Dólar recua 3,23%, maior queda em 2 anos, e vai a R$ 5,21; Bolsa sobe 2,74%
O dólar comercial fechou em queda de 3,23%, vendido a R$ 5,21, menor valor desde 14 de abril (R$ 5,191). Foi a maior queda diária desde 8 junho de 2018.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,74%, a 91.046,38 pontos, maior nível desde 10 de março (92.214,47 pontos).
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Reabertura gradual da economia
A sessão desta terça-feira foi marcada pelo apetite por risco no exterior. A reabertura gradual das principais economias e a desaceleração da curva de contágio por covid-19 na Europa e nos Estados Unidos elevavam as esperanças de recuperação ante a crise atual.
Protestos raciais pelo mundo
Nos EUA, os investidores pareciam deixar de lado momentaneamente os protestos raciais em resposta ao assassinato de George Floyd por um policial branco, que vêm acontecendo diversas cidades norte-americanas.
"Mesmo com (toda a inquietação social nos Estados Unidos), os investidores focam a atenção aos ciclos de reabertura e retomada da atividade econômica em diversas localidades e os possíveis efeitos no curto prazo, principalmente no verão do hemisfério norte", escreveram analistas da Infinity Asset.
Mas, segundo a Infinity, a agitação política deve continuar no radar dos mercados no curto prazo, nos EUA e no Brasil. "Eis que novamente a política exerce poder sobre o mercado e, tanto aqui quanto nos EUA, deve ser o foco nas próximas semanas, devido ao imbróglio político local e à série de protestos que podem enfraquecer (o presidente dos EUA, Donald) Trump."
Incertezas políticas no Brasil
No Brasil, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou na noite de segunda-feira o pedido feito por partidos políticos para que o celular do presidente Jair Bolsonaro fosse apreendido no âmbito do inquérito que investiga se ele tentou interferir politicamente na Polícia Federal, e fez um alerta ao presidente de que descumprir ordens judiciais implica em crime de responsabilidade.
As tensões recentes entre os poderes Executivo e Judiciário foram apontadas por analistas como fator de impulso para o dólar no ano, que acumula alta de mais de 30% contra o real em 2020. As incertezas políticas, somadas a um ambiente de juros baixos e crescimento fraco, prejudicam as perspectivas de investimento estrangeiro no Brasil.
Ainda assim, a moeda norte-americana já teve perdas significativas desde que ficou a poucos centavos de bater a marca de R$ 6, em meados de maio.
* Com informações da Reuters
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