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José Paulo Kupfer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Altas típicas no período puxam inflação em fevereiro; tendência é de alívio

10/03/2023 13h32

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A inflação deu uma acelerada em fevereiro, em relação a janeiro, mas começou a recuar no acumulado em 12 meses. O recuo deve prosseguir pelo menos até meados de 2023.

Com alta mensal de 0,84% em fevereiro, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) superou as expectativas dos analistas, que previam elevação de 0,77% no mês. No ano, a inflação soma 1,37%, e 5,6%, no acumulado em 12 meses, abaixo da alta de 5,77% registrada em janeiro.

Projeções apontam queda até junho

Projeções atualizadas, já considerando os resultados deste mês, apontam queda da inflação mensal e no acumulado em 12 meses. Em 12 meses, a variação do IPCA recuaria para 4,6% em março e chegaria no ponto mínimo do ano em junho, com alta de 3,6%.

Novas altas, em 12 meses, seriam registradas a partir de julho, com a inflação chegando a 4,8%. O pico do ano ocorreria em setembro, com o IPCA avançando 6%. No último trimestre, pequenas quedas, mês a mês, fariam com que a inflação fechasse 2023 com elevação de 5,7%, praticamente repetindo o resultado de 2022.

Se essa previsão se confirmar, a inflação, no ano, ficaria abaixo das atuais projeções do boletim Focus, que apontam alta de 5,9%. De todo modo, a variação estaria acima do teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, que é de 4,75%, pelo terceiro ano consecutivo.

Alta se deveu a itens com reajustes anuais de preços

Itens indexados à própria inflação puxaram o IPCA para cima em fevereiro. Estão entre eles, educação, saúde e cuidados pessoais (inclui planos de saúde) e habitação (leia-se aluguel). São itens que sofrem reajustes anuais, com base em correção monetária de inflação passada.

Os três responderam por mais de dois terços da variação total no mês, com destaque para educação, grupo com alta sazonal no período e que sozinho explica 40% da variação mensal.

Pressão no ano vem dos monitorados

Previsões são de recuo relevante nas altas de preços no sensível grupo dos alimentos e bebidas. Se em fevereiro, no acumulado em 12 meses, o grupo registrou elevação de 9,8%, a perspectiva é a de que termine 2023 com variação positiva de 2,4%. Para março, as projeções são de alta em torno de apenas 0,2%.

Os maiores riscos de pressões inflacionárias em 2023 derivam dos preços administrados pelos governos, inclusive pela prevista recomposição de impostos nos governos estaduais. Destaque, no grupo, para altas de tarifas de energia elétrica e valores de planos de saúde. A previsão é de que o conjunto de preços monitorados subam perto de 9% no ano, muito acima da média estimada em conjunto para a inflação.