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Com derretimento do IGP-M, não faz sentido esperar agosto para baixar juros
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O IGP (Índice Geral de Preços), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma espécie de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), captado pelo IBGE, amanhã. O IGP, na versão M (de Mercado), que é o mesmo índice, mas apurado dentro do mês civil, está derretendo. Se o histórico se confirmar, pode-se apostar em trajetória de moderação para a inflação medida pelo IPCA.
A queda acentuada do IGP emite claro sinal de que o IPCA pode consolidar, a cada mês, um ciclo de quedas. A variação do IPCA expressa a inflação considerada no sistema de metas, que orienta as decisões da política de juros do Banco Central.
Espaço para corte só se amplia
O Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado que reúne presidente e diretores do BC, tem espaço para iniciar, já na reunião de meados de junho, o inevitável — repetindo, inevitável — ciclo de corte na taxa básica de juros. O mercado financeiro, que antes previa o início do ciclo de cortes dos juros básicos só para o fim do ano, já indica uma primeira redução da taxa em agosto. Qual, porém, o sentido de esperar até agosto se as condições da economia — e as tendências da inflação — já pediam o início dos cortes há algum tempo?
Está em queda segura, mas o que mais chama a atenção é a evolução do IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que é o subíndice com maior peso no IGP-M. Em maio, o IPA-M recuou 2,72%, com queda de 4,34%, em de janeiro a maio de 2023. No acumulado em 12 meses, registra um tombo de 7,54%.
O IPA-M mede a variação dos preços no atacado, aqueles pagos pelas empresas nos produtos e serviços que compram para incorporar ao que depois oferecem ao consumidor. Num resumo simples, entram como custos na formação dos preços praticados no varejo.
Queda no atacado antecede a no varejo
Se os preços no atacado estão em queda, crescem as chances de que os preços no varejo recuem. Não é líquido e certo que o recuo ocorra porque o movimento depende das condições da demanda. Com demanda muito aquecida, os vendedores podem encontrar espaço para ampliar suas margens de comercialização.
Mas a demanda não está aquecida a esse ponto. Tanto que a trajetória da inflação, medida pelo IPCA, a cada mês, também está em queda. Projeções para maio indicam avanço de 0,35%, metade do registrado em abril. Em 12 meses, a inflação pode ficar abaixo de 4%. Junho promete trazer as variações mais baixas do ano.
Expectativas mais ancoradas
Mesmo que, a partir de julho, a inflação medida pelo IPCA volte a subir, a alta será moderada. No fim do ano, ainda que fora do intervalo de tolerância do sistema de metas, a elevação, pelas melhores previsões, estará abaixo de 6%.
No Boletim Focus, que informa as projeções medianas de uma centena de analistas de conjuntura, e é importante fonte na avaliação do Copom, as expectativas de inflação estão em baixa. Para 2023, desceram, na avaliação mais recente, para 5,71%.
Mais importante, a projeção mediana para 2024 está em 4,13%. Se a expectativa se confirmar, a inflação, finalmente, ficará dentro do intervalo de tolerância do sistema de metas. Para o ano que vem, o teto do intervalo foi fixado em 4,5%.
Efeitos cumulativos e defasados
Tudo indica que a política de juros, que mantém as taxas reais brasileiras no topo das mais altas no mundo, está contribuindo com seus efeitos cumulativos e defasados para conter as altas da inflação.
Esses efeitos cumulativos e defasados da política de juros foram elementos de destaque nas análises do Copom, durante longos períodos, tempos atrás. Mas, por alguma razão desconhecida, deixaram de ser lembrados no BC do presidente Roberto Campos Neto.
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