Dólar opera em alta, acima de R$ 4,50, e Bolsa chega a cair mais de 2%
O dólar comercial opera em alta pelo oitavo dia seguido e chega a passar de R$ 4,50, renovando a máxima recorde. Motivo: a disseminação do coronavírus para fora da China leva aos investidores temores de uma recessão econômica global.
Por volta das 13h40, o dólar comercial avançava 0,44%, a R$ 4,495 na venda. Ontem, o dólar fechou a R$ 4,475, novo recorde nominal (sem considerar a inflação). O dólar caminha para a mais longa série de altas desde 2005 e para fechar fevereiro com a mais forte valorização para o mês em cinco anos.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, recuava 0,90%, a 102.056,26 pontos.
"Mercados se preparam para mais um dia de quedas fortes, com investidores buscando reduzir o risco para o fim de semana", afirmou a Guide Investimentos, em nota a clientes.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Atuação do BC no câmbio
O Banco Central voltou a atuar nos mercados hoje, com a oferta líquida de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional, em que vendeu todos contratos, no equivalente a US$ 1 bilhão.
O BC também fez a rolagem integral de todos os US$ 3 bilhões ofertados em linhas de dólares com compromisso de recompra. O BC ofertará ainda nesta sessão até 13 mil contratos de swap cambial para rolagem do vencimento abril.
Temor com coronavírus no mundo
O mês de fevereiro chega ao fim com nova dose de pânico nos mercados devido ao coronavírus, provocando temores de uma provável recessão global e levando as ações dos mercados emergentes a níveis mínimos em 20 semanas.
O pânico relativo ao coronavírus já provocou um estrago de US$ 5 trilhões nos mercados globais. A Bolsa da China registrou o pior mês desde maio do ano passado, e as Bolsas da Europa operavam em queda. A busca por segurança levava os rendimentos dos títulos do governo dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo, a novas mínimas recordes.
Esperanças de que o surto que começou na China acabaria em alguns meses e de que a atividade econômica voltaria rapidamente ao normal foram destruídas nesta semana, com o número de casos internacionais disparando.
O Brasil registrou nesta semana o primeiro caso de coronavírus, em um homem de São Paulo que havia viajado à Itália. O total de casos suspeitos chegava a 132 no país nesta sexta-feira (28).
"O crescimento global começa a ser afetado pelo vírus, enquanto ainda se busca uma prevenção contra a doença", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "O crescimento do Brasil pode não ser alcançado devido ao impacto do surto, outros países emergentes podem ser prejudicados... Isso assusta todo mundo, e o investidor quer um porto seguro; alguns compram ouro e outros compram dólar."
As apostas agora são de que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, cortará os juros no país já no próximo mês, e de que outros bancos centrais seguirão o exemplo para tentar estimular suas economias.
De olho na política no Brasil
No cenário nacional, a política permanece no radar depois de o presidente Jair Bolsonaro reclamar que o Congresso não coloca em pauta projetos de autoria do governo e que o Judiciário toma decisões contrárias a medidas adotadas por sua gestão.
O governo vive uma crise após Bolsonaro compartilhar um vídeo convocando manifestações em seu apoio e contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).
(Com Reuters)
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