costumam ter um bom histórico de crédito e ser boas pagadoras, portanto, não é possível fazer empréstimos a elas com taxas elevadas.

Continua após a publicidade

Mas a realidade está mudando para o banco. Ele está avançando no segmento de médias empresas, onde há possibilidade de crescimento, mas com risco de inadimplência maior. "Por serem empresas menores, o banco consegue jogar os juros para cima, tendo uma rentabilidade maior. Mas tem que ficar com os olhos bem abertos em relação a inadimplência", comenta Duarte.

Um fato positivo do banco ABC é a remuneração frequente de acionistas. O banco costuma pagar juros sobre capital próprio aos seus investidores em fevereiro e agosto. Por ter controladores estrangeiros, no caso da empresa árabe Arab Banking Corporation, o banco também tem essa prática de pagar dividendos aos seus acionistas de forma previsível, diz Duarte.

Entre os desafios de investir no banco, está o aumento do risco de inadimplência com a entrada no segmento de médias empresas. Por trabalhar com crédito corporativo, existe também um risco de concentração caso alguma grande empresa apresente problemas como foi o caso de Americanas. Os impactos da quebra de uma companhia tendem a ser maiores do que seria em outros bancos, pontua Renato Reis, analista da Blue3 Research. "A parte positiva é que o segmento de empresas costuma ser mais resiliente do que pessoas físicas", pondera.

Reis é neutro na recomendação para o banco ABC, por considerar que a inadimplência das empresas está aumentando. O dividend yield projetado para os próximos 12 meses é de 7%. Para Duarte a recomendação é de compra, com dividend yield estimado de 6,5%.

Banco Itaú tem crédito diversificado

O banco Itaú possui uma carteira de crédito bem diversificada, que ultrapassa R$ 1 trilhão. Segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, há linhas de crédito variadas tanto para pessoas físicas quanto para empresas, com e sem garantia. "Nos últimos trimestres, o Itaú mudou o foco de crescimento da carteira. Antes o imobiliário estava crescendo forte, agora o maior foco é para financiamento de veículos, com spread maior e boas garantias", explica. Reis, da Blue3 Research, diz que o banco Itaú seria a melhor alternativa para quem busca renda no longo prazo.

Continua após a publicidade

Porém, as ações ITUB3 e ITUB4 são consideradas caras pelo mercado se comparadas com papéis de outros bancos. O problema desse preço esticado, segundo Reis, é a cobrança do que o mercado espera do Itaú. Se houver um problema na rentabilidade do banco, por exemplo, a penalização das ações pode ser maior do que em outra instituição.

Após passar por um período de investimentos mais elevados em transformação digital, o Itaú voltou a distribuir uma proporção maior do seu lucro aos acionistas, em torno de 60%, e, na visão de Quaresma, essa prática deve persistir no curto prazo.

Veja nesta coluna uma análise completa do Itaú.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes