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PIB terá alguma freada no ano, mas crescimento pode chegar a 3% em 2023
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Depois do PIB (Produto Interno Bruto) "chinês" do primeiro trimestre, as projeções para o ritmo de crescimento da economia em 2023, que já tinham sido revisadas para cima, em relação às previsões do início do ano, terão de ser novamente alteradas para mais alto. Um avanço nas proximidades de 3% em 2023 pode vir a ser um novo ponto médio das projeções.
Se confirmado, será um resultado muito melhor do que a expansão de 0,8%, apontada no primeiro Boletim Focus de 2023. Mas, ao mesmo tempo, indicará redução do ritmo da atividade econômica nos demais trimestres do ano.
A economia avançou 1,9%, nos primeiros três meses deste ano, como divulgou o IBGE, nesta quinta-feira (1º). Se esse mesmo ritmo se mantivesse nos outros trimestres de 2023, o crescimento no ano iria bater em 7,8%. As previsões de expansão perto de 3%, pouco mais de um terço do crescimento anualizado do primeiro trimestre, mostra o tamanho da freada prevista daqui em diante.
Previsões para os demais trimestres sinalizam expansão pequena no ritmo de crescimento. Não significa que a economia vai recuar depois do impulso do primeiro trimestre, mas que os avanços se darão em velocidade menor.
Moderação da inflação, início de um ciclo de cortes nas taxas básicas de juros, redução das incertezas depois de aprovada a nova política fiscal e injeção de recursos pelo governo na economia, tudo isso contribuindo para aumentar a renda disponível, são fatores que podem alterar para melhor a evolução da economia.
Esse ambiente mais propício ao crescimento pode resultar numa reversão dos níveis negativos do investimento, o fator chave na sinalização da expansão econômica futura. No primeiro trimestre, houve recuo de 3,4%, levando a taxa de investimento da economia a 17,7% do PIB, abaixo dos 18,4% registrados em 2022, nível bastante insatisfatório para uma retomada da atividade.
De outro lado, a prevista queda no ritmo da economia mundial, o aumento do desemprego no Brasil, e a inadimplência em níveis recordes, tanto de pessoas físicas quanto de empresas, aparecem como elementos limitantes do crescimento.
O governo Lula pode atuar para mitigar os efeitos de alguns desses fatores limitantes. Um deles, por exemplo, já anunciado, mas em estado de hibernação, é o programa Desenrola, voltado à redução do endividamento e da inadimplência.
Com relação ao resultado do primeiro trimestre, a contribuição do novo governo se restringiu ao reforço ou retomada de programas de transferência de renda existentes. Ajudou, com isso, a garantir o pequeno avanço de 0,2% no consumo das famílias.
Praticamente todo o excelente crescimento do primeiro trimestre se deveu ao setor agropecuário. No segmento, a expansão, no trimestre em relação ao anterior, chegou a 21,6%, salto de um tamanho que não ocorria havia mais de 25 anos, desde o já longínquo 1996. Uma supersafra de soja é a principal explicação para o resultado excepcional.
O peso direto da agropecuária na economia é pequeno, em torno de 8% do PIB. Mas sua influência indireta é grande, chegando a 25% do PIB, de acordo com estimativas consistentes. Indústrias de insumos agrícolas e de alimentos, assim como transportes e comércio, formam o conjunto ampliado dos negócios impactados pela agropecuária.
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