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Bolsa tem 1ª alta mensal, mas ainda perde 30% no ano; ouro lidera ganhos

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

30/04/2020 18h10

Resumo da notícia

  • Ibovespa sobe 10% em abril, mas ainda acumula baixa de 30% no ano
  • Dólar e ouro têm quarta alta mensal em 2020, em ambiente ainda dominado por incertezas
  • Sinalização de retomada da economia no segundo semestre reduz perdas na Bolsa

A Bolsa desencantou em 2020 e apresentou a primeira valorização mensal, de 10,25% em abril, após acumular perdas em todo o primeiro trimestre. O dólar e o ouro seguiram com a tendência de alta, com variações de 4,7% e 11,8%, respectivamente, ampliando os ganhos para aplicadores que têm esses ativos em suas carteiras.

Segundo profissionais de mercado, os desempenhos do dólar e do ouro mostram que o novo coronavírus ainda é o ator principal dos negócios e o fator que mais preocupa investidores em todo mundo. A incerteza sobre a retomada da economia no Brasil é maior por causa da crise política, o que mantém elevada a procura por ativos considerados reserva de valor em meio à crise.

Veja abaixo o desempenho em abril e no ano para uma lista de ativos selecionados pela empresa de informações econômicas Economatica.

Dólar e ouro ainda fortes

Segundo profissionais de mercado, ainda é cedo para apostar contra o dólar.

"Os Estados Unidos devem sair da crise antes dos demais. Então, o dólar deve continuar se fortalecendo. E o ouro continua se beneficiando das incertezas"
Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos, plataforma de assessoria financeira

Para o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, nas duas últimas semanas, diante de uma perspectiva de abertura gradativa da economia europeia, houve um ciclo de desvalorização do dólar frente a diversas moedas.

"Mas o Brasil não sentiu esse efeito de forma acentuada, pois o cenário político interno acabou contaminando o econômico",
Fabrizio Velloni, da Frente Correrora.

Bolsa reage

Segundo profissionais de mercado, a reação da Bolsa em abril é justificada por três motivos:

  1. Ações de empresas de setores que estão sofrendo menos com a crise tinham se desvalorizado demais, e isso já atraiu aplicadores que viram oportunidades de compra;
  2. A entrada em circulação de recursos que estão sendo injetados por governos em várias economias do mundo, inclusive no Brasil, para diminuir o impacto da pandemia sobre os negócios;
  3. A retomada da atividade econômica em alguns países, caso da China, e o anúncio de um cronograma para o relaxamento do isolamento em outros, na Europa e nos Estados Unidos.

"No mês de abril, a bolsa brasileira mostrou resiliência, mesmo após a grave crise política causada pela saída de Sérgio Moro do governo. O Ibovespa fechou o mês com uma rentabilidade muito parecida com a bolsas americanas",
Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo

Outras aplicações relacionadas a ativos reais, como fundos de investimento imobiliário, também tiveram recuperações em abril, conforme apontou a alta do índice Ifix, que acompanha as cotas de mais de cem fundos imobiliários negociadas na Bolsa.

Renda Fixa rende pouco

As aplicações em renda fixa que acompanham o CDI permanecem com ganhos muito baixos, por causa da taxa básica de juros, a Selic, em mínimas históricas. E essa tendência deve ser reforçada em maio, no próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

"O mercado de juros precifica para a próxima reunião do Copom, um corte entre 0,5 ponto percentual e 0,75 ponto percentual",
Stefan Castro, co-gestor de renda fixa da AF Invest

Mas com a inflação muito baixa em abril - a prévia do IPCA em abril ficou negativo em 0,1% - o ganho real de aplicações, como Poupança e Fundo DI, acabou sendo um pouco melhor.