Katherine Rivas

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Reportagem

Vale e Banco do Brasil brilham em recomendações de dividendos em maio

Imbatível e descontada, a Vale (VALE3) conquistou, pelo segundo mês consecutivo, a liderança entre as ações mais recomendadas para dividendos. A mineradora recebeu 11 recomendações de casas de análise, bancos e corretoras, segundo levantamento da coluna com 16 instituições. Foram citadas 54 empresas.

Além da Vale, na segunda posição ficou o Banco do Brasil (BBAS3), que avançou no ranking. O banco estatal reuniu 10 indicações. No terceiro lugar, ficou a BB Seguridade (BBSE3) com 8 recomendações. Dividindo a quarta posição estão Telefônica Brasil (VIVT3) e Petrobras (PETR4), com 7 indicações cada. E no quinto lugar, se encontram Itaú (ITUB4) e Bradespar (BRAP4) com cinco recomendações.

Veja o ranking completo abaixo

Vale: resultados moderados e desconto excessivo

Na visão de agentes de mercado, a Vale deve continuar entregando proventos elevados. As projeções estimam entre 8,88% e 10,8% de dividend yield para 2024. "Seu robusto pagamento de dividendos semestrais é um grande atrativo e uma forma de balancear nossa carteira de investimentos com uma empresa bastante sólida", afirma o analista chefe da Órama, Phil Soares.

Segundo analistas, a ação VALE3 estaria excessivamente descontada, muito abaixo da média histórica. Segundo o time de research da Ágora Investimentos, a ação VALE3 apresenta um desconto de 27% frente aos pares, contra uma média histórica de cerca de 15%. "Reafirmamos a presença de VALE3 na carteira", avaliam. A estimativa é de um retorno em dividendos de 8,9% neste ano.

Vale ainda pode sofrer com ambiente externo. Na visão de Bruno Lima, Luis Mollo e Marcel Zambello, analistas do BTG Pactual, a Vale deve enfrentar um ambiente desafiador a nível macro nos próximos meses, com os preços do minério abaixo das expectativas e deterioração do mercado imobiliário na China. Eles também lembram que a mineradora faz parte do Índice de Dividendos (Idiv) da Bolsa de Valores, a B3, que reúne boas pagadoras. Eles projetam um dividend yield de 10,8% para VALE3 em 2024 e 10,7% em 2025.

Apesar disso, o preço do minério de ferro deve ficar acima do patamar de US$ 75 a tonelada neste ano. Isso garante uma geração de caixa elevada e proventos robustos aos investidores. "Olhando para 2024, esperamos que o mercado de minério de ferro permaneça relativamente equilibrado", avaliam os analistas Ricardo Peretti e Alice Corrêa da Santander Corretora, principalmente diante de sazonalidade na produção no Brasil e Austrália. Eles esperam um retorno de 8,88%

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Apesar da queda no seu resultado trimestral, os analistas ainda seguem otimistas com a Vale. A mineradora registrou um lucro líquido de US$ 1,68 bilhão no 1° trimestre de 2024, queda anual de 9%, e um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de US$ 3,44 bilhões, abaixo do consenso de mercado. Mesmo diante dos resultados menores, houve um aumento nas vendas de minério de ferro e cobre.

Banco do Brasil: barato e resiliente

O Banco do Brasil (BBAS3) avançou posições no ranking das ações favoritas para renda passiva em maio, conquistando o segundo lugar. Em abril, o banco estatal dividia o terceiro lugar com a Telefônica Brasil (VIVT3). O banco estatal elevou seu payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) de 40% para 45% no começo deste ano.

É o maior do país. Os analistas da Guide Investimentos, Fernando Siqueira e Mateus Haag destacam que o Banco do Brasil é a maior instituição do país em termos de gestão de recursos, com mais de 20% de representatividade no mercado. No crédito ao agronegócio, a participação do banco estatal é de 55%, já no crédito consignado chega a superar os 21% de representatividade.

Também tem uma grande capacidade de distribuição, com 3.900 agências e 1.800 postos de atendimento. "O Banco do Brasil está presente em 96,6% dos municípios do país, além dos canais digitais com cerca de 21,9 milhões de clientes ativos", comentam. O dividend yield estimado da Guide para os próximos 12 meses é de 12%.

Força no agro é ponto positivo. "É importante ressaltar que, mesmo em caso de piora do cenário macroeconômico, acreditamos que o Banco do Brasil esteja em uma posição melhor, dada a sua exposição ao setor do agronegócio, que sustentou o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro nas últimas décadas", avaliam Ricardo Peretti e Alice Corrêa. Em relação a inadimplência, a expectativa é de um cenário controlado em 2024. Já sobre o risco político, a ingerência é menor do que o mercado considera, na visão dos analistas.

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Banco do Brasil não é mais a escolha de compra óbvia que era no começo de 2023, mas ainda há espaço para capturar bons retornos. Segundo Lima, Mollo e Zambello, do BTG, o DY deve ser de 11% para 2024; eles enxergam o papel negociando a 4,1 vezes preço sobre lucro (P/L). Para 2025, o retorno em dividendos esperado é de 11,2%. Na Santander Corretora, o BB não está mais tão distante dos pares privados em rentabilidade. Para 2024, a expectativa seria estreitar a diferença no valuation (avaliação) com os pares privados.

BB Seguridade: recuperação nos próximos meses

A BB Seguridade (BBSE3) teve lucro líquido de R$ 1,84 bilhão no 1° trimestre de 2024, alta anual de 4,7% em relação ao mesmo período de 2023. Contudo, em comparação ao quarto trimestre do ano passado, a queda foi de 10,3%. Os analistas da Genial Investimentos destacam que o resultado trimestral foi prejudicado pela unidade de Previdência, que teve um resultado financeiro fraco, mas tem melhoria prevista para o segundo trimestre.

Resultado depende da sinistralidade e dos indicadores. De acordo com Eduardo Nishio, Felipe Oller e Wagner Biondo, da Genial, a seguradora depende do controle da sinistralidade, principalmente no seguro agrícola, e a perspectiva de o IGPM (Índice Geral de Preços - Mercado) se descolar novamente do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o que impactará no resultado financeiro da empresa. Ainda, segundo a gestão da BB Seguridade, o desastre natural no Rio Grande do Sul não deve ter impactos decorrentes no resultado da seguradora.

Tem um bom retorno. "Enxergamos as ações BBSE3 com um dividend yield de 10,9% e negociando a valuation atrativo, com um preço sobre lucro (P/L) de 8 vezes para 2024", pontuam os analistas da Genial. A recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 44.

Na Ágora Investimentos, a expectativa é de que o segmento rural vai enfrentar um ambiente desafiador ao longo de 2024. Eles também esperam um resultado financeiro menor dada a queda dos juros, o que poderia impactar o crescimento dos resultados da BB Seguridade. Contudo, apesar destes impasses, a corretora considera que a ação está barata e calcula um rendimento em dividendos de 10,2% em 2024, o que justificaria sua presença na carteira de proventos da casa. O preço-alvo da Ágora é de R$ 37.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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