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'Prévia' do PIB recua 5,9% em março; queda é de 1,95% no 1º tri, diz BC

Do UOL, em São Paulo

15/05/2020 09h07Atualizada em 15/05/2020 12h05

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma "prévia" informal do PIB (Produto Interno Bruto), terminou o primeiro trimestre com recuo de 1,95% em relação aos três meses anteriores, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central. É a maior queda trimestral desde o segundo trimestre de 2015 (-2,34%).

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará os dados oficiais do PIB do primeiro trimestre em 29 de maio.

Somente em março, houve queda de 5,9% em relação ao mês anterior, com o reflexo das medidas de isolamento social determinadas em todo o país para o combate ao coronavírus. Foi o pior resultado da série histórica do índice, iniciada em 2003.

Na comparação com março de 2019, o IBC-Br apresentou perda de 1,52% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 0,75%, segundo números observados.

Abril deve ser pior

Embora o fechamento de indústrias e empresas no Brasil, além da determinação que as pessoas fiquem em casa, já tenha afetado a economia em março, os impactos devem ser ainda mais pronunciados em abril.

Em março, o período de confinamento não compreendeu todo o mês e variou em todo o país, sendo intensificado no fim do mês.

"O resultado da atividade real no primeiro trimestre de 2020 foi fraco, mas não representa o cenário para a economia já que o impacto da Covid-19 foi sentido principalmente durante a segunda metade de março", ressaltou Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs. Ele calcula queda de 1,4% do PIB no primeiro trimestre sobre o período anterior.

"Além disso, a atividade também será negativamente impactada pelo forte aperto das condições financeiras domésticas, rápido enfraquecimento da demanda externa e deterioração do comércio", completou.

Queda dos três setores

A produção industrial do Brasil despencou 9,1% em março na comparação com o mês anterior, indicando ainda mais perdas para o mês seguinte.

Já o setor de serviços do Brasil apresentou em março o maior recuo na série histórica diante do isolamento social, de 6,9% em relação a fevereiro.

Por outro lado, as vendas de supermercados e artigos farmacêuticos limitaram as perdas do varejo brasileiro no mês, que registrou recuo de apenas 2,5%.

Piora nas previsões

A atividade econômica do país chegou a dar sinais positivos no começo do ano, mas todo esse cenário foi desmantelado pelas consequências da pandemia em meio a férias coletivas, paralisações, menor demanda e isolamento social.

Nesta semana, o Ministério da Economia passou a projetar encolhimento do PIB em 2020 de 4,7%, contra alta de 0,02% vista em março. Esse seria o pior resultado da série história que começou em 1900.

Por sua vez, o BC destacou que vê queda forte do PIB na primeira metade deste ano, seguida de uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.

Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros (Selic) acima do esperado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

A pesquisa Focus mais recente do BC mostra que o mercado já prevê contração de 4,11% para a economia este ano.

IBC-Br

O indicador do BC é visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB. Ele é divulgado mensalmente pelo Banco Central, enquanto o PIB é divulgado a cada três meses pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2019, a economia brasileira teve crescimento de 1,1%.

O IBC-Br serve de base para investidores e empresas adotarem medidas de curto prazo. Porém, não necessariamente reflete o resultado anual do PIB e, em algumas vezes, distancia-se bastante.

O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços).

A estimativa incorpora a produção estimada para os três setores, acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.

* Com informações da Reuters