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Maior que Tesla, chinesa BYD mira no Brasil muito além dos carros elétricos
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Concorrente da americana Tesla, a chinesa BYD escolheu o Brasil como a sua porta de entrada para a América Latina ainda em 2015, e ao que tudo indica, será no governo Lula que encontrará terreno mais fértil para crescer.
A BYD não se restringe a veículos elétricos. Assim como a sua concorrente americana, é uma empresa de transição energética. Desenvolve, produz e vende chassis para ônibus elétricos, empilhadeiras e caminhões elétricos, painéis solares, baterias (que ela fornece para a Tesla, inclusive), inversores, além de investir em pesquisa e desenvolvimento.
Diferente de Bolsonaro, o presidente Lula colocou a transição energética como uma das prioridades do seu governo. E também em direção oposta ao seu antecessor, que chegou a estremecer as relações diplomáticas com declarações consideradas ofensivas, Lula enxerga a China como um parceiro comercial estratégico, tanto pelo volume de negócios, quanto pelo desejo do fortalecimento da cooperação sul/sul (a China é considerada um país do Sul Global, apesar de estar geograficamente no hemisfério norte. O Sul Global é um conceito de desenvolvimento, não apenas geográfico, formado pelos países em desenvolvimento da África, América Latina e Caribe, Ásia e Oceania, tanto grande economias como China e Brasil, quanto economias pequenas. Já o Norte Global é formado por países desenvolvidos da Europa Ocidental e América do Norte, além de Austrália, Israel, Japão e Nova Zelândia).
Os chineses têm apetite por novos mercados e vão aproveitar essa mudança de direção política para expandir no Brasil em várias frentes. A BYD não divulga o volume de investimentos no Brasil em 2023, mas está com 600 funcionários no país, três fábricas (chassis de ônibus elétricos, painéis fotovoltaicos e baterias) e se prepara para começar a montar carros elétricos em solo brasileiro.
Carros elétricos
Líder mundial em carros elétricos, desbancando a Tesla em vendas em julho de 2022, e em produção em janeiro de 2023, a chinesa quer aumentar suas vendas no Brasil. Para melhorar os números - o Brasil ainda avança a passos lentos rumo à eletrificação da frota na comparação com outros países- a BYD ampliou o número de modelos importados e vem aumentando a sua rede de concessionárias. No ano passado, a chinesa vendeu apenas 400 carros no Brasil. Quer aumentar para 10 mil este ano.
Apenas um de seus modelos será híbrido. Ter um modelo híbrido é uma forma de entrar no mercado brasileiro, ainda resistente aos 100% elétricos. O carro possivelmente terá a versão etanol + elétrico, em linha com o que deseja o governo Lula (aumentar o uso do etanol). Em outro movimento alinhado ao governo, que tem nas montadoras de carros seu berço político, a chinesa quer trazer parte da produção para solo brasileiro, e está na fase final das tratativas para assumir a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia. O cronograma de início da produção nacional ainda não está fechado, pois depende da consolidação do protocolo de intenções assinado entre a BYD, o governo baiano e a Ford.
Geração de energia solar
Na geração de energia, assim como suas concorrentes no Brasil, a BYD se beneficiou dos subsídios dados pelo governo à energia solar nos últimos anos, que fizeram a demanda por painéis explodir. Os painéis fotovoltaicos são produzidos desde 2017 em uma fábrica em Campinas, a empresa se tornou líder em produção no Brasil e doou recursos para a montagem de laboratório de pesquisa em eficiência energética na Unicamp.
Para manter as vendas em alta mesmo com a mudança na legislação brasileira (redução de benefícios), a chinesa vai inaugurar três centros de distribuição dos kits (solução completa de produção de energia solar), com o objetivo de reduzir o tempo de entrega e instalação e melhorar o pós-venda.
A ampliação do acesso da energia solar para as classes de renda mais baixa, algo que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defende, deve manter a demanda por painéis solares em alta no Brasil.
Mobilidade urbana
Foram os ônibus elétricos que trouxeram a BYD ao Brasil há oito anos, com a instalação da montadora de ônibus 100% elétricos, também em Campinas. Para abastecer a frota que circula em algumas cidades brasileiras, como Curitiba, a chinesa começou a produzir baterias de fosfato de ferro-lítio em uma fábrica em Manaus. A empresa também tem dois projetos de monotrilho no País, um em Salvador (VLT do Subúrbio) e na linha 17/Ouro em São Paulo.
Desafio
O maior desafio para a transição energética é a questão da mineração necessária para a eletrificação dos veículos e também para a infraestrutura de captação de energia solar ou eólica. Parte das baterias da BYD já são recicladas e há pesquisas para ampliar a reciclagem. O mesmo vale para os painéis, cuja durabilidade é de cerca de 25 anos.
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