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Economia avança, mas não além dos espaços que estavam ociosos
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A atividade econômica andou para a frente no primeiro trimestre de 2022, mas avançou onde já havia espaço para ser ocupado. Não foram abertos novos campos de crescimento e, assim, as perspectivas são de que o impulso observado tende a se dissipar ao longo do ano, à medida em que a ocupação da capacidade existente se complete.
Daí o consenso de que o PIB (Produto Interno Bruto), depois de avançar 1%, no primeiro trimestre de 2022 sobre o último de 2021, ainda poderá mostrar expansão, mas em ritmo mais lento — estimativas estão em torno de 0,5% —, no intervalo abril a junho, perdendo tração no segundo semestre. Pesam também como freio os efeitos defasados ainda esperados da alta nas taxas básica de juros (taxa Selic), no esforço para conter a inflação.
O saldo das projeções para a evolução da atividade neste ano, depois dos números do primeiro trimestre, que estavam se encaminhando para apontar crescimento mais próximo de 2% em 2022, deverão se conter nas vizinhanças de 1,5%.
Dados do primeiro trimestre mostram uma economia que se encontra 1,6% acima do registrado no quatro trimestre de 2019, pré-pandemia, mas que ainda roda 1,7% abaixo do pico da produção total, ocorrido no primeiro trimestre de 2014. Oito anos depois da forte recessão de 2015 e 2016, a atividade ainda não voltou aos níveis anteriores ao grande recuo.
O avanço do PIB no primeiro trimestre de 2022, em relação ao último trimestre de 2021, foi puxado por expansão (de 1% no trimestre) do setor de serviços, respondendo ao crescimento do consumo (mais 0,7% no trimestre). A recuperação dos serviços ocorreu sobretudo nos segmentos de alimentação e transportes, não por coincidência alguns daqueles em que a atividade presencial é determinante.
Essa retomada meio tímida foi sancionada por um consumo impulsionado por transferências de renda, caso do Auxílio Brasil, programas de refinanciamento de dívidas, outros benefícios fiscais e, enfim, abertura ou reabertura de vagas no mercado de trabalho, apesar da renda travada e da alta da inflação. Expansão das exportações, na onda de altas nas cotações internacionais de commodities, ajudou a compor a explicação para o crescimento registrado no trimestre. A indústria, para variar, andou de lado, e a agropecuária, com problemas climáticos, deu para trás em culturas importantes, como a de soja.
Os sinais para frente não são animadores. Sem falar na inflação, que não deverá ceder abaixo dos dois dígitos pelo menos até setembro, reforçando a tendência de alta nos juros fixados pelo Banco Central, as importações e os investimentos recuaram forte, no primeiro trimestre. São ambos indicativos de dificuldade para a atividade econômica avançar além da capacidade que permanece ociosa. Ajudam a explicar também porque as projeções para o crescimento da economia, em simultâneo ao avanço de 2022, começam a recuar para 2023 e 2024.
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