Juro nos EUA reforça tendência de dólar alto, mas eleição também influencia
A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de elevar a taxa básica de juros nos Estados Unidos deve manter o dólar em alta a longo prazo, avaliam economistas. No Brasil, porém, o rumo da moeda norte-americana no curto prazo dependerá do resultado da eleição presidencial, em outubro.
A primeira reação do mercado financeiro mundial à decisão do Fed nesta quarta-feira (26) foi derrubar a cotação do dólar. A explicação para esse comportamento está no comunicado divulgado pelos membros do banco central americano após a reunião.
O Fed indicou o fim da fase de política monetária expansionista, o que sugere que os juros nos Estados Unidos estão mais próximos de uma taxa neutra, que corresponde àquela que não faz a economia reduzir seu ritmo nem acelerar.
“O Fed sinalizou que a taxa está próxima do nível neutro. Havia dúvida se haveria mais um ou dois reajustes nos juros neste ano. A mensagem deixou claro que será apenas mais um. Por isso é que o dólar perdeu força aqui e no resto do mundo”, declarou José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
“Parece que os dirigentes do Fed estão menos divergentes em relação aos próximos passos da política monetária, o que deixou o mercado mais tranquilo e trouxe esse alívio no preço do dólar no mundo todo, não só aqui no Brasil”, disse Victor Candido, economista da Guide Investimentos.
Por enquanto, o Fed prevê mais um aumento de 0,25 ponto percentual ainda neste ano e outros três ajustes de 0,25 ponto percentual ao longo de 2019. Nesta quarta-feira, o Fed subiu a taxa básica em 0,25 ponto, para o intervalo de 2% a 2,25%.
Tendência para o dólar é de alta no longo prazo
Apesar do alívio na cotação da moeda nesta quarta-feira, economistas acreditam que o dólar deve seguir em alta no mundo todo. A elevação dos juros nos Estados Unidos serve como estímulo para grandes investidores internacionais sacarem dinheiro de mercados arriscados, como o Brasil, e aplicarem em títulos do governo norte-americano, considerados extremamente seguros.
“Trata-se de uma questão de fluxo financeiro. Quanto mais o juro sobe lá, mais o dinheiro sai dos mercados emergentes. A tendência é que o dólar continue em alta no mundo todo”, afirmou o economista Alvaro Bandeira, da plataforma de investimentos Modalmais.
Eleições serão decisivas para o câmbio no curto prazo
Os economistas também avaliam que a taxa de câmbio no Brasil está “estressada”, ou seja, muito alta por causa da incerteza sobre quem vencerá as eleições presidenciais de outubro. A tendência para o dólar só se definirá quando o cenário eleitoral ficar mais claro.
“Se não houver nenhuma surpresa negativa, do ponto de vista do mercado financeiro, a tendência é que o dólar recue um pouco”, disse Gonçalves, referindo-se à preferência dos investidores pela vitória de Jair Bolsonaro (PSL).
Candido avalia que uma eventual vitória de Bolsonaro representa um “cenário neutro” para o câmbio. “O mercado deve conceder o benefício da dúvida a Bolsonaro, com o câmbio se mantendo na casa dos R$ 4. O melhor cenário seria a vitória de Geraldo Alckmin (PSDB), que poderia derrubar a taxa para perto do R$ 3,60. O pior quadro seria Fernando Haddad (PT) vencer, o que empurraria o dólar para R$ 4,60”, disse o economista da Guide.
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