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Após usar 'fascista' e 'capiau', Lula precisa reconquistar agronegócio
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O mapa do Brasil após a apuração das urnas deste domingo (2) deixa claro: o agronegócio é majoritariamente bolsonarista. Apesar dos movimentos de reaproximação — Lula recebeu apoios importantes durante a campanha e escalou interlocutores de peso — as regiões onde o agronegócio é forte no país: Sul, interior de São Paulo e Centro-Oeste, estão pintadas de azul nos mapas que mostram os vencedores por regiões.
Há dois motivos principais para isso. O mais visível foram os escorregões que o ex-presidente deu na campanha, dificultando a reaproximação: ter chamado parte dos produtores de fascistas no Jornal Nacional, ter posado com o boné do MST — algo que não é novo, mas foi visto por fontes do setor como desnecessário —, e ter chamado o agricultor do interior de São Paulo de capiau.
Esse conjunto de declarações mal colocadas, e exploradas exaustivamente pelos adversários em cortes na internet, fez com que o setor não só tenha injetado recursos na campanha bolsonarista — a exemplo do que ocorreu em 2018 — como tenha votado majoritariamente no atual presidente. E, no caso do interior de São Paulo, também em Tarcísio de Freitas, apesar dos esforços do vice de Lula, Geraldo Alckmin, na região.
O segundo motivo é menos visível, mas muito discutido no Congresso Nacional. Do pouco do que Lula abriu do seu programa econômico de governo, há uma defesa contundente da reforma tributária. O agronegócio brasileiro, no entanto, tem enorme rejeição às propostas atualmente discutidas no Congresso. A equipe econômica que trabalha com Lula defende a PEC 110 como ponto de partida, e a avaliação do agro é que ela irá aumentar a tributação sobre o setor. A proposta não só não resolve os problemas atuais, da complexidade dos impostos, como irá aumentar os custos de produção, elevando os preços dos alimentos.
Assim que viu o resultado da apuração do primeiro turno, o presidente Bolsonaro sinalizou ao setor, com o claro objetivo de manter esse eleitorado ao seu lado no segundo turno.
"E a Argentina, por exemplo, 40% da população está na linha da pobreza. E as políticas adotadas lá como, taxação dos produtos agrícolas, isso foi... desestimulou, por exemplo, o agronegócio deles, e a inflação lá está com a projeção de 100% ao ano".
Fontes do setor ouvidas pela coluna dizem que Lula teria que fazer uma sinalização clara, uma "carta ao povo brasileiro", direcionada ao agronegócio. Os movimentos petistas nesta direção já começaram nesta segunda-feira (3), com os seus interlocutores para o agronegócio traçando estratégias para o segundo turno, esperando como primeiro movimento o anúncio do apoio de Simone Tebet (MDB) ao petista.
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