Katherine Rivas

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Reportagem

11 ações que podem pagar dividendos acima da Selic de 10,5% ao ano

Com a Selic estacionada em 10,5% ao ano, há 11 ações na Bolsa brasileira que conseguem pagar um retorno em dividendos (dividend yield) superior à taxa básica de juros.

Nomes como Metal Leve, Vulcabras, Petrobras e Even lideram os rendimentos. A projeção é de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. É considerada a premissa de que as empresas devem manter a mesma política de distribuição de dividendos dos últimos 12 meses e ter um lucro igual ou maior ao registrado no último ano.

Quais ações podem pagar mais de 10,5% no próximo ano?

Veja qual é o retorno em dividendos (dividend yield) projetado para os próximos 12 meses:

  1. Metal Leve (LEVE3): 24,54%
  2. Vulcabras (VULC3): 19,95%
  3. Petrobras (PETR4): 17,64%
  4. Even (EVEN3): 16,61%
  5. Petrobras (PETR3): 16,35%
  6. Bradespar (BRAP4): 16,33%
  7. Copasa (CSMG3): 16,32%
  8. Auren (AURE3): 16,05%
  9. Gerdau Metalúrgica (GOAU4): 13,61%
  10. CSN (CSNA3): 12,45%
  11. Brasilagro (AGRO3): 12,20%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 30/07

Quanto estas ações pagaram no último ano?

Veja qual foi o retorno em dividendos (dividend yield) realizado nos últimos 12 meses. A diferença para o retorno esperado para o próximo ano também é decorrente do preço da ação nesse intervalo:

  1. Metal Leve (LEVE3): 17,66%
  2. Vulcabras (VULC3): 16,49%
  3. Petrobras (PETR4): 21,72%
  4. Even (EVEN3): 13,92%
  5. Petrobras (PETR3): 19,55%
  6. Bradespar (BRAP4): 12,88%
  7. Copasa (CSMG3): 17,80%
  8. Auren (AURE3): 13,57%
  9. Gerdau Metalúrgica (GOAU4): 10,65%
  10. CSN (CSNA3): 10,84%
  11. Brasilagro (AGRO3): 12,43%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 30/07

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Considere o histórico

Além de projeções, é muito importante o investidor levar em conta o histórico de remuneração. Isso serve para entender se os dividendos são recorrentes ou fruto de algum evento extraordinário e se tem potencial dessa remuneração se repetir. Rivero aconselha observar a mediana dos últimos cinco anos, para uma visão mais conservadora. Em companhias com menor tempo de Bolsa, foi calculada a mediana desde a abertura de capital.

Quanto essas empresas pagaram na mediana dos últimos cinco anos?

  1. Metal Leve (LEVE3): 13,16%
  2. Vulcabras (VULC3): 3,88%
  3. Petrobras (PETR4): 21,72%
  4. Even (EVEN3): 2,81%
  5. Petrobras (PETR3): 19,55%
  6. Bradespar (BRAP4): 12,88%
  7. Copasa (CSMG3): 12,40%
  8. Auren (AURE3): 12,07%
  9. Gerdau Metalúrgica (GOAU4): 10,65%
  10. CSN (CSNA3): 5,11%
  11. Brasilagro (AGRO3): 12,43%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 30/07

Quais são oportunidade no segundo semestre?

Entre as companhias que pagam dividendos acima da Selic, analistas consultados pela coluna apontam aquelas que podem estar atrativas para compra no segundo semestre. As mais citadas foram: Petrobras (PETR4), Vulcabras (VULC3) e Bradespar (BRAP4). Além destas, foram mencionadas Copasa (CSMG3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Auren (AURE3).

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Petrobras (PETR4)

A geração de caixa da Petrobras deve ser robusta no segundo semestre. Alguns fatores contribuem para isso, como o petróleo brent ainda em patamares elevados (em média US$ 80 o barril) e o dólar acima de R$ 5. Também estamos em um ciclo favorável para commodities.

Há diversas vantagens de investir na Petrobras para dividendos. Entre elas, é aplicar seu dinheiro na maior exploradora de petróleo em águas profundas do mundo, com expertise no segmento, geração de caixa robusta, boas perspectivas a longo prazo e dividend yield interessante, elenca Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.

A petroleira tem baixa necessidade de expansão. O foco do mercado estaria na necessidade de investimento que a companhia está começando a implementar. Aparentemente, o nível atual de investimentos estaria 30% abaixo das estimativas oficiais, diz Júlio César Vieira, especialista e contribuidor do TradersClub. "Isso pode reforçar a expectativa de que a geração de caixa vai ser maior que o projetado, além de ratificar o maior pagamento de dividendos pela empresa", avalia Vieira.

Bons pagamentos podem se manter. A Petrobras terá pelo menos dois ou três anos robustos pela frente com dividendos acima de 10%, avalia Felipe Moura, analista da Finacap. Duarte projeta um dividend yield (retorno em dividendos) entre 17% e 20% para as ações PETR4 nos próximos 12 meses. Já Vieira espera dividendos de 15%.

A companhia estaria barata, negociando a múltiplos 4,34 vezes preço sobre lucro (P/L) e 3,02 vezes EV/Ebitda. "Por conta dessa avaliação, ela é candidata a ser uma das melhores pagadoras da Bolsa em 2024", observa Moura.

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Já entre as desvantagens estaria o risco estatal, com possíveis interferências do governo, como já visto no passado. Duarte cita que ainda não se tem muita segurança sobre como será o trabalho da atual CEO Magda Chambriard. Outro risco seria o preço do petróleo, que se recuar demais, impactaria a geração de caixa da empresa e o dividendo.

Vulcabras (VULC3)

Dona das marcas Olympikus, Under Amour e Mizuno, a Vulcabras passou por uma série de reestruturações e unificação de marcas nos últimos anos até definir bem o seu nicho de atuação, lembra Renato Reis, analista da Blue3 Research. Ela pode se beneficiar com a expansão do segmento de corrida, prática esportiva que está crescendo em ritmo acelerado no Brasil, avalia Duarte, da Ticker.

Com um novo portfólio focado em calçados esportivos, começou a colher frutos a partir de 2019. "Atualmente, a margem de lucro da Vulcabras está entre as melhores que teve nos últimos 15 anos. A empresa também conseguiu vantagens tributárias ao reestruturar a operação", comenta Reis.

A Vulcabras possui ainda uma expectativa de distribuição de dividendos generosos ao longo de 2024. Isso porque a companhia tem uma política de não ter mais caixa do que dívida bruta, o que é ineficiente tributariamente, explica Lucas Uhlig, especialista e contribuidor do TradersClub. Atualmente, a capacidade de geração de caixa livre estaria acima de R$ 500 milhões, enquanto a dívida está ao redor de R$ 400 milhões.

Entre os pontos de atenção, Duarte cita a concorrência, com players como Adidas sendo mais agressivos e tomando mais mercado. Além disso, o fluxo de caixa da companhia não é previsível como outras empresas perenes, desta forma não há garantia de ter sempre pagamento de proventos, embora os pagamentos normalmente sejam trimestrais.

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Reis lembra que a companhia pagou um dividendo extraordinário, fruto dos recursos de um follow-on, neste ano, o que deve deixar o dividend yield no patamar de 14% a 15% em 2024. Contudo, para os próximos anos um patamar normal de distribuição de dividendos seria entre 6% e 7%. Para Duarte, a Vulcabras deve ter um retorno em dividendos entre 9% e 11% nos próximos 12 meses. Já Uhlig, espera proventos de 12%.

Bradespar (BRAP4)

A Bradespar é a holding que investe unicamente na Vale (VALE3) e por isso acaba mais exposta aos benefícios e riscos da mineradora. O investidor, contudo, consegue aplicar na Vale com um desconto extra ao investir na holding, aponta Reis, da Blue3 Research. O analista acredita que atualmente a Vale se encontra na metade do ciclo do minério de ferro, momento que seria ideal para a compra dos papéis. O dividend yield esperado para Bradespar para os próximos 12 meses é de 13,15%.

A Vale está ampliando sua distribuição de dividendos, além de ter planos de recompras de ações para remunerar acionistas, lembra Uhlig, do TradersClub. Considerando que o minério negocia acima de US$ 90 a tonelada e acreditando que não haverá aumentos consideráveis nas provisões para o desastre de Mariana, o especialista projeta um dividend yield de 11% para Bradespar para os próximos 12 meses.

Investidores interessados nos proventos da Bradespar devem acompanhar as discussões sobre troca de mandato da Vale. Além disso, possíveis revisões do plano estratégico da mineradora para comportar mais investimentos podem reduzir o lucro e, em consequência, as remunerações.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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