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José Paulo Kupfer

REPORTAGEM

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Inflação em julho deve ser negativa pela 1ª vez em 2 anos e fechar ano a 8%

08/07/2022 16h36

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A inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), subiu em junho, na comparação com maio, quando o IPCA avançou 0,47%. A alta, de 0,67%, foi menor do que os analistas estimavam, e, mesmo chegando a 5,49% e a 11,89%, no acumulado em 12 meses, a marcha dos preços mostrou sinais de alívio.

Houve recuo nos núcleos de inflação, de 0,93% em maio para 0,89% em junho, e no índice de dispersão, que mede a quantidade de itens na cesta de bens e serviços do IPCA com aumentos no mês, de 72,4% para 66,6%.

Os valores ainda estão altos, mas a tendência é de queda. Analistas que acompanham a evolução dos preços estão agora projetando deflação para julho. De agosto até o fim do ano, as projeções são de altas mensais de 0,5% ou menos, inferiores às registradas nos mesmos meses de 2021, o que determinaria a trajetória de queda do IPCA em 12 meses. A exceção seria dezembro, com elevação de 0,8%, maior que 0,73% de dezembro do ano passado

O economista Fábio Romão, um dos mais experientes desse grupo, prevê um recuo de 0,5%, na inflação de julho, em relação a junho. "Outras estimativas de que tenho conhecimento apontam deflação de 0,7% e até de 1% no sétimo mês do ano", conta Romão.

Nas projeções atualizadas do economista, a inflação terminará 2022 nas vizinhanças de 8%, um avanço inferior aos 9% previstos há um mês, mas ainda muito acima do teto do intervalo de tolerância dos sistema de metas, de 5% para 2022. Mesmo com a deflação estimada para julho, a variação do IPCA só desceria abaixo dos dígitos em agosto, quando ficaria em 9,7%, no acumulado em 12 meses.

A origem desse recuo, segundo Romão, está principalmente vinculada à série de cortes em tributos que o governo Bolsonaro aprovou no Congresso, afetando combustíveis, energia e comunicação. Afetados pelas medidas, preços de gasolina, por exemplo, devem recuar.

Na avaliação de Romão, parte preponderante da redução de tributos será confirmada nas bombas dos postos, contribuindo também para a queda nos preços do etanol. As projeções do economista apontam recuo de 8% nos preços da gasolina, em julho, enquanto os do diesel devem subir 3,2%.

Movimentos nos preços de alimentos não contribuirão para a deflação esperada em julho. As previsões são de alta de 1,14% no mês, acima da elevação de 0,8% registrada em junho. O leite, com elevação acima de 7%, depois de subir 5,7% em junho, continuará a ser um dos vilões da inflação.