Katherine Rivas

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Reportagem

Qual é o melhor fundo ETF da Bolsa que paga dividendos na sua conta?

O número de ETFs (fundos de índice) que pagam dividendos ao investidor está crescendo no mercado brasileiro. Para quem não é adepto do stock picking (seleção de ações) já é possível encontrar quatro alternativas que permitem receber dividendos mensais.

O mais recente é o QQQI11, da Buena Vista Capital, cujo objetivo é mirar o índice Nasdaq e entregar dividendos acima de 1% ao mês por meio de opções. O ETF será lançado em junho.

Há também o It Now IDIV Renda Dividendos (DIVD11), do Itaú Asset, que vai replicar a carteira do tradicional Índice de Dividendos (IDIV) e também chega à bolsa em junho. Além deste, tem o Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11), do Nubank, que replica o índice Ibovespa Smart Dividendos.

Para quem prefere exposição aos Estados Unidos, o ETF o SPYI11, da Buena Vista Capital, preenche esta necessidade, investindo nas empresas que fazem parte do índice S&P 500. Ele tem como meta entregar dividendos de pelo menos 1% ao mês, por meio do uso de opções de compra.

Mas afinal, qual é a melhor alternativa do mercado? O que o investidor precisa conhecer sobre estes ETFs? Veja a seguir

O que é o IDIV?

Para quem nunca escutou falar do IDIV, este é o tradicional Índice de Dividendos da B3. É a principal referência do mercado quando o assunto é proventos. O IDIV foi criado em 2011. Podem integrar o IDIV as empresas que mais repassaram dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos seus acionistas nos últimos 36 meses e tiveram suas ações entre as mais negociadas da Bolsa nos últimos 12 meses.

"O índice mostra as ações com certa consistência na distribuição de dividendos nos últimos três anos. Não significa que o investidor vai ter proventos tão bons como os vistos no passado, necessariamente, mas é uma forma de filtrar as ações que tiveram esse histórico", afirma Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett.

O IDIV tem atualmente uma carteira com 53 ações de 49 empresas. E possui duas versões:

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  • A de retorno total, onde os proventos são reinvestidos - ou seja, incorpora tanto a variação dos preços das ações quanto a distribuição de proventos
  • O retorno de preço ou price return - que considera a distribuição diária de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) das empresas que o compõem

O índice está dividido em 10 setores e 21 subsetores. Entre os principais, estão Utilidade Pública e Energia elétrica (25,39%); Financeiro (14,24%); Siderurgia e Metalurgia (11,25%); Petróleo, Gás e Biocombustíveis (8,68%); Mineração (7,78%), entre outros.

Segundo dados do TradeMap, nos últimos cinco anos o IDIV teve um retorno total de 70,93%, superando com folga a rentabilidade do Ibovespa no período que foi de 32,77%. Já em 2024, até 24 de maio, o IDIV apresenta queda de 3,32%, enquanto o Ibovespa tem baixa de 7,36%.

Como investir no IDIV

O ETF It Now IDIV Renda Dividendos (DIVD11) replica a carteira do IDIV. Ou seja, com apenas um único produto o investidor poderá estar exposto a uma cesta de 49 empresas e 53 ações conhecidas pelo seu histórico de remuneração aos acionistas. O desempenho também tende a ser semelhante ao do índice.

O fundo também realiza o aluguel de até 70% da sua carteira. "Esse aluguel gera uma renda extra para o ativo, que também será incorporada ao provento. Isso é interessante porque você vai ter um dividendo um pouquinho maior do que teria se apenas recebesse o dividendo distribuído", afirma Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.

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O ETF DIVD11 possui uma taxa de administração de 0,50% ao ano. Os proventos pagos mensalmente ao investidor também não são isentos, há uma cobrança de 15% de imposto de renda sobre cada pagamento.

O DIVD11 remunera os seus acionistas sempre no 10° dia útil de cada mês. É possível investir no ETF a partir de R$ 50.

A simplicidade é um dos destaques do fundo. Leonardo Maranhão, analista e fundador da Vital Investimentos, diz que o investidor não precisa escolher quais ações comprar e quando. Por meio do ETF, ele consegue uma diversificação imediata, com baixo custo e pode receber os dividendos caso espere viver de renda.

Para Paletta, da Monett, o pagamento mensal de proventos também é atrativo, principalmente para os investidores iniciantes.

O problema é a tributação de 15% sobre os dividendos, principalmente para quem investe no longo prazo e pretende reinvestir o dinheiro. "O ETF é ineficiente tributariamente", destaca Maranhão. Atualmente, os dividendos são isentos de imposto de renda na bolsa de valores, enquanto os JCP possuem uma cobrança de 15% de impostos.

Duarte aponta também para a taxa de administração de 0,50% como risco. Embora não seja muito elevada, acaba influenciando na rentabilidade do ETF. Outra desvantagem, segundo Duarte, seria a escolha de ativos ruins, porque não necessariamente estar entre os melhores pagadores nos últimos três anos é sinônimo de que a rentabilidade presente e futura dos ativos em proventos será boa.

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NDIV11 olha para o longo prazo

O Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11) seleciona as companhias que mais tiveram um retorno em dividendos em um período de seis anos, explica Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

Além disso, o número de companhias que compõe o NDIV11 é inferior, de apenas 21 empresas, reforça. Diferentemente do DIVD11, O NDIV11 não replica o IDIV e sim o Ibovespa Smart Dividendos B3, ou seja, são selecionadas as melhores pagadoras do Ibovespa, principal índice da B3. O pagamento de proventos também ocorre mensalmente.

Além disso, o Ibovespa Smart analisa a recorrência dos pagamentos para definir o peso das empresas no índice. Geralmente, os que integram o Ibovespa Smart são os 25% primeiros dessa lista. Felipe Paletta, acredita que a carteira do Ibovespa Smart Dividendos é mais concentrada do que o IDIV, o que embora possa implicar um risco maior, também pode garantir um dividendo mais elevado.

Entre os cinco maiores pesos, as companhias são Isa Cteep (TRPL4), Cemig (CMIG4), BB Seguridade (BBSE3), Taesa (TAEE11) e Engie (EGIE3). O NDIV11 está dividido em empresas dos setores de utilidade pública, financeiro, comunicações, materiais básicos, consumo cíclico, Petróleo, gás e combustíveis. A taxa de administração do NDIV11 também é de 0,50%.

Há muitas semelhanças entre o NDIV11 e o DIVD11. A principal é a facilidade que proporciona ao investidor de se expor a empresas com histórico de pagar proventos. A taxa de administração de ambos ETFs também é a mesma.

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Contudo, alguns analistas têm preferência pelo NDIV11. Maranhão, da Vital Investimentos, avalia que o NDIV11 não olha apenas para o DY, e sim para a recorrência. Já Duarte, da Ticker, acha que pelo fato do histórico ser de seis anos, o índice NDIV11 possui regras mais criteriosas sobre as empresas que fazem parte dele. "É uma estratégia mais inteligente do que os outros índices. Um ponto positivo para o Nubank", observa.

Desde sua estreia em 29 de setembro de 2023, a valorização do NDIV11 foi de 16,37%, segundo dados do TradeMap. Já em 2024, o ETF acumula queda de 3,30%. Quando o assunto é dividend yield, em 2024 o retorno em dividendos oscilou entre 0,21% e 0,52% ao mês. Em 2023, o dividend yield esteve entre 0,24% e 1,66%.

SPYI11 para quem busca 1% ao mês no exterior

Para quem busca retornos acima de 1% ao mês apenas com dividendos, uma alternativa seria investir no Buena Vista US High Income ETF (SPYI11), da gestora Buena Vista Capital. O SPYI11 busca replicar o desempenho do índice NEOS U.S Equity High Income Index, que reúne empresas com alto potencial de gerar renda. Para isso, o fundo brasileiro vai comprar cotas de outro ETF listado no exterior, o NEOS S&P 500 High Income ETF (SPYI), que investe nas 500 maiores empresas dos EUA, entre estas Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia e Alphabet.

O fundo tem uma estratégia complexa: a venda coberta com opções do próprio índice S&P500, também chamado de "covered call". Com isso, o objetivo é ter essa outra fonte de lucros para distribuir aos acionistas. Duarte destaca que, alocando nos Estados Unidos, o investidor terá a proteção do dólar na sua carteira. "Teoricamente, você vai comprar ativos que operam majoritariamente na economia americana, que é uma economia mais resiliente e que cresce muito mais", observa.

O SPYI11 também paga proventos mensais, com cobrança de 15% de imposto de renda. Os pagamentos dos dividendos já são convertidos a reais na hora de cair na conta do investidor.

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A taxa de administração do ETF no Brasil é de 0,83% ao ano, mas considerando também a taxa do ETF comprado no exterior, o total pago pelo investidor é de 1,51%. Em 2024, o ETF pagou mais de R$ 1 por cota em proventos. O dividend yield variou entre 0,99% e 1,02%. Saiba mais do ETF nesta reportagem.

QQQI11 para quem quer 1% ao mês, de olho em Nasdaq

Com estratégia semelhante ao SPYI11, o objetivo do Buena Vista Nasdaq-100® High Income ETF (QQQI11) também é entregar mais de 1% ao mês aos investidores, mas mirando os ativos do índice Nasdaq 100.

O ETF segue o índice NDXHIEN, que por sua vez tem o objetivo de acompanhar o desempenho de outro ETF lá fora, o NEOS Nasdaq-100® High Income ETF (QQQI).

Setorialmente, o QQQI11 está presente nos segmentos de consumo discricionário, tecnologia, financeiro, indústria, saúde e imobiliário. Entre os principais pesos da cesta do ETF estão empresas como: Microsoft (8,65%), Apple (8,28%), Nvidia (5,18%), Amazon (5,01%), Meta (4.88%), Broadcom (4,45%), Tesla (2,78%), Alphabet (2,40%) e Costco Wholesale Corporation (2,30%).

Neste ETF, a Buena Vista também pretende usar opções de compra "covered call" para potencializar os ganhos e distribuir rendimentos maiores aos investidores todo mês.

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Os dividendos serão pagos mensalmente, todo sexto dia útil, e tributados em 15%. O ETF pode entregar um dividend yield anual de entre 12% e 15%, mas a meta da gestão é garantir 14%, que seria equivalente a mais de 1% ao mês, segundo a Buena Vista.

A taxa de administração do QQQI11 será de entre 0,83% e 1,51% ao ano. As cotas do ETF também possuem tributação de 15% para ganho de capital.

O ETF está disponível para investidores em geral. A liquidez é de dois dias úteis

O fundo não conta com proteção cambial e visa a exposição ao dólar, por meio de uma estratégia conhecida como "exposição cambial passiva". Desta forma, segundo a gestão, em um cenário de queda dos ativos do fundo, o dólar tende a subir, proporcionando mais uma proteção aos cotistas e diminuindo a volatilidade do ETF.

O ETF QQQI11 deve estrear na B3 no dia 20 de junho. A cota inicial está prevista para R$ 100. Saiba mais do ETF nesta reportagem

Vale a pena apesar dos 15% de tributação?

O grande empecilho dos ETFs que pagam dividendos é a tributação de 15% sobre os proventos. Mas o produto ainda consegue ser mais atrativo que uma renda fixa.

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Veja simulação feita por Inácio Alves, analista da Melver. Ele considerou um ETF que paga 1% ao mês versus um título púbico com juros semestrais e imposto de renda de 22,5%. Lembrando que a renda fixa tem IR regressivo, que diminui conforme o tempo em que o dinheiro fica investido e chega a 15% depois de dois anos.

  • Na simulação, para receber R$ 1.000 por mês no título público o investidor precisaria alocar cerca de R$ 160 mil. Os rendimentos seriam de R$ 7.742,00 no semestre, mas com a cobrança de 22,5% reduziriam para R$ 6.000 (equivalente a R$ 1.000 por mês).
  • No ETF, o aporte necessário seria de R$ 118 mil, com proventos de cerca de R$ 1.176,00, que após a cobrança de imposto de 15%, sobrariam R$ 1 mil. No ETF, o patrimônio necessário seria menor, de acordo com o cálculo.

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