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Ação da Vale cai mais de 22% após tragédia em MG e puxa queda da Bolsa

27.jan.2019 - Cidadãos observam dano causado pela lama que atingiu a região de Brumadinho (MG) após o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Vale - Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo
27.jan.2019 - Cidadãos observam dano causado pela lama que atingiu a região de Brumadinho (MG) após o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Vale Imagem: Cadu Rolim/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/01/2019 10h15Atualizada em 28/01/2019 17h43

As ações da mineradora Vale (VALE3) operavam em queda de mais de 22% nesta segunda-feira (28), na primeira sessão após o rompimento de uma barragem de rejeitos da companhia em Brumadinho (MG), na última sexta-feira (25). Por volta das 16h40, as ações caíam 22,42%, a R$ 43,53. Elas chegaram a ficar em leilão por 15 minutos pela manhã.

Nos Estados Unidos, as ADRs (American Depositary Receipts, na sigla em inglês) da Vale negociadas na Bolsa de Nova York operavam em baixa de 16,54%, a US$ 11,39. Na sexta-feira, quando a Bolsa brasileira estava fechada por feriado em São Paulo, as ADRs da Vale fecharam em queda de 8%, a US$ 13,66. 

A tragédia da Vale também afetava outras empresas na Bolsa. No mesmo horário, as ações da Bradespar (BRAP4), que possui uma fatia da Vale, caíam 24,43%, a R$ 26,45. Ligadas à área de mineração, a CSN (CSNA3) perdia 5,88% e a Usiminas (USIM5), 0,51%. 

O rompimento da barragem despejou milhões de metros cúbicos de lama na região do Córrego do Feijão, destruindo instalações da empresa e arrasando uma comunidade local. Dezenas de pessoas morreram e há centenas desaparecidas.

Bolsa cai mais de 2%

Pressionado pelas ações da Vale, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, operava em queda de 2,03%, a 95.697,03 pontos, também por volta das 16h40. A Vale tem forte peso no índice.

Vale suspende pagamento de dividendos e bônus

Após o desastre em Brumadinho, a Vale suspendeu sua política de remuneração aos acionistas. Na prática, a empresa decidiu não pagar dividendos e juros sobre o capital próprio, além de bônus a seus executivos. Em comunicado divulgado na noite de domingo, a empresa também informou que está suspensa qualquer deliberação sobre a recompra de ações. Não foi informado por quanto tempo vale a suspensão.

As decisões aconteceram em reunião extraordinária do Conselho de Administração da mineradora, que aprovou, ainda, a criação de dois Comitês Independentes de Assessoramento Extraordinário. Um dos comitês terá como objetivo acompanhar as medidas de assistência às vítimas e a recuperação da área atingida pelo desastre. O outro será voltado à apuração das causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem.

Mais de R$ 11 bilhões bloqueados

Nesta segunda, a Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de R$ 800 milhões da Vale para assegurar o pagamento de indenizações aos atingidos pela tragédia. O valor se soma a outros R$ 11 bilhões bloqueados em decisões anteriores. 

Sobre os bloqueios, a Vale disse que fará o depósito no valor de R$ 1 bilhão, sem necessidade de bloqueio judicial, e que está "avaliando as providências cabíveis" quanto aos dois bloqueios de R$ 5 bilhões cada. "A Vale entende que tais bloqueios não são necessários, uma vez que não se eximirá de suas obrigações de atendimento emergencial da população e reparações devidas", disse a empresa.

Mercado de minério de ferro

O desastre de Brumadinho criou incertezas para o mercado de minério de ferro da China, em um momento em que a procura produto brasileiro está aumentando, disseram vários operadores chineses nesta segunda-feira. A Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro com baixo teor de alumínio, o preferido das usinas chinesas devido ao seu baixo nível de impureza.

O desastre em Córrego do Feijão é o segundo incidente em uma mina da Vale desde 2015, quando uma barragem de rejeitos em uma mina da Samarco se rompeu e causou o maior desastre ambiental da história da mineração no país. A Vale é uma das donas da Samarco, junto com a australiana BHP Billiton.

A mina do Feijão corresponde a 1,5% da produção da Vale, disse Helen Lau, analista da Argonaut Securities. Quatro operadores chineses do setor disseram que há preocupação de que o fornecimento de minério brasileiro de alta qualidade possa ser reduzido se o governo decidir fechar outras minas da Vale para investigações adicionais de segurança.

Nesta segunda-feira, os futuros do minério de ferro subiram para o maior nível em 16 meses após a Agência Nacional de Mineração ordenar que a Vale suspenda as operações na mina.

O contrato do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Dalian, na China, chegou a subir 6%, para 567,5 yuans (US$ 84,23) por tonelada, maior nível desde setembro de 2017, antes de devolver parte dos ganhos e fechar com alta de 2,8%, a 550,5 yuans.

(Com Reuters)

Veja o caminho percorrido pela lama da barragem de Brumadinho

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