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Dólar sobe a R$ 5,839 e Bolsa cai 1,84%, após saída do ministro da Saúde

Do UOL, em São Paulo

15/05/2020 17h04Atualizada em 15/05/2020 17h19

O dólar comercial fechou em alta de 0,33%, cotado a R$ 5,839 na venda, após ter operado em queda durante parte da manhã. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 1,84%, a 77.556,62 pontos.

O dia foi de grande instabilidade por causa da saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, que deixou o cargo menos de um mês após assumir a pasta no lugar de Luiz Henrique Mandetta. "O dia está absolutamente volátil; estamos falando de câmbio subindo e caindo, taxa de juros abrindo em alta e depois caindo e bolsa sem direção certa", disse Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.

Ontem, o dólar fechou em queda de 1,37%, a R$ 5,82 e o Ibovespa subiu 1,59%, a 79.010,81 pontos. Na semana, o dólar acumulou valorização de 1,73% e no ano, de 45,51%. O Ibovespa caiu 3,37% na semana e acumula perda de 32,94% no ano.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Saída do ministro da Saúde

Inicialmente, uma nota divulgada pela assessoria de imprensa do ministério informava que Nelson Teich pediu demissão. Pouco depois, porém, uma fonte da pasta disse que o agora ex-ministro foi demitido em uma reunião de última hora com Bolsonaro para a qual foi convocado nesta manhã.

A saída de Teich do ministério vinha sendo cogitada há alguns dias. Um dos nomes cotados para assumir o comando do Ministério da Saúde é justamente o atual número dois da pasta, o general de divisão Eduardo Pazuello.

Nelson Teich já é o segundo ministro da Saúde a cair em plena pandemia do novo coronavírus. Mandetta, que estava no cargo desde o início do governo Bolsonaro, deixou o Ministério da Saúde no dia 16 de abril, colocando fim a uma gestão marcada pelo embate com o presidente sobre o combate à covid-19.

A defesa do ex-ministro para que o país seguisse as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para brecar a proliferação da doença no país gerou atrito com Bolsonaro, que é a favor da tese de que a economia não pode parar e que apenas uma parcela da população deveria ficar em isolamento. O apoio público do presidente para o uso da cloroquina também foi outro motivo de discordância entre os dois.

Prévia do PIB tomba

Da cena local, além dos balanços de empresas, o cenário político continua no radar, assim como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que retraiu 5,90% em março ante o mês anterior —menos do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 6,95%.

"Evidentemente, o indicador reflete a primeira parte da retração da economia em consequência as medidas de isolamento social implementadas desde meados de março. Esperamos continuidade do movimento na próxima leitura", afirmou Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais.

Instabilidade

Em 2020, o dólar acumula alta de mais de 45%, deixando a moeda brasileira com o pior desempenho este ano entre mais de 30 moedas.

Nesse contexto, ainda que seja um cenário longe de qualquer consenso, há no mercado uma corrente que avalia os riscos de um dólar perto de R$ 6 para a inflação.

O nível próximo de R$ 6 por ora não causa pressões de preços, mas analistas do Morgan Stanley avaliam que isso pode mudar à medida que a situação fiscal se deteriora.

A redução sucessiva dos juros brasileiros a mínimas históricas tem sido fator importante para a disparada do dólar, uma vez que afeta rendimentos atrelados à taxa Selic e torna os investimentos locais menos atraentes quando comparados aos de países com risco até menor e juros ainda mais altos.

Os efeitos desse ponto são agravados no câmbio pelas consequências econômicas da pandemia de coronavírus e pelas crescentes tensões políticas no Brasil.

* Com Reuters