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'Sexta-feira sangrenta' global derruba Bolsa e leva dólar a alta recorde
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A cotação do dólar subiu 4%, nesta sexta-feira (22), a R$ 4,805, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira recuava 2,86%. A alta do dólar foi a maior para um dia desde março de 2020, e a queda da Bolsa foi a maior desde outubro de 2021.
A derrubada das cotações no mercado brasileiro refletiu um mergulho generalizado nos mercados de ativos ao redor do mundo. Todas as bolsas — nos Estados Unidos, Europa e Ásia — fecharam no vermelho, nesta sexta-feira. Nos Estados Unidos, os principais índices, Dow Jones, S&P500 e Nasdaq fecharam com quedas de pelo menos 2,5%. Foi uma "sexta-feira sangrenta" em praticamente todos os mercados.
No Brasil, o "risk off" — aversão ao risco, no jargão do mercado financeiro — que atingiu todos os mercados globais, pode ter sido potencializado pela insegurança institucional que se instalou com a concessão de indulto pelo presidente Jair Bolsonaro a parlamentar condenado no dia anterior pelo STF (Supremo Tribunal Federal), numa evidente afronta a um outro Poder da República.
Mas o motivo de fato relevante para explicar a derrubada geral dos ativos, tanto no Brasil quanto no exterior, tem origem nas expectativas de que o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano), já a partir de maio, acelere e intensifique o ciclo de altas já sinalizado para as taxas de juros de referência no mercado americano. Na quinta-feira (21), Jerome Powell, presidente do Fed, anunciou que um aumento de 0,5 ponto "está na mesa" para maio.
A declaração de Powell foi entendida pelo mercado como uma indicação de que o Fed poderá fazer outras elevações de 0,5 ponto, levando a taxa de referência a 3,5% nominais, no fim do ano. Essa perspectiva disparou uma onda de vendas de ativos no mundo inteiro, com o objetivo de transferir aplicações para o mercado de renda fixa americano.
No mercado brasileiro, as declarações mais agressivas de Powell coincidiram com comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campo Neto, segundo os quais o ciclo de alta dos juros básicos, que já dura mais de um ano, estaria "perto do fim". Campos Neto falou a representantes do mercado financeiro, em Washington, durante a reunião conjunta de primavera do FMI e do Banco Mundial.
Foi uma senha para que os investidores imaginassem uma redução na diferença entre os juros básicos americanos e brasileiros. Essa diferença é o que, no fim das contas, acaba determinando, a alocação de recursos no mercado financeiro brasileiro. Para evitar mergulho mais profundo da cotação do dólar, o Banco Central interveio, vendendo moeda americana no mercado à vista. Ao mesmo tempo, o CDS (Credit Swap Default), um título financeiro que funciona como seguro contra calotes e dá a dimensão do risco de um país, subiu 2,24% apenas nesta sexta-feira, fechando em 213,6 pontos.
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